Era um empresário bem sucedido, frio determinado, sem limites - até cruel às vezes. Era rígido consigo mesmo e com os outros. O que regia a sua vida era o seu objetivo. Se se sentisse prejudicado nessa parte, ele reagia com fúria, ou então estratégica e racionalmente, dependendo da situação. Normalmente, fazia prevalecer sua opinião e castigava seu opositor, até colocá-lo impiedosamente no seu ‘devido’ lugar.
Uma vez, por exemplo: ‘Eventualmente
um dos sócios da sua empresa incluiu no quadro de pessoal alguém da sua
confiança, e foi delegando a ele atribuições. Este foi avançando, invadindo o
território dos demais executivos, criando um clima de insatisfação. E
continuou, incentivado por aquele sócio que tinha sonhos de assumir a empresa. E continuou... Ele então reuniu toda a diretoria, demonstrou claramente o que estava acontecendo, utilizando de argumentos conclusivos.
Colocou o assunto de tal modo que ninguém teve dúvida da impropriedade e o apoiou. O ‘invasor’ saiu
da empresa, e nunca mais voltou, repudiando quem o havia incluído nessa ‘furada’.
O sócio responsável ficou desacreditado, e não criou mais problemas, se afastando também’. Ele era assim...
No fim do dia de trabalho voltava
para casa, para sua família, onde sempre foi o marido responsável e amoroso, o
pai exemplar. Provedor eficiente, atencioso, caridoso na relação.
Socialmente, Era bem articulado e estimado.
Convivia bem com as pessoas mais variadas, que tinham a ver com seus negócios
ou com a sua vida pessoal.
Frequentava o clube esportivo da região onde morava. Lá tinha um
grupo de amigos antigos e, periodicamente, praticava o seu esporte preferido. Participava de
todas as atividades do grupo, era alegre e brincalhão, querido por todos. Nesse ambiente, era uma pessoa completamente diferente da que era na sua vida profissional ou
familiar.
Ele mesmo, numa autoanálise, se considerava uma pessoa capaz, generosa, amiga, embora também um educador - responsável, duro e
exigente. Além disso, um defensor intransigente dos espaços que havia conquistado..
As pessoas de sua relação, dos
diferentes grupos, se se encontrassem, dificilmente o identificariam como sendo
a mesma pessoa.
Afinal, quem era esse homem, tantas
identidades tinha?
Ele, provavelmente, não era nenhum
daqueles que cada grupo imaginava, e nem era quem ele mesmo julgava ser. Como
se diz, ele era o que era, dependendo das circunstâncias.
Aplicava, a cada momento da vida, seu
conhecimento, experiência, e a fusão dos seus sentimentos predominantes. E como
isso variava sempre, ele não era quem foi antes, e nem quem poderia ser, ou acabou
sendo depois.
E o que há em comum em todos esses
indivíduos? É a sua estrutura. Estrutura
que como o esqueleto do corpo humano, foi se consolidando com a vida, até se estratificar num determinado momento.
Esse esqueleto, comportando simultaneamente um ‘coração’ (sentimentos), um ‘cérebro’
(razão), além de ‘músculos’ (impulso e
força de vontade), e ‘artérias e pulmões’ (conexões), permite que tudo interaja e
seja único, embora possa parecer diferente para quem conviva parcialmente com ele.
A completitude, a identidade
potencial plena de cada um, provavelmente nunca será alcançada pela maioria dos
homens. Porém, se alguém tiver uma vida autêntica, voltada na prática para aquilo em que acredita, pouco a pouco, irá adquirindo um nível de ‘sabedoria’ próprio.
Essa sabedoria, qualquer que seja seu nível, sempre se manifestará, levando-o a ter atitudes afins, cada vez mais independentes das
circunstâncias e, afinal, é o que acabará por definir a sua identidade pessoal,
única, que o diferenciará de todos os demais,