Léo era um menino com cerca de 9
anos, inteligente, bem centrado, responsável, humano, solidário. Foi criado
numa família onde predominava harmonia, carinho, e onde todos tinham supridas
as suas necessidades cotidianas, e mais algumas especiais. Assim, não havia
necessidade de desejar algo que não pudesse ter naturalmente.
Conforme foi ficando mais velho, foi
notando que tudo na sua vida – pelo menos as coisas básicas - sempre davam
certo. Nunca lhe faltou nada. Por exemplo, ele era considerado pelos seus
amiguinhos como alguém privilegiado pois tinha quase tudo que eles gostariam de
ter (roupas, brinquedos, viagens,..). Mais tarde, sua mãe conseguiu uma bolsa de
estudos para ele fazer o Ensino Fundamental num Colégio onde, normalmente, não
teria condições de frequentar. Muitas vezes sua família recebeu e ajudou familiares e conhecidos menos favorecidos, a superarem os eventuais problemas
que tiveram que enfrentar;... E era assim: foi um excelente atleta; foi admitido e se formou numa
tradicional Universidade da sua cidade; profissionalmente
trabalhou em grandes empresas onde sempre se destacou e teve oportunidade de
ser nomeado para funções cada vez mais importantes; colecionou um patrimônio
considerável; casou-se com a pessoa e na hora certas; pode criar e encaminhar
seus filhos da melhor maneira.
Hoje, passados tantos anos - agora está na faixa dos 70 anos -, teve oportunidade de refletir com mais calma sobre
seu passado. E, com base na experiência e nos conhecimentos que veio acumulando
ao longo da vida, a reconhecer e aceitar o seu dom natural. Mas, refletindo
ainda mais, foi levado a uma, embora simples, surpreendente conclusão:
Ele sempre havia conseguido a realizar tudo aquilo a que se propôs a conseguir, não porque fosse
superpoderoso, dotado de um talento especial e único. Mas sim porque,
intuitivamente, seguia um procedimento padrão que fazia com que tudo se
viabilizasse. Ou seja:
1.
Nunca
pretendeu ter algo, ser alguém, ou superar determinada situação, que não
estivesse dentro da sua capacidade.
2.
O
que projetou nunca visou prejudicar alguém, mas muito pelo contrário. Aliás
isso talvez explicasse o fato de sempre ter recebido muita ajuda por parte das
outras pessoas.
3.
Jamais
duvidou da possibilidade de realizar aquilo a que se propôs. Sempre teve fé,
manteve uma postura confiante, independentemente das circunstâncias.
4.
Foi
persistente. Não desistia de nada a que se propunha; não duvidava de que iria
conseguir, nem que fosse no último minuto.
5. Preparava-se e trabalhava
para realizar seus projetos, com entusiasmo, dando sempre o melhor de si.
6.
Procurava
se manter o mais saudável possível, para ter maior resistência para melhor
enfrentar os desafios, momentos de crise.
7.
Mantinha-se
sempre atento, mesmo que inconscientemente,
para aproveitar algumas eventuais
oportunidades que se apresentassem para ajudá-lo nos seus
propósitos.
Entretanto, apesar ou talvez por
conta de todas as explicações, o Universo, uma força maior, parecia sempre conspirar
a seu favor.
Mas, racionalmente, teve que concluir,
humildemente, que seu poder não era decorrente de forças ocultas, sobrenaturais.
As suas superações, conquistas, tinham uma explicação menos surreal e mais pé
no chão. Foram resultantes do seu
comportamento face aos desafios, da sua ambição, da sua
postura pessoal em relação às outras pessoas, da sua autoconfiança, da sua
dedicação, da motivação e empenho em realizar. Tudo isso aliado a um bom
senso que o levou a evitar perigos e
desejos desnecessários, a não almejar o impossível, a ter noção do tempo certo,
a preservar seu corpo e mente da melhor maneira. E o resto, o acaso favorável,
era decorrente - pessoas menos envolvidas no processo, talvez nem se dessem conta da possibilidade.
E, finalmente, concluiu que, embora
ele tivesse tido durante a sua vida esse comportamento positivo, produtivo,
intuitivamente, todas as pessoas poderiam ser conscientizadas da possibilidade de conseguir realizar, da mesma forma que ele conseguia. Como isso poderia se tornar realidade?
Simples! Seria necessário que os educadores (e aqui entram os pais, os gestores
públicos, os professores, principalmente), priorizassem a criação de condições para estimular a elevação da autoestima nas crianças e nos jovens, a
descobrirem seus pontos fortes. E que, além disso, fizessem com que
entendessem e aceitassem a lei
física, o dogma, que define que todo esforço constante e bem
aplicado, independentemente do tempo e das casualidades adversas, acaba por
levar o agente ao melhor resultado.
Depois dessas conclusões, reconheceu que, talvez, por isso, nunca tivesse percebido, valorizado o seu dom, como seria
de se esperar. Lá no fundo, sabia que era normal e que seu método poderia ser utilizado
por qualquer um. Só dependia de como os sonhos fossem projetados
e da atitude de preparação e realização, a cada caso.
"Quando alguém assume um compromisso, algo deixa de ser um plano, e passa a fazer parte da sua realidade. A nossa realidade é composta pelos vários compromissos que fomos levados a tomar no decorrer da nossa existência, sendo que a qualidade, a importância, o resultado desses compromissos, é que determinarão a qualidade, a importância e o resultado da nossa vida."
(JA, Mai15)