Detestada pela corte portuguesa, odiada
pelo povo, a mulher que ficaria conhecida como A Megera de Queluz, chegava a
consumir 20 litros por dia do coquetel de lima, açúcar e cachaça.
A simples menção de seu nome
traz à imaginação um cortejo de caprichos indecorosos e intrigas políticas.
Nascida em 1775, no Palácio Real de Arajuez, na Espanha, Carlota Joaquina
Teresa Cayetana foi uma mulher que nunca se resignou a ser aquilo para qual
nascera. Esposa de Dom João VI, rainha consorte do Reino Unido de Portugal,
Brasil e Algarves, sem dúvida, viria a se tornar um dos maiores estorvos da
vida do rei, não tanto pelo cinismo e pelo desejo imoderado de poder, quanto
pela pertinácia em alcançar seus fins e pela dureza de seu espírito.
Não há nos anais da história
portuguesa um monarca que fosse tão ignominiosamente enganado pela esposa.
Dentre tantas qualidades odiosas, a depravação messalínica da rainha se
sobressaia aos olhos do povo, que a acusava de promiscuidade, e de influenciar
o marido a favor dos interesses da coroa espanhola.
Dom João abriu os portos da
colônia ao comércio estrangeiro, tornando possível o desenvolvimento e
prosperidade do Brasil, muito embora, concomitantemente, pelo paço real andasse
a perfídia, ambição e luxuria ninfomaníaca de Carlota Joaquina, que se ocupava
em sonhar com o trono do Vice-Reino Independente de Buenos Aires.
Misto incongruente
de Penélope e Messalina, a rainha jamais gostou do Brasil, e fez de tudo para
que essa terra não passasse de uma colônia.
Dia após dia, cada vez mais
afastada dos desejos e aspirações do marido, Carlota não suportava o calor, e
frequentemente ouviam-na gritar que ficaria cega quando voltasse para Lisboa,
por estar há tantos anos ‘no escuro, vendo somente negros’.
Prezemo-nos pensar, contudo,
com manifesta generosidade, que a passagem de Carlota Joaquina pelo Brasil não
tenha sido apenas negativa. Conta-se que a rainha portuguesa foi a responsável
pela invenção da caipirinha, mandando, pois, misturar frutas com cachaça para
fazer compotas, e ingerindo litros da mistura com gelo para se refrescar.
Documentos mostram que a lista de compras da cozinha do palácio onde vivia, era
encabeçada por imensas quantidades de aguardente de cana.
Detestada pela corte
portuguesa, odiada pelo povo, a mulher que ficaria conhecida como A Megera de
Queluz, chegava a consumir 20 litros por dia do coquetel de lima, açúcar e
cachaça.
Fonte: M.R. Terci, escritor e
roteirista | AH Aventuras na História
(JA, Jul19)