Hoje, véspera do feriado prolongado
de Páscoa, muitas pessoas anteciparam suas viagens para evitar o congestionamento
das estradas. Mas, nem todos. Alguns, como ele, tiveram que trabalhar e, enfrentar o trânsito piorado das ruas e
avenidas da grande cidade para se deslocar para cá e para lá. Entretanto, nesse
mais parado do que em movimento, ele teve oportunidade de presenciar duas cenas
muito parecidas que o levaram a refletir.
Numa delas, um menininho, desses simpáticos,
que vendem balinhas nos cruzamentos, passou oferecendo seus ‘produtos’. Ele,
como a maioria dos que estavam parados aguardando o farol abrir, não comprou. Porém, um dos motoristas buzinou
chamando o garoto e lhe deu uma bela bola de futebol, dessas que ele certamente não poderia comprar. Ficou tão feliz que nem gradeceu direito. Saiu correndo e foi
mostrar para a mãe e as irmãs que estavam sentadas num gramado, numa praça
próxima. Chegou jogando as balinhas de qualquer jeito, mostrando a bola como
alguma coisa muito especial, surpreendente.
Na outra, agora já num outro farol, um vendedor vendia qualquer coisa, que ele nem prestou atenção ao que era, e já
disse não. O motorista do carro da frente, um cara alto, atlético, num carro
esporte conversível, desceu ao ser interpelado pelo rapaz. Todos ficaram meio
que assim, esperando alguma atitude diferente.
E foi diferente mesmo. Ele, que havia saído do carro, se agachou na
direção do banco traseiro, e pegou de lá uma caixinha, do tamanho de um ovo de
páscoa médio, e a deu ao rapaz. O rapaz ficou super feliz e saiu agradecido, continuando na sua lida. O motorista provavelmente deu a ele um presente que ele
mesmo recebeu e não precisava, ou um presente que comprou para dar para seus
funcionários, sei lá.
Então, ele pensou duas coisas:
Primeiro - aqueles que receberam os
presentes, foram surpreendidos positivamente pois estavam acostumados, ao invés
de receberem agrados, a serem maltratados; ao invés de ganharem coisas, que
lhes tirassem o pouco o que tinham. Esses presentes foram tão significativos
que certamente ficarão para sempre registrados em suas mentes, e influenciarão
suas decisões e ações futuras.
Segundo - ‘Por que? Por que num mesmo dia ele viu a mesma cena que não se recordava de ter visto
antes?’ A resposta natural é: ‘Porque hoje é Páscoa’. Como poderia ser: ‘Porque
hoje é Natal’, ou outra comemoração qualquer.
As pessoas ficam melhores nesses dias?
Não. As pessoas são o que são todos os dias; ninguém muda por conta do
calendário.
Em resumo, concluiu que é necessário resgatar mais frequentemente a fé e esperança desses pobres, oprimidos. E mais, ao contrário do
que todos dizem, as pessoas são boas na sua essência. O que falta é terem
consciência disso, e passarem a dedicar seu tempo, talento para modificar o que
tem que ser modificado nessa parte, dentro dos seus limites, do seu âmbito de
atuação.
Isso teria um efeito de transformação muito grande, principalmente se praticado pelos mais poderosos, por aqueles que têm a capacidade de fazer algo mais efetivo para que esses carentes se superem, possam sair dessa vida miserável de dependência da caridade alheia, e passar a ganhar sua subsistência como de direito - como um assalariado, ou como dono do seu próprio negócio. Aqueles que, em decorrência, forem incluídos socialmente, poderiam por sua vez, contribuir também para modificar a vida daqueles que ainda vivem como eles viviam, criando assim uma recorrência virtuosa.
Pensando assim, seguiu o seu caminho,
com a cabeça já focada nos seus próprios problemas.
Isso teria um efeito de transformação muito grande, principalmente se praticado pelos mais poderosos, por aqueles que têm a capacidade de fazer algo mais efetivo para que esses carentes se superem, possam sair dessa vida miserável de dependência da caridade alheia, e passar a ganhar sua subsistência como de direito - como um assalariado, ou como dono do seu próprio negócio. Aqueles que, em decorrência, forem incluídos socialmente, poderiam por sua vez, contribuir também para modificar a vida daqueles que ainda vivem como eles viviam, criando assim uma recorrência virtuosa.