Guilherme veio a mim, pediu um
cigarro. Desculpe Guilherme, eu não fumo (e você também não deveria; mas quem
sou eu pra julgar?).
Guilherme sentou um pouco longe, e,
tremendo de frio, encolheu-se e cobriu-se com seu cobertor cor de vinho. Havia
mais gente por ali, e ele interagia com as pessoas:
"meninas, como vocês estão bonitas. estou
com fome, têm um trocado pra me dar?", e
"tio me dá uma
moeda.", foram algumas das frases
dele.
Uma grupo de moças estava gravando um
vídeo por ali. Elas foram até uma lanchonete fast food ao lado e, na volta, deram ao Guilherme
um lanche. Uma delas ainda teve o carinho de abrir o canudo e colocar no copo
de refri.
Guilherme agradeceu e gritou
"vão com Deus, meninas. Obrigado!". Estávamos ali sentados, lado a lado, e o Guilherme pediu:
"Tio, tira uma foto minha?".
Foi aí que eu senti: Guilherme era só um garoto, sem ter muito pra
onde ir. Guilherme queria apenas existir.
"Tio, tira três? quero uma assim
*click* outra assim *click*. Quero outra assim...", e tirei a foto acima.
Guilherme, 14 anos, me fez sentir também que ainda existe amor em SP. Nesse dia, ele veio em forma de um garoto simples, que só
queria três fotos. Guilherme depois me pediu "Tio, não apaga a foto não
tá?".
Para finalizar Guilherme disse:
"não sou de tirar foto não, mas hoje o dia tá lindo!"
Aqui está Guilherme, onde quer que
você esteja, agradeço por ter aparecido ali, na praça. Te cuide guri, que teus
caminhos sejam guiados para o bem.
(Rafael
Vieira)