EE Giorgi -^- 'Doors' |
Sempre é
preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer
nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras
etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando
capítulos – não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os
momentos da vida que já se acabaram.
Foi
despedido do trabalho? Terminou uma relação?
Deixou a
casa dos pais? Partiu para viver em outro país?
A amizade
tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode
passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si
mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram
certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente
transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus
pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos
estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos
sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode
estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos
entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos
ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou
rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já
foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas
passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações,
mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que
tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que
está acontecendo em nosso coração – e o desfazer-se de certas lembranças
significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir
embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está
jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes
perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço,
que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão
emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com
determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada
mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de
emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas
em nome do ‘momento ideal’. Antes de começar um capítulo novo, é preciso
terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
Lembre-se de
que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa – nada é
insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo
ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos
Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem você é.
Encerrando ciclos
Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem você é.
Edvard Munch, 1863-1944 -^- ‘Workers on their way home’, 1918-1920 |
(JA, Dez18)