Num casebre mal iluminado, um idoso, dormitando, tentava escrever para seu filho João, que estava vivendo em São Paulo. A vela tremia quando o vento entrava pela janela sem vidros. Já era tarde e o dia tinha sido duro para ele, embora tivesse desde sempre trabalhado pesado na pesca de arrastão. “ Meu bom filho, teja bem na graça de Deus. Aqui a miséria campeia como mato bravo em roçado, e, além disso, te tenho muito sodade. Porisso, quero muda prá aí, prá vive com ocê, com tudo de bom que Sum Paulo deve ter...” “Meu pai, não venha para cá. A cidade é muito grande, tudo é bonito e diferente. Mas, essa beleza toda não modifica muita coisa. Tenho tanto dinheiro no bolso como quando saí daí. Para se viver aqui, tem que se gastar muito; então, não adianta ganhar mais. Muitos anos se passaram, já tenho mais idade, entretanto não sou bem feliz como imaginava que poderia ser quando vim para cá; muito pelo contrário. Talvez seja porque estou longe dos meus amigos de sempre. De v