"Um novato em luta de galos -
rinha, antes do início de uma luta perguntou para um frequentador habitual:
¾
Entre
o galo branco e o preto, qual é o bom? Ele respondeu:
¾
O
branco.
Ele apostou tudo no branco. A luta
começou e o preto, rapidamente, lutou, dominou, 'detonou' o branco. Venceu a
luta. O apostador perguntou:
¾
Você
não disse que o bom era o branco?
¾
Sim,
eu disse. O preto era o mau ....'
A conclusão dessa estorinha caracteriza
um fato que tem preocupado estudiosos da ciência social já há algum tempo. O
mal, pelas suas próprias características, e por vivermos numa sociedade extremamente competitiva e
agressiva, tem mais chance de prevalecer no confronto com o bem.
Além disso, quem pratica o mal está
sendo mais valorizados pelos demais. O
mal atrai mais a atenção do que o bem. Provavelmente pelo seu inusitado, pelo
comportamento extravagante dos seus agentes, que o praticam de maneira tão
casual. Essa ‘casualidade’ em relação ao
efeito chocante e destrutivo, é o que fascina – claro que não aos que estão
diretamente envolvidos, as vítimas .
A impressão que fica é que quem
pratica o mal julga que não precisa justificar nada a ninguém, considerando
quem eles são - suas origens e
causas. Se eles fazem o que fazem, é
porque é necessário; se pessoas são
prejudicadas, é porque estavam no seu caminho, e por aí vai. Eles não têm consciência dos monstros que se
tornaram. Passam a considerar o seu comportamento como a coisa mais natural do
mundo. E o pior, é que os demais também. Passam a aceitá-los, porém evitando-os, desviando-se do seu caminho,
prevenindo-se. E' o que Hannah Arendt
chamou de ‘a banalidade do mal’.
Está certo isso? Considerando que nada
é tão ruim que não possa ficar pior, entendo que a sociedade precisa reagir e
tentar reverter essa situação. Como? Essa é uma missão olímpica, sem fórmula certa
para o sucesso. Mas, estudando as causas, podemos chegar a um caminho que
poderia ajudar a alterar a tendência atual. Por exemplo:
1.
Por
que as pessoas passaram a considerar o mal mais normal do que o bem? Porque o comportamento da maioria não é
voltado para o bem. E o pior é que elas
nem sabem disso, tão habituadas estão a viver assim. Há necessidade de se resgatar valores antigos,
baseados em princípios cristãos, de respeito e amor ao próximo, com todas as
suas decorrências.
2.
Como
resgatar os valores antigos? Isto demandaria um campanha do tipo que foi feito
para estimular as pessoas a pararem de fumar, a utilizar o cinto de segurança
nos seus automóveis, ...
3.
Como
isso poderia ser feito? Assim como existiram órgãos públicos que coordenaram as
campanhas mencionadas, totalmente impopulares mas que deram certo, deveria existir um específico para tratar de
‘Ética e Cidadania’.
4.
Como
funcionaria esse órgão? Seria composto
por técnicos especialistas, independentemente de ideologia política ou crença
religiosa, que inicialmente definiriam
os parâmetros comportamentais de uma sociedade ideal. Na sequência:
a.
Definiram
as características atuais da sociedade brasileira.
b.
Estabeleceriam
um paralelo, definindo as curvas divergentes da sociedade brasileira em relação ao projeto ‘Sociedade
Ideal’.
c.
Definiram
as prioridades a serem objeto de uma ação corretiva, considerando a sua gravidade e predominância, determinadas na avaliação (a,b)
d.
Desenvolveriam
e implantariam uma campanha corretiva
focada nos pontos prioritários, a nível regional inicialmente. E, após
avaliação de resultados e eventuais adaptações, a nível nacional.
e.
Na
sequência, os demais pontos iriam igualmente sendo alvo de campanhas
corretivas. Paralelamente, seriam avaliados os resultados alcançados e feitas reciclagens, para não se perder o já conquistado.
Essa proposta tem uma vantagem
adicional que é a seguinte: Os estudos que fossem feitos, muito provavelmente
definiriam a causas sociais determinantes para ocorrência das ações que devem
ser combatidas. Essas causas hoje já são conhecidas, mas não em profundidade, e
não lhes é dada importância que mereceriam por parte sistema, considerando as
suas consequências.
Esse órgão ‘Ética e Cidadania’
poderia realizar um estudo mais aprofundado dessas causas, considerando sua
relevância. Esses estudos, definiriam qual é o problema, dariam o diagnóstico – causa e efeito -, e sugestões profiláticas, para minimizar o problema ou eliminá-lo. Quando concluídos, seriam encaminhados para
os órgãos públicos responsáveis pela área envolvida: Educação,
Saúde, Trabalho,... Esses órgãos, por sua vez, iriam desenvolver
e viabilizar a implantação de projetos de solução, no seu âmbito de atuação.
No finalmente, causas básicas
eliminadas, a sociedade mais consciente e educada, certamente no prazo de uma ou
duas gerações, teríamos como resultado um país mais preparado para enfrentar as
adversidades próprias do mundo atual, e percorrer o caminho que o levará para o
seu melhor futuro
Simples assim. Utopia? Talvez. Mas, qual sonho que não o é? Por outro lado:
"Os sonhos são apenas sonhos,
ou são a percepção de uma vida passada, ou futura, que se manifesta agora,
neste mesmo momento?"