Residência família Jafet, 730 |
A Família Jafet é uma família de origem
libanesa radicada na cidade de São Paulo ao final do século XIX.
Pioneiros da industrialização paulistana, seus membros criaram um dos maiores
grupos empresariais familiares do Brasil, com empreendimentos no ramo têxtil,
mineração, metalurgia, siderurgia, serviços financeiros e navegação.
Dedicaram-se ativamente à filantropia, tendo
liderado a fundação de instituições como o Hospital Sírio-Libanês, o Clube
Atlético Monte Líbano, o Clube Atlético Ypiranga e o Esporte Clube Sírio.
Contribuíram com doações significativas para o Hospital Leão XIII (hoje
São Camilo), o Museu de Arte de São Paulo, e a
Universidade de São Paulo.
Os Jafet foram responsáveis pela urbanização
do histórico bairro do Ipiranga, onde instalaram suas primeiras unidades
fabris, realizaram obras de infraestrutura e construíram palacetes de grande
valor arquitetônico, diversos deles hoje tombados.
‘Os Jafets todos são bons, têm bom coração.
Queremos beneficiar o mundo com o coração, não só com o dinheiro’, afirmou a
matriarca da família, Violeta Jafet, de 104
anos – a grande homenageada da em almoço
comemorativo dos 125 anos da família
no Brasil, realizado no Clube Monte Líbano, na Zona Sul de São Paulo, no qual
participaram 600 descendentes dos
primeiros Jafets
História
Quando o imperador d. Pedro II visitou o
Líbano, em 1876, encorajou um grupo de libaneses a vir tentar a sorte
no Brasil. O mais velho de seis irmãos, o professor universitário Nami Jafet
ficou encantado com essa possibilidade, após se encontrar pessoalmente com o
brasileiro. Onze anos mais tarde, os Jafets começavam a chegar a São Paulo.
O primeiro dos irmãos da
família a chegar ao Brasil foi Benjamin, em 1887. Ele trouxe produtos europeus, a maioria deles
adquirida em Marselha, na França, e passou por diversas cidades mascateando. No
mesmo ano, se estabeleceu na cidade de São Paulo, onde abriu a primeira loja da
colônia árabe na Rua 25 de Março. No ano seguinte, ganhou a companhia de seu
irmão Basilio – que é o pai de Violeta.
Anúncio da Fiação Tecelagem e Estamparia Ypiranga Jafet publicado na revista da Associação Comercial de São Paulo, em 1923 |
Mas o império da família
seria construído na região do Ipiranga. ‘Era uma época em que aquela região
tinha apenas mato. Eles compraram uma área enorme, 120 mil metros
quadrados’, conta o engenheiro civil Benjamin Jafet Neto, de 75 anos. Era 1906 e nascia a
Fiação, Tecelagem e Estamparia Ipiranga Jafet.
Residência de Eduardo Benjamim Jafet, construída em 1934 - Rua Bom Pastor, 825 |
Dali em diante, a história da
família passou a ser parte da história do desenvolvimento paulistano. Hoje, a
cidade tem mais de dez ruas com nomes de integrantes da família. Eles
construíram parques, igrejas, escolas, casas para centenas de funcionários e
suntuosos casarões. Um deles é o palacete de Basilio, na Rua Bom Pastor – com
vitrais em estilo art nouveau, pisos marchetados e mármores Carrara espalhados
por seus 50 cômodos.
Clube Sírio São Paulo |
Clube Atlético Monte Líbano |
A família Jafet foi
fundamental na fundação do Clube Sírio, Clube Atlético Monte Líbano, do Clube
Monte Líbano do Rio, da Liga das Senhoras Ortodoxas, da Igreja Ortodoxa
Antioquina do Brasil e da Catedral Metropolitana Ortodoxa, entre outras
instituições.
Hospital Leão XIII – atual São Camilo |
Colégio Cardeal Motta, Ipiranga |
Os Jafets também estiveram
por trás das obras de tratamento das águas do Rio Tamanduateí, da construção de
quatro pavilhões do Hospital Leão XIII – atual São Camilo – e da construção da
Escola Cardeal Motta. Nem a ciência foi esquecida: após sua morte, Basilio
Jafet legou parte de seu patrimônio à Universidade de São Paulo (USP).
Hospital Sírio Libanês, Bela Vista-SP |
Sem dúvida, o principal marco
da família é o Hospital Sírio-Libanês, reconhecido pela excelência até hoje. Em
1921,
a libanesa Adma Jafet – mãe de Violeta – reuniu 27 mulheres da comunidade árabe
em sua casa, no Ipiranga, para criar um hospital. Nascia a Sociedade
Beneficente de Senhoras do Sírio-libanês.
Dois anos depois, foi comprado o
terreno. Em 1931, a pedra fundamental da obra era lançada.
Adma, que faleceu em 1956, não
conseguiu ver a instituição pronta, seu sonho realizado. O Sírio-libanês foi
inaugurado oficialmente em 1965, por Violeta Jafet Foi sua presidente de honra, e integrante do conselho
da instituição, até dezembro de 2016, quando faleceu, aos 108 anos.
Apreciadora das artes, a
família Jafet foi proprietária de grandes obras que foram doadas a museus da
cidade. Nos anos 1950, em uma reunião da família Jafet, Assis Chateaubriand
e os Jafet acordaram a doação de algumas obras que hoje fazem parte do acervo
permanente do MASP (Museu de Artes de São
Paulo).
Os primos Basilio Jafet, Flavio Jafet, Raul Jafet, Arthur Jafet, Oscar Moherdaui, Marilyn Jafet e Silvio Bussab, no evento dos 130 anos de imigração da família – Clube Monte Líbano, Nov17 |
Esses são apenas alguns dos
feitos desta família que tanto contribuiu com o Brasil desde que se radicou na
cidade de São Paulo, no fim do século XIX, criando um dos maiores grupos empresariais
familiares do país, com empreendimentos no ramo têxtil, mineração, metalurgia,
siderurgia, serviços financeiros e navegação.
Fonte: Edison Veita, ESP, WP e Dvs
(JA, Abr20)