Quando deixamos de esclarecer alguma lenda,
algum Conto de Fadas, para uma criança, o fazemos para preservar a sua visão de
um mundo encantado e infantil, no qual sempre há um final feliz, no qual o bem
prevalece sobre o mal. Será que estamos
agindo corretamente? No fundo, no fundo,
estamos preocupados com elas ou conosco mesmo? Afinal, esse mundo não é o das
crianças. É o mundo de sonho dos adultos. Para pensar.
Para uma criança, Deus é o Papai
Noel. Ele é poderoso, é eterno – no
sentido que sempre existiu e continuará a existir - e que a sua aparência não muda,
independentemente do tempo passado. Faz coisas que nem podemos imaginar e
mora em algum lugar que ninguém nunca viu ou conseguiu chegar, e seus ajudantes
são seres ‘encantados’, extraordinários. Se ela, criança, for ‘boazinha’: estudar, respeitar
os mais velhos, não brigar com as coleguinhas, dormir e acordar na hora certa,
obedecer pais, mães e professores, etc., será premiada, ganhará presentes. Está certo.
A pintura de Shelagh Duffett acima, retrata vários gatos sentados em uma cerca, no campo, sob uma noite estrelada. Todos estão olhando para uma grande lua cheia. A lua retratada tem a forma de um grande gato, todo aconchegado,
dormindo no céu, com estrelas brincando ao seu lado. O fato é que
aquela lua, aquele céu, são vistos diferentemente pelos seres humanos. Por que? Porque, na tela, estão sendo vistos pela perspectiva, pelos olhos, dos gatos. Então, está certo.
Os seres humanos, à sua maneira, também têm essa visão limitada das coisas. É comum
apressadamente se julgar indivíduos e fatos, com base na experiência e no conhecimento
pessoal. Entretanto, nem sempre essa experiência e conhecimento são suficientes, mesmo porque não são
absolutos.
A experiência, a verdade ou o
conhecimento absoluto, ficam, figurativamente, no topo de uma montanha inacessível.
Sempre se tenta alcançá-los, porém nunca se consegue chegar lá. Para avançar e se aproximar um pouco mais, há necessidade de se estar preparado, ter determinação e coragem, para
percorrer e superar os muitos caminhos e dificuldades, próprios dos lugares de
difícil acesso. O acesso é tão difícil, que muitos necessitam parar no meio do percurso. Nesse caso, se eles compartilharam ou registraram o que conseguiram intuir, aprender, até então, eventuais companheiros de jornada poderão dar continuidade ao seu trabalho.
As pessoas mais evoluídas, as mais sábias, são as mais
humildes. Elas têm claro para si que, independente da busca incessante pelo conhecimento,
sabem muito pouco de quase nada, face à
imensidão do universo a saber. Entretanto, estão sempre atentas para aproveitar
todas oportunidades que surgem para evoluir, para aprender.
Entendem que o conhecimento pode
estar nas pequenas coisas; coisas que, às vezes, passam despercebidas para a
maioria. Têm consciência de que:
"Nada nem ninguém vai embora, sem
antes nos ensinar algo que precisamos saber."