Ele teve uma origem muito simples.
Seus pais, como tantos, vieram do interior para uma grande cidade, sem formação
superior, aprenderam uma profissão, trabalharam, criaram uma família. Procuraram
dar para os seus filhos aquilo que eles não tiveram - estudo. Imaginavam que assim eles teriam
maiores oportunidades e facilidades do que tiveram. Verdade.
Entretanto, o que eles legaram para
seus filhos, mais do que tudo, foi a consciência de que eram capazes de
qualquer coisa, que tinham uma origem especial e uma força que sempre os ajudaria, em qualquer
situação. De onde tiraram isso, não se sabe, mas acreditavam e passaram para
eles.
Sempre ajudaram a todos que
precisaram, sem medir esforços. Quantas vezes, ao chegar em casa ele
encontrava uma família, às vezes estranha, com seus móveis
espalhados pelos ambientes – haviam perdido a sua própria casa e, momentaneamente não tinham para onde ir. Eram ali recebidos, acolhidos. Ali também frequentemente havia uma pessoa hospedada; alguém que havia vindo do interior, que estava
sendo orientada por eles para conseguir colocação, começar uma nova vida aqui
na cidade. Ocorreu até com pessoas de outros países, imigrantes italianos, como
foram os pais do pai dele.
Mesmo com todos os gastos e desprendimento
natural, nunca faltou dinheiro na casa. O pai, fez dois negócios significativos na sua vida, aconselhado
e orientado por amigos. Comprou um grande terreno na periferia da cidade, e um
pequeno apartamento no bairro com o qual eles sempre se identificaram - bairro onde
eles ficaram pela primeira vez, quando aqui chegaram.
Esse terreno e apartamento doaram para seus filhos ainda em vida, por
isso sou por aquilo. Esses imóveis, mais tarde, foram vendidos e serviram de base para os filhos
poderem comprar cada um o seu próprio,
para viver com suas famílias, sem precisar pagar aluguel.
Ele e os irmãos, e todos que os conheceram, cuidaram dos pais
na velhice, e nunca lhes faltou nada, até o fim.
Procurou viver observando os
princípios com os quais foi criado, tendo sempre fé que no final tudo daria
certo. Procurou ser justo com as pessoas e nunca negou ajuda
para quem precisasse, desinteressadamente.
Quando passou dificuldade sempre alguém se aproximou e o ajudou. Sentia
esse carinho, mesmo por parte de quem nunca tinha ajudado. Por que isso acontecia?
Muitos afirmaram que viam nele um ser
especial, iluminado. Sempre de bem com a vida, mesmo nos momentos mais difíceis. Ponderado, bem humorado, procurava ser útil,
mesmo quando, muitas vezes, precisava mais do que nunca de ajuda. Ajuda que sempre acabava vindo. Ele às vezes nem acreditava, pois não havia um explicação lógica para algumas.
Por exemplo: Estava já há seis meses
sem poder pagar a faculdade. O diretor
lhe chamou e lhe disse que sentia muito, mas que não tinha mais o que fazer. Ele
precisaria fazer o acerto, senão não poderia concluir o curso. Então,
ocasionalmente, ele soube de alguém precisava
vender uma propriedade rural e, paralelamente, soube de alguém que estava
procurando um imóvel assim para comprar. Fez a venda, recebeu uma comissão que
nem chegou a entrar na sua conta bancária – foi direto para pagamento da
faculdade. Ele nunca havia feito algo assim. Numa outra vez, por sugestão da
esposa, foi visitar uma casa para comprar. Assim como toda a família, adorou a casa, o lugar. Quando iam saindo, sua filha mais nova, de três anos, do
banco de trás do carro, lhe perguntou: ‘- E então, o que você achou?’ Ele
respondeu que havia gostado muito, mas que não havia chance; não tinha como pagar o que estava sendo
pedido. Então, a filha lhe disse ‘-Se você quiser mesmo, você consegue’. Ele considerou essa fala meio profética,
vindo da boca de uma criança. Acreditou, foi e frente, e tudo deu certo até o
final. Haviam essas e outras histórias que
tinham em comum o inacreditável.
A explicação para o inacreditável que
lhe ocorreu é que havia uma espécie de banco de energia, que ficava em algum
lugar. Nesse banco as pessoas depositavam suas energias positivas – geradas pelas suas
boas ações, debitavam as negativas, e resgatavam o saldo necessário quando precisassem. Esse banco era comum para todos, embora elas
não tivessem consciência disso. As energias positivas
poderiam e eram utilizadas por quem precisasse; a ajuda necessária viria através de qualquer um, às vezes
estranhos, na forma de uma coincidência, inspiração,.... Quanto maior o crédito de cada um, maior a
possibilidade de ajuda. O importante era não ficar fazendo a contabilidade, ou contar com a ajuda desse mundo paralelo. A energia, para ser positiva, para ser creditada, precisava ser gerada
desinteressadamente, motivada principalmente pelo amor e carinho pelo próximo. E a ajuda, ocorreria espontaneamente, no seu tempo e forma.
Pensando assim, continuou sendo como sempre foi, observando os princípios que lhe foram passados, e que também procurou passar para a sua família.
E tudo, no final, deu certo, tanto
para ele como para os seus, como sempre.
Pensando assim, continuou sendo como sempre foi, observando os princípios que lhe foram passados, e que também procurou passar para a sua família.