Hoje é o dia do seu 13º aniversário. Eu teria muitas coisas a lhe dizer. Entretanto, ao invés disso, vou contar uma
história que, espero, você tenha paciência de ouvir.
“Era uma vez, num reino muito distante, onde viviam um Rei e uma Rainha
que foram premiados com o nascimento do seu primeiro filho. Foi uma surpresa
geral. Ninguém esperava porque, tanto o rei como a rainha já não eram tão
jovens assim, e todos já haviam se acostumado com a ideia de que, naquela
família, já não havia mais lugar para uma criança.
Mas havia. Ela foi esperada
ansiosamente, com muita alegria e com muito carinho. Ela seria o fruto de uma
união muito feliz, um caso de amor, como se diz. Foram consultados os adivinhos
do reino que, depois de muito estudo, concluíram que aquela criança seria ‘um
presentinho do céu para seus pais e para todos os que que tivessem oportunidade
de conviver com ela de alguma forma’. Ela nasceu. Nasceu uma menina, nasceu uma
princesa. Era uma criança muito alegre, comunicativa, simpática, esperta, inteligente,
e muito bonita. Foi assim durante muitos anos, compartilhando tudo isso com os
que com ela tinham a felicidade de conviver.
Um belo dia, todos começaram a perceber que ela estava mudando – já não
era tão alegre, tão comunicativa, simpática, embora continuasse muito esperta e
bonita. Todos estavam muito preocupados: o que fazer para termos a nossa princesinha
de volta?
O Rei e a Rainha estavam mais preocupados ainda, naturalmente. Os sábios
do reino foram consultados e chegaram a duas conclusões.
- As pessoas não estavam preparadas para conviver com alguém como ela –
sua alegria, sua conversa, sua simpatia, que distribuía tão espontânea e
democraticamente, nem sempre eram correspondidas – ou porque as pessoas estivessem
muito ocupadas, ou porque já estavam acostumadas com o seu jeito de ser, e já não
se sensibilizavam mais com aquelas suas atitudes, tão especiais.
- A menina percebendo isso, começou a ficar triste, fechada, cheias de
dúvidas - com relação a ela mesma e às pessoas. Não sabia mais como se
comportar. Em decorrência, foi ficando cada vez mais triste, fechada e quase
mal humorada. Isso a afastava ainda mais das pessoas, que não queriam
molestá-la ou agravar ainda mais o seu estado.
Como o assunto era tão importante, ninguém tinha certeza do que seria o
mais certo a fazer, foi decidido que se fizesse uma pesquisa no reino para ouvir
a opinião de todos os súditos sobre o assunto. As sugestões foram as mais
diversas: enviem-na para passar uns tempos na Dinamarca; ensinem ela a bordar;
enviem-na para um convento; encontrem para ela um príncipe muito bonito; e
assim por diante. Entretanto, no meio de todas essas sugestões que,
evidentemente, não iriam resolver o problema, surgiu uma que chamou a atenção e
foi selecionada. A sugestão era a seguinte:
‘Para a Princesa ser feliz, é preciso convencê-la a ficar mais atenta mais às coisas boas do às ruins que acontecerem na sua vida. Ela deve ser autêntica - seu comportamento deve independer da opinião, ou do que que as pessoas irão pensar. Enfim, ela deve seguir o que o seu coração mandar, ter confiança e se empenhar para que tudo aconteça de acordo com seus melhores sonhos’.
Todos acharam a sugestão ótima e foram procurar quem teve o discernimento
e sabedoria tão grandes. Não encontraram ninguém que a tivesse feito. Criou-se
então a lenda que foi disseminada no reino, que a sua fada madrinha, -aquela
que quando a gente nasce vem para nos acompanhar na jornada da vida-, havia se misturado
no meio dos súditos e a tinha escrito. Os súditos entenderam a mensagem. Para
eles ficou claro que, não só a princesa, mas eles também, deveriam proceder
também assim.
Quanto à Princesa, ela mandou emoldurar a sugestão em um quadro que ainda
hoje fica ao lado de sua cama. Ela, a Princesa, não precisou ser convencida por
ninguém de que ela deveria proceder como sugerido. Todo o dia, lê a sugestão e,
a cada dia, passa a entender alguma coisa nova, interessante, na qual não havia
se dado conta anteriormente. Era como se
a mensagem não tivesse fim, não terminasse mais. Era uma mensagem mágica. A leitura daquelas palavra a vem iluminando
até hoje, e a ajudam a nortear seu comportamento, suas decisões.
Atualmente, a Princesa já não é
uma Princesa – é uma Rainha já há muitos anos. Seu reinado está sendo como a
sua vida: longo, próspero, cheio de amor, vitalidade, e nele todos vivem em
paz.
Assim, cumpriu-se a profecia dos adivinhos que foram consultados quando
do seu nascimento. Porém, todos têm consciência – e ela também -, de que, não
fosse a preocupação dos seus pais e amigos queridos com o seu comportamento
naquela época, a interferência da sua fada madrinha quando lhe passou aquelas
palavras, não fosse ela tão determinada – preocupando-se em entender e a
cumprir o que lhe foi sugerido, seu destino, certamente, teria sido outro.”
Feliz aniversário minha querida. Do seu pai que a ama incondicionalmente.
(JA, Mar12)