Cenário de inúmeras novelas e inspiração
de muitos compositores, o local tem centenas de moradores famosos
Quando se pensa no bairro do
Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, vem na mente o cenário de inúmeras
novelas de Manoel Carlos e, claro, a fonte de inspiração de muitos compositores
e poetas.
Como defini-lo? Calmo e
elegante. Ele - localizado entre Vidigal, Gávea e Ipanema - é conhecido por
seus ótimos restaurantes, comércio forte, vida noturna agitada, e pelos famosos
que circulam por lá, e pelo seu cartão-postal: o mar e o Morro Dois Irmãos. A
beleza natural juntamente com outros atributos fazem da localidade uma das mais
cobiçadas da cidade e um dos bairros mais caros do país.
No último dia 26 de julho, o
Leblon completou 100 anos de histórias.
Francisca Ornellas Teles e Charles Le Blond |
Charles Le Blond, 1804-1880,
chegou ao Rio de Janeiro em 1830, proveniente de Marselha fundando a empresa ‘Navegação
Aliança’ com a finalidade de explorar a pesca de baleias no litoral do Rio.
Naquela ocasião as baleias cachalote eram tão abundantes no nosso litoral que
era possível arpoá-las do ‘rochedo mais avançado mar adentro’ hoje conhecido
como ‘Pedra do Arpoador’.
O óleo da gordura das baleias
servia de combustível para os candeeiros que iluminavam as ruas do Rio, e
também para misturar à argamassa de cal utilizada na construção civil daquela
época. Os ossos eram queimados para obtenção de cal; os dentes de marfim eram
utilizados para objetos de arte; as barbatanas para fabricação de espartilhos.
Em 1839 Charles Le Blond
casou-se com Francisca Ornellas Teles e, em 1845, comprou uma fazenda na região
que hoje leva o seu nome. Sua chácara que, ocupava metade do atual bairro,
localizava-se entre onde hoje é a atual Rua Bartolomeu Mitre, indo até o fim da
praia. O local era conhecido como a área ou o campo do Le Blond e,
posteriormente, foi abreviado para Leblon.
Algum tempo depois, o
Exército desapropriou parte dessas terras para exercícios militares na faixa
junto ao mar, o que motivou o francês entrar na justiça para protestar o seu
direito de passagem para o mar. Em março de 1851 o Decreto Imperial 765
garantiu ao reclamante o direito de passagem ‘com oitenta palmos de largura e o
comprimento necessário para prolongar até à praia a rua que levava à casa
Charles Le Blond.
O caso teve grande repercussão na imprensa (Jornal do
Commércio) e foi muito comentado na Corte. Daí em diante, a região remota
dessas terras passou a ser conhecida como ‘as terras do Leblon’, em alusão ao
seu proprietário e ao caso judicial.
Como nem tudo são flores, em
março de 1854 Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, inaugurou na cidade
o serviço de iluminação à gás, levando Charles Leblon a encerrar as atividades
da Navegação Aliança. Hoje há uma empresa alemã chamada Aliança Navegação que,
curiosamente, possui um navio cargueiro denominado Leblon.
A urbanização do bairro teve
início no século XX, quando os primeiros lotes foram feitos, assim como a
construção de ruas, praças e avenidas. A primeira ligação com Ipanema foi pela
praia. O esquema de saneamento foi feito em 1920 com a construção da avenida
Epitácio Pessoa e dos canais Jardim de Alah e da avenida Visconde de
Albuquerque. A especulação imobiliária nas décadas de 50 e 60 fez com que
vários casarões dessem lugar a luxuosos prédios por todo o bairro.
É o bairro com o metro
quadrado mais caro do Brasil e é reduto das famílias mais abastadas
pertencentes à classe alta, incluindo alguns dos nomes da elite cultural,
econômica e política carioca. No entanto, há também moradores de classe média,
especialmente aqueles que vivem no bairro há muitos anos, além dos moradores da
comunidade da Cruzada São Sebastião.
Praia do Leblon
A praia do Leblon é uma
continuação da praia de Ipanema, por esse motivo, as duas são bem parecidas.
Nas areias, as escolinhas de vôlei, futebol e surf movimentam a área. No Posto
10 a atração é o Baixo Bebê, um quiosque preparado para atender às crianças com
serviços que incluem fraldário, parquinho na areia, brinquedos e muitos
eventos.
A praia tem 1.300 metros de
extensão e é separada da praia de Ipanema pelo canal do Jardim de Alá. Ela
também possui uma ciclovia, que termina só no Leme, e está sempre cheia de
gente praticando esportes.
Essa região tem como ponto
forte o seu visual — ela oferece uma vista linda para o Morro dos Irmãos. Seu
acesso através do metrô é fácil, e no fim da tarde pode-se admirar um belo pôr
do sol no local.
Músicas que falam sobre o bairro
Do Leme ao Pontal, de Tim Maia
As menininhas do Leblon, Wilson Simonal
Óculos, Paralamas do Sucesso
Falso Leblon, Caetano Veloso
Passeios
Morro Dois
Irmãos - não perca o pôr do sol com vista para o Morro
Dois Irmãos. É lindo demais ver a natureza.
Mirante do
Leblon - fica no início da Av.
Niemeyer sentido Vidigal e São Conrado. Localizado no extremo canto direito da
praia do Leblon, o Mirante do Leblon proporciona uma vista deslumbrante das
praias do Leblon, de Ipanema e do Arpoador. A vista pode tornar-se ainda mais
interessante quando o mar está de ressaca.
Praça Antero
de Quental - ela possui um projeto
arquitetônico muito moderno, desenvolvido pelo arquiteto Luiz Eduardo Índio da
Costa e pelo paisagista Fernando Chacel. O espaço possui árvores, canteiros de
flores e áreas de lazer, além de uma grande área central destinada à realização
de eventos culturais.
Ruas e avenidas famosas
Dias
Ferreira e Conde Bernardotte – ambas conhecidas por
suas lojas, restaurantes, supermercados, livrarias e cafés, e boa concentração de bares e da boêmia.
Ataulfo de
Paiva - endereço que
abriga a maior parte do comércio e corta todo o bairro.
Bartolomeu
Mitre - também é bem movimentada e serve de passagem
para o caminho Lagoa-Barra.
Delfim
Moreira - conhecida como a avenida da praia. O ponto
mais famoso da orla, aliás, é o posto 12. Ali está o chamado ‘Baixo Bebê’, um
quiosque que virou point de famílias que levam seus bebês para um passeio à
beira-mar. Percorre a Praia do Leblon e leva à Avenida
Niemeyer; ao chegar a Ipanema, cruzando o Canal do Jardim de Alá,
passa a se chamar Avenida Vieira Souto.
Bares e Botecos no Leblon
No Leblon não encontramos
apenas sofisticação, ele não é uma coisa só. Como bom bairro 'carioca' ele traz
no DNA a diversidade da cidade maravilhosa e o espírito e arte da
'botecagem'. Ao lado do restaurante
caríssimo também tem o tradicional pé sujo.
Baixo Leblon -
A partir dos anos 1970, se firmou como ponto de intelectuais, artistas como
Cazuza, entre outros.
Pizzaria
Guanabara - um dos clássicos da pós-noitada no Rio, a Pizzaria
Guanabara é famosa por funcionar até altas horas, ou seja até o raiar do sol.
Além de ter uma pizza deliciosa e aquele chopp estupidamente gelado.
Belmonte - um dos bares
mais famosos do Rio com diversos petiscos saborosos e aquela tradicional
caipirinha no capricho
Jobi - no coração do Leblon está o tradicional Bar Jobi,
que desde 1956 é o ponto de encontro da boemia carioca - para o pós-praia ou na
madrugada. O bar é referência pelo Chopp bem tirado, pelo bolinho de bacalhau e
petiscos de dar água na boca e pratos da culinária luso-brasileira. O boteco é
pequeno e está sempre cheio, tanto nas mesinhas do lado de fora quanto na
calçada, que também fica tomada de gente.
Riba - é um dos
lugares perfeitos do Leblon pra praticar a arte da botecagem. Com Chopp gelado,
a verdadeira comida de boteco e drinks deliciosos, o Riba tem um endereço na
Rua Dias Ferreira e uma versão de praia, com quiosque à beira-mar, que em
poucos meses já virou point do bairro.
Bracarense - é aquele típico bar e resume o espírito carioca com
Chopp gelado, formalidades zero e os deliciosos petiscos de boteco. O tradicional
botequim abriu as portas em 1961 e fica a
duas quadras da praia.
Veloso - está localizado em uma das esquinas mais charmosas
do Leblon e é um bar carioquíssimo que homenageia um antigo bar de mesmo nome,
onde no passado figuras como Tom Jobim e Vinícius de Moraes eram
frequentadores.
Vinicius e Tom no antigo Bar Veloso |
Fonte: ‘O Antigo Leblon - Uma
Aldeia Encantada’, de Rogério Barbosa Lima |
Ana Paula Silveira – JB | Dvs
(JA, Jul19)