Viver é como fazer uma viagem. Eventualmente,
podemos até dar uma paradinha para tomar folego, descansar, mas o avançar é compulsório.
Vamos seguindo, passando por lugares
maravilhosos, às vezes inóspitos, às vezes, assustadores, às vezes parados, sem
vida, aborrecidos. Planícies a perder de vista, morros e vales, desfiladeiros,
cachoeiras. Alguns lugares estimulam nossas lembranças; outros, nos parecem muito estranhos.
Faz sol, chove, escurece, amanhece. Faz
frio, calor. Procuramos nos adaptar o melhor possível, a cada momento, a cada estação.
De quando em quando, caímos, nos
machucamos. Levantamos. Às vezes, obtemos algum sucesso, nos alegramos, comemoramos. E continuamos.
O tempo vai passando.
Se nos encontrarmos em um lugar
desagradável, pensamos: vai passar. Sabemos que, provavelmente, lá na frente, deve haver um
lugar melhor. Então, procuramos nos
distrair, pensando nos lugares e momentos bons que que conhecemos ou vivemos, nas pessoas interessantes
com as quais nos relacionamos, nos amigos, parentes, nas que
não tiveram a mesma sorte que tivemos. Ao contrário, se nos deparamos com um lugar agradável, aproveitamos o momento o melhor possível - as atrações, as companhias -, enriquecemos as nossas lembranças. Muitas vezes consideramos a possibilidade de ficar ali para sempre. Entretanto, esse lugar, essas pessoas, pouco a pouco, acabam se transformando (ou somos nós que nos transformamos?) E, afinal, acabamos por ir embora. Continuamos.
No nosso caminhar, aqui e ali, cruzamos com outras
pessoas com as quais simpatizamos, nos socializamos, descobrimos pontos e interesses afins, compartilhamos momentos, situações,
podemos até seguir juntos por algum tempo, construir algo em comum. Mas, essa relação, por isso ou por aquilo, também se transforma e deixa de ser como era. Nada dura para sempre, a não ser o nosso caminhar,
imaginamos.
Até que, de repente, inesperadamente,
alcançamos o que parece ser o nosso destino, a chegada, o fim. Será que é? Nunca
teremos certeza até ultrapassarmos esse ponto. O que sabemos é apenas onde estamos agora. Porém, não sabemos se é aqui mesmo que deveríamos ter vindo - se é que deveríamos
-, e para onde iremos em seguida, se é que vamos.
A vida é uma viagem, talvez eterna.