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Luz no fim do túnel





O título não está errado, mas não irei me referir a luz no fim do túnel, e sim ao tipo de luz que iremos encontrar no fim do túnel, quando pudermos sair dos esconderijos.

Vamos chegar lá mudados? Alguns, sim outros não. Esta crise serviu para enxergar outros paradigmas. Seja na forma do relacionamento entre as pessoas, seja na forma de conduzir os negócios.

Novos Paradigmas

Aquela história de ser pontual ao no trabalho, fazer hora extra, serões e por aí vai, mudou, agora as pessoas deverão saber se relacionar distantes uma das outras e de fato passar a entregar o que lhe foi dado como meta no prazo definido.

Procrastinar, será crime inafiançável. O chefe não será mais um cara legal, que ouve o acolhe o time, deverá ter competência de saber motivar, mandar, saber medir resultados, sem estar perto deles.

Assim, escolher colaboradores que não dependam dele para resolver o assunto, não importando onde a pessoa está fisicamente, será o seu grande desafio. As fofocas, intrigas que tanto contaminam o ambiente corporativo, vão acabar. Quem dependia disso para sobreviver, esqueça, escolha outras armas. Todo mundo conhece alguém que vivia disso, não estou certo?

Home Office

Não tenha dúvida de que a forma de trabalho irá mudar, ou já mudou definitivamente nestes últimos dois meses. Neste período chegou-se à conclusão que juntar gente em um lugar é caro, e nem sempre produtivo. Assim, deveremos esperar que o home office, ou qualquer outro nome que se dará ao trabalho remoto, passará a ser definitivo. Não existirá mais escritórios bacanas sofisticados. No máximo, serão espaços compartilhados, para showroom de produtos, estação de trabalho apenas para quem chegar primeiro, sem personalização, ou foto da família. Não haverá espaços para todos ao mesmo tempo.

O profissional que não souber criar conexões, trabalhar distante dos seus colegas e clientes, não irá sobreviver quando encontrar a luz do fim do túnel.

Competências

Disciplina, objetividade, automotivação, pro atividade e, principalmente, coragem para tomar decisões, serão as competências exigidas daqui para a frente.

O verdadeiro ‘Business Developer’ deverá desenvolver suas habilidades de persuasão, muito mais focada nas pesquisas e investigações prévias sobre seu cliente (interno ou externo), do que, gestos e expressões corporais que, de modos característicos, expressam sentimentos, concepções ou posicionamentos internos, para então definir sua estratégia. Lembre-se que o cliente também estará longe também com seus novos paradigmas.

Pessoal

A empresa não precisará mais de muitos profissionais com custos fixos. Poderá encontrá-los online, e contratá-los, seja por demanda, seja pela expertise, sem a necessidade de investir na formação e políticas de remuneração, ou mesmo com custos de supervisão da equipe. Enfim, esta pandemia e a quarentena fez nossos olhos se abrirem para isso,  serviu para mostrar o quanto se gastava em tempo e dinheiro com os modelos convencionais da relação de trabalho.

Aprendemos também, neste sufoco de isolamento de ‘grana curta’, longe dos contatos físicos, que nos basta apenas o essencial; o resto, não é necessário. Supérfluos agora serão de fato supérfluos, não terão mais espaço na vida das pessoas.

Portanto a partir de agora tudo que for ofertado deverá ter um propósito prático, que crie valor, não mais relacionado a status ou exibicionismo - incluo neste rol o modelo de network tradicional, como almoços, jantares, festas ou oficinas corporativas. Mudou a forma de se relacionar profissionalmente. Quem de fato tem acesso às pessoas certas, farão a diferença.

Nova forma de negócios

Negócios vão mudar. Entramos, à força e de cabeça, na era da transformação digital.  Quem não estiver 100% online, não vai sobreviver.

Shoppings Centers deverão se reinventar e boutiques de bairros, irão sumir - pois neste período ficaram fechados e ninguém precisou deles para viver.

Canais de TV por assinatura também – por que precisamos de 200 canais, se apenas 3 ou 4 é o suficiente? Precisaremos sim, de conexão rápida e eficiente, que permita que nos conectemos uns aos outros de maneira simples e desburocratizada. As pessoas reaprenderam a ficar em casa, este será o foco.

Restaurantes aprenderam a duras penas que o serviço de delivery agora é o que permitirá a sua sobrevivência. E, além disso, as vendas por aplicativos expõe a comparações imediatas de preço e produto, fazendo com que os comerciantes tenham que trabalhar sempre se diversificando e se diferenciando. Mas o outro lado da moeda é que, de fato, serão mais rentáveis.

Na área da educação, outro desafio. Todo o modelo pedagógico era baseado na presença e interação do aluno com o professor, e a classe. Talvez este setor ainda sobreviva uma pouco mais de tempo, sem mudar, mas, inevitavelmente, deverão repensar seus métodos e conceitos, principalmente de avaliação e objetividade para transferência de conhecimentos. As crianças estão em casa e aprendendo.

Este período deve ter sido útil para entender e avaliar os modelos - o que deu certo e o que não deu, e mudar o plano, se for o caso.

Na saúde, por outro lado, houve uma super valorização do profissional da saúde. Nunca as pessoas ficaram tão dependentes e gratos com eles. Porém, como todo o negócio, deverão também rever seus conceitos. 

A telemedicina hoje é uma realidade. Ela antes foi combatida pelo lobby corporativista, e pelos riscos que isso trará ao modelo de atendimento ambulatorial vigente. Antes da pandemia, se buscava um pronto socorro, e agora foi testado que um contato virtual com o médico também resolve. O problema é que, quando se visita um Pronto Socorro, os protocolos exigem que os médicos do estabelecimento esgotem toda as possibilidades de risco com aquele paciente. 

Sem exagerar, acabam por fazer uma tomografia craniana, mesmo que a queixa do paciente tenha sido uma torção do pé. O custo com a consulta virtual será de pelo menos 10 vezes menor. Entende-se agora o motivo de tanta resistência.

Por fim, os negócios dos autônomos e profissionais liberais, também mudam. Agora, o contato com seus clientes é feito por Skype, Zoon, entre outras ferramentas de conexão. Paralelamente, aumenta o ganho em escala e o alcance de seu público, pois deslocamento para visitas personalizadas torna-se desnecessário,  reduzindo custo e tempo, do profissional e de seu cliente. O desafio é sempre gerar valor, de modo a manter sua clientela. A palavra-chave é entregar o que foi prometido.

Comportamento

A cascata de eventos que experimentamos atualmente, traz de reboque um grande aglomerado de forças que procuram desequilibrar o estado emocional e, por extensão, o nosso comportamento. As soluções, tanto as verdadeiras quanto as falsas, estão expostas na vitrina para um público sedento de soluções mágicas.

É preciso se preparar para um darwinismo profissional, ou seja, quem estiver preparado, sobreviverá. Viveremos uma nova era, é hora de se adequar a esta nova realidade.

Enfim, é hora de tirar os projetos da gaveta, começar fazer aquilo que antes não tínhamos  coragem. É hora de construir elevadores, pois muita gente vai cair no poço da nova realidade, e quem chegar lá primeiro, escolherá os melhores clientes.






Fonte: Valter Hime



(JA, Abr20)





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