Recentemente li sobre um senhor que manteve
durante 82 anos o seu Rolls Royce.
Quando trabalhei na Mercedes-Benz, tinha como uma das minhas responsabilidades cuidar da frota
de veículos. Tínhamos na frota cerca de 300 veículos, de quase todos os tipos,
incluindo aí carros de serviço e de executivos.
Os executivos – nível de diretoria - tinham a sua disposição os da marca
Mercedes-Benz. Na época, aqui no Brasil, era proibida a importação de novos, exceto
para consulados e embaixadas. Então, comprávamos os nossos carros desse
pessoal, quando algum ficava disponível para venda.
Num determinado momento, a
legislação foi alterada e foi liberada a importação. Então, com a possibilidade
de renovação, foi decidido que iríamos vender quatro dos cinco MB 280S que
tínhamos - os mais antigos. Dos veículos que seriam vendidos, aproveitamos tudo
o que cada um tinha de melhor, de mais atual, e transferimos para o que estava
em melhor estado, o que permaneceria conosco.
Entretanto, no finalmente, resolvemos
vender aquele também. Não resisti, e dei um jeito de comprá-lo, de ficar com
ele.
Fiquei com esse carro por uns
cinco anos, usando no eventual. Porém, chegou o momento em que não pude mais
guardá-lo em casa - o espaço não comportava. Então, procurei um local onde
pudesse guardá-lo. Fui a vários estacionamentos, mas não deu certo - ninguém queria aceitá-lo por conta do valor
do carro, que era significativo, e, conseqüentemente, pelo alto valor do prêmio
do seguro que seria necessário. Não havia mais o que fazer - tive então que
vendê-lo.
Assim, ao invés dos 82 anos, que
aquele senhor ficou com o seu Rolls Royce, fiquei apenas cinco com o meu MB. Mas,
nunca mais o esqueci. Ele faz parte da
minha vida, da minha história.