Uma estátua a mais ou a menos não muda nada na vida de uma cidade. No entanto, a discussão acerca de quais estátuas derrubar nos diz muito sobre como nos vemos e como queremos ser. As homenagens aos bandeirantes —como a estátua do Borba Gato, incendiada no sábado (25) — estão por toda a parte em São Paulo e em outros estados. Nesses casos, é comum defender figuras do passado alegando que, em sua época, a moral era outra. Qual imperador romano não seria, com razão, visto como um monstro pelos padrões de hoje? No caso dos bandeirantes, contudo, a coisa é ainda mais complicada. Os bandeirantes, também chamados de ‘mamelucos’ (pela mistura racial) ou simplesmente de ‘paulistas’, eram malvistos por muitos em seu próprio tempo. Verdadeiros demônios para os jesuítas e para os indígenas que viviam em missões, considerados ‘gente bárbara, indômita e que vive do que rouba’, segundo um governador de Pernambuco, falando do bando de Domingos Jorge Velho, excomungados pela Igreja e de rela