Quando somos jovens, não vemos a hora
de sair da casa dos nossos pais, onde fomos criados. Queremos e buscamos a nossa
individualidade, liberdade - faz parte do processo de crescimento.
Com o tempo isso se torna possível - estudamos, nos formamos, arrumamos emprego, temos
o nosso dinheiro e, muito provavelmente, nos casamos. Então, passamos a ter o
nosso espaço e, em princípio, não temos que dar satisfações a ninguém sobre a
nossa vida – exceto para o nosso parceiro. Entretanto, ocasional e não pouco frequentemente,
o casal se se separa (2,5 ocorrências para cada mil habitantes, Brasil 2012). Essa separação
pode também independer de escolha, ser compulsória, no caso de um uma das
partes renunciar a relação, ou vir a falecer.
De qualquer forma, alguém poderá ser
levado a viver sozinho.
Então, tudo fica diferente. Chega em
casa e não encontra roupa lavada/passada, a comida não está pronta, não há ninguém aguardando, ninguém para comentar
sobre o dia, o noticiário e filmes da TV,... Aprende desde
logo que a liberdade tem um preço, e que também impõe limitações. Com o passar
do tempo, desenvolve outros interesses e relacionamentos externos,
vai se organizando, se acostumando com o novo formato de vida, encontrando compensações. É gratificante. Sim porque viver sozinho também
tem suas vantagens: teoricamente não há horário para chegar ou sair, dispõe de um banheiro exclusivo, não há críticas, nem cobranças particulares,
etc.
Devemos também incluir no cenário aquelas
pessoas que moram sozinhas, mesmo dividindo a sua casa com alguém. São
independentes entre si - não dão satisfação para outra parte, tem seus horários
e hábitos exclusivos. Estão ‘juntos’ por conveniência comum, normalmente por
motivos de ordem econômico/financeira. Estão juntos, mas estão só.
Com o passar dos anos, se ainda continuar a viver sozinho, vai consolidando hábitos que cada vez mais inviabilizam uma nova vida compartilhada. Vai perdendo a flexibilidade. Os amigos vão rareando – ou porque se casaram, mudaram, perderam interesse em manter a relação, morreram ... E, paralelamente, muitas das atividades que praticou desde sempre, vão sendo deixadas de lado - ou por limitações físicas, ou por falta de motivação, interesse.
Com o passar dos anos, se ainda continuar a viver sozinho, vai consolidando hábitos que cada vez mais inviabilizam uma nova vida compartilhada. Vai perdendo a flexibilidade. Os amigos vão rareando – ou porque se casaram, mudaram, perderam interesse em manter a relação, morreram ... E, paralelamente, muitas das atividades que praticou desde sempre, vão sendo deixadas de lado - ou por limitações físicas, ou por falta de motivação, interesse.
Essa tendência vai se acentuando na
velhice. Contraditoriamente, quanto mais se precisar, querer, a companhia ou
ajuda dos outros, menos os outros estarão disponíveis. É uma realidade, muito
triste.
A vida familiar, apesar de limitante, implica num exercício diário de dar e
receber. Essa dupla ação é muito enriquecedora para nossa saúde mental e
física, e para nossa evolução como seres humanos. A todo momento temos que
ceder, defender os nossos pontos de vista, proporcionar e ganhar atenção, carinho, apoio. Isso, em outras palavras, é dar e receber
amor, dar e receber a vida.
Concluindo, poderia acrescentar que a
maioria das pessoas que vivem sozinhas praticamente não compartilha a sua vida privada com ninguém, e
nem tem interesse em participar da vida dos outros. Vão se tornando cada vez
mais centradas em si mesma, egoístas, e por que não dizer, rabugentas. Nesse
caso, a orientação divina que prega: "Para sermos felizes devemos amar o próximo como
a nós mesmos", fica prejudicada, e o
próximo, naturalmente, acaba por se distanciar, e essas pessoas, consequentemente, se tornam infelizes.
Muitas vezes não temos condições de
optar. Mas, se houver, tenho convicção de que a vida em sociedade,
principalmente a familiar, é uma opção melhor do que a vida só. Essa afirmação vem ao encontro da máxima: "Juntos, somos mais
fortes”.