É comum a fala de que o surfe é originário da Polinésia, um
conjunto de ilhas do Pacífico. Acredita-se que o esporte surgiu quando
pescadores perceberam que usando uma tábua de madeira, era mais fácil chegar à
margem do mar. Em 1778, o navegador inglês James Cook chegou
ao arquipélago do Havaí e levou a ideia do esporte para a Europa.
Polinésia e Peru reivindicam o surgimento do
esporte
Entretanto, há muitas dúvidas quanto ao surgimento do
esporte. Ao falar de surfe, um dos locais que automaticamente vem à memória das
pessoas é o Havaí. No entanto, alguns historiadores apontam que a prática pode
ter surgido há mais de mil anos pelo povo polinésio (atual Taiti). Pescadores criaram o que pode ter
sido o primeiro modelo de prancha, feita de madeira, para retornar mais
rapidamente do alto mar à costa.
Os peruanos também afirmam que pescadores da cultura Moche e
Chimu, há cerca de mais de dois mil anos, utilizaram palha e cana para
construir os ‘Caballitos de Totora’, onde ficavam em pé e manobravam com ajuda
de um remo para facilitar sua navegação.
Nos anos de 1700, no Havaí, a
realeza governava as águas e implantou o código Kapu para ditar as regras de um
modo geral no arquipélago. Para exercer sua superioridade, a classe real
surfava as melhores ondas. Possuíam pranchas de até 24 pés (7
metros), denominadas ‘Olo’.
Os plebeus usavam pranchas de 7 pés (3,6 metros), conhecidas como ‘Alaia’, e ficavam
limitados a se contentar com pequenas ondas.
A prática perdeu força no século 19 após a passagem de missionários americanos pela região, que
desaprovaram a atividade por achá-la pecaminosa, e fazer apologia à nudez. Na
época de seu governo, de 1874 a 1881, o rei Kalakaua incentivou o povo a retomar o antigo costume, sem
distinção de classes.
O pai do surfe foi um ícone da natação
No início do século 20,
surgiu a figura que é considerada o pai do surfe: Duke Kahanamoku. Importante
nadador olímpico à época, Kahanamoku conquistou cinco medalhas, sendo três de
ouro e duas de prata, ao longo das Olimpíadas de Estocolmo 1912, Antuérpia 1920 e
Paris 1924. Por onde viajava, fazia questão de
promover o surfe. Além de popularizar o esporte na Califórnia, e outros locais
nos Estados Unidos, o havaiano ainda o introduziu na Austrália e Nova Zelândia.
‘Turnê dos sonhos’ e a filosofia ‘melhores
surfistas do mundo, melhores ondas do mundo’
Em 1976, dois surfistas havaianos, Randy
Rarick e Fred Hemmings, elaboraram vários eventos ao redor do mundo afim de
reunir os melhores surfistas possíveis. Assim surgiu a International Professional Surfers - IPS,
que logo se tornou o órgão mundial do surfe profissional, com sistema de
pontuação e ranking dos melhores competidores.
A modalidade na olimpíada de Tóquio
O shortboard foi o escolhido para os jogos Olímpicos. A modalidade é a
mais popular do surfe e conta com atletas mundialmente conhecidos. As pranchas variam
de tamanho entre 5 pés (equivalente a 1,52m) até 7 pés (2,13m), de acordo com o peso e altura do atleta.
Avaliação - Critérios
Nas competições os atletas são julgados de acordo com o grau de dificuldade da onda, manobras inovadoras e progressivas, variedade de manobras, além de velocidade, potência e fluxo na onda.
- Empenho
e grau de dificuldade
- Manobras inovadoras e progressivas
- Combinação de grandes manobras
- Variedade
de manobras
- Velocidade,
potência e fluidez
Escala de nota
0 a 1.9 – Fraca
2.0 a 3.9 – Justa
4.0 a 5.9 – Média
6.0 a 7.9 – Boa
8.0 a 10.0 – Excelente
Formato de disputa
Quarenta atletas conseguiram a qualificação para os Jogos
Olímpicos. Cada gênero contará com vinte participantes, divididos em cinco
baterias com quatro competidores no Round 1 (rodada 1). O primeiro e segundo lugares de cada bateria avançam direto para o
Round 3. Terceiro e quarto colocados irão
para o Round 2.
Nessa repescagem (Round 2), serão duas baterias com cinco atletas e os três primeiros de cada grupo
carimbam vaga para o Round 3, se juntando aos
outros dez classificados vindos direto do Round 1.
A partir do Round 3
haverá confrontos diretos. Serão oito baterias com dois atletas. Apenas o
vencedor avança para as quartas-de-final.
O Round 4 será composto
por quatro baterias de dois sufistas cada. O vencedor do confronto se garante
na semifinal (Round 5). Quem perder irá competir pela
medalha de bronze e quem avançar terá a grande chance de disputar o tão sonhado
ouro olímpico.
‘Brazilian Storm’ no Japão
Apelido dado pela imprensa norte-americana em 2011 para os atletas brasileiros que começaram a se
destacar nas etapas mundiais, a ‘Brazilian Storm’ terá quatro integrantes com
boas chances de medalhas nas olimpíadas.
No masculino estarão presentes Gabriel Medina, bicampeão
mundial e líder do ranking em 2021, e o atual
campeão, Ítalo Ferreira.
Silvana Lima, vice-campeã do circuito em 2008 e 2009, e Tatiana
Weston-Webb, atual número quatro do ranking, serão as representantes no feminino.
Resultados
Brasil classificou três representantes para as quartas de
final: Gabriel Medina, Ítalo Ferreira e Silvana Lima. Numa bateria muito
disputada, Medina superou o australiano Julian Wilson na madrugada desta
segunda-feira (26). As quartas de final do esporte
começam a ser disputadas às 19h desta segunda (horário de Brasília).
Ítalo Ferreira fatura ouro no Surfe e vira
lenda
Ítalo Ferreira é o primeiro campeão olímpico da história do
surfe. O brasileiro alcançou o feito na madrugada desta terça-feira (27) e levou a medalha de ouro, ao superar o japonês Kanoa
Igarashi na final da modalidade nas Olimpíadas de 2020, realizada na praia de Tsurigasaki, por 15,14 a 6,60, concluindo uma participação
praticamente perfeita na disputa. Na bateria decisiva, deu um show de manobras,
mesmo após ter sua prancha quebrada logo no começo da bateria.
A conquista faz Ítalo se consolidar como um dos grandes nomes
da história do surfe na atualidade. Afinal, além de ser o primeiro medalhista
olímpico de ouro da modalidade, também é o último campeão mundial, em conquista
assegurada em 2019 - em função da pandemia do
coronavírus, o campeonato não foi realizado no ano passado.
Gabriel Medina, outro brasileiro candidato ao pódio, ficou
sem medalha depois de perder para Igarashi na semifinal, e para o australiano Owen
Wright na disputa pelo bronze.
Manobras
Fonte: Thiago Chaguri, Torcedores | Tóquio 2020 – Surfe, FSP
(JA, Jul21)