Algumas coisas não têm explicação, mas o fato de eu ser corintiano
tem. É o seguinte, quando era menino, na
segunda metade da década de 50, morava ao lado do Clube do Corinthians – ou
Parque São Jorge como é conhecido.
Eu e meus colegas frequentávamos o clube, as piscinas, etc. Alguns deles eram filhos de jogadores titulares do time principal do Corinthians que, na época, já era um grande time do futebol paulista e brasileiro.
Eu e meus colegas frequentávamos o clube, as piscinas, etc. Alguns deles eram filhos de jogadores titulares do time principal do Corinthians que, na época, já era um grande time do futebol paulista e brasileiro.
Entretanto, ao contrário
do que acontecia até há pouco tempo atrás, o time ganhava todas. Não
tínhamos TV em casa, e eu ia assistir os
jogos do time na casa dos meus amigos vizinhos. Então, naturalmente, torcíamos para o Corinthians.
Naqueles dias, os meninos colecionavam figurinhas de
jogadores para completar o que
chamávamos de 'álbum' – cada time de futebol tinha duas páginas do álbum, com
um espaço para colar as figurinhas, como nome de cada um dos seus jogadores. Lembro-me que ter conseguido completar mais de um álbum e
ganhar o prêmio previsto para cada um -
uma bola oficial de futebol, que era chamada 'bola de capotão'. Vem daí meu interesse pelo
esporte e, em especial, pelo
Corinthians.
Anos mais tarde, mais recentemente, uma das minhas filhas era atleta do
Clube Paineiras do Morumby, e disputava
campeonatos de natação - aliás, ela chegou a ser campeã paulista na modalidade que treinava.
E, por conta disso, acompanhando as
competições em que ela participava, pude conhecer e a passar a admirar
muitos atletas (nadadores) do
Corinthians. Esses atletas, normalmente,
eram jovens de origem humilde, pobre, a quem o Clube proporcionava educação, treinamento, vida
saudável (assistência médica,
psicológica, alimentação), e uniformes, entre outras coisas... Por conta
disso, eram superesforçados. Eles tinham
consciência que deviam ao clube o fato de estarem ali participando, tendo
uma oportunidade para evoluir, ascender
na escala social.
O trabalho deles era
tão sério que, naqueles dias, um dos melhores treinadores do Paineiras acabou sendo contratado pelo Corinthians. Atualmente, esse mesmo treinador foi escolhido
para treinar da seleção brasileira de
natação que irá participar das Olimpíadas 2016.
.
Várias vezes então voltei ao Clube do Corinthians. Observei
que, nas áreas externas, aqui e ali,
foram erigidas estátuas em homenagem aos
seus grandes ex-jogadores, muitos dos quais conheci e convivi com
eles. Fiquei impressionado com a forma respeitosa com que todos os funcionários,
independentemente do nível, se referiam ao Clube, aos jogadores, e à sua
história. Visitando a sala de troféus,
por exemplo, tive a sensação de estar um ambiente sagrado, com os
monitores falando baixo, explicando cada troféu com um fervor religioso que só vi na Disney World, ao visitar a sala
onde estavam expostos os retratos e
relíquias dos ex-presidentes americanos (mas ali já é uma outra cultura, outra motivação ...)
Talvez, se fossemos levantar a história de cada corintiano, será que não chegaríamos a alguma
coisa parecida - uma mistura de
idealismo, ilusão e sonho, dando um sentido mais positivo para a vida? Para pensar.
(JA, Mar14)