Insatisfeito
com o silêncio de Buda, quando confrontado com 14 questões sem resposta, o monge
Malukyaputta exige que o mestre esclareça as dúvidas a respeito da eternidade e
da finitude do Universo, da similaridade entre a alma e o corpo e da vida após
a morte, ou que o mestre admita ser incapaz de elucidá-las.
Buda se
vale, então, da parábola da flecha, narrando ao discípulo a história do homem
que, ferido, impede que extraiam a flecha de seu corpo enquanto não descobrir
de que arco ela partiu e qual tipo de corda o vergou; a que família pertencia e
de que ave foram recolhidas as penas da arma que o atingiu...
O homem, é
claro, morre antes de obter as respostas.
O caso,
segundo Buda, é semelhante ao do monge que se recusa a seguir na vida
espiritual sem resolver certos problemas filosóficos. Nada disso é útil, afirma
o Iluminado, no caminho que conduz ao desprendimento, à eliminação do desejo, à
tranquilidade e ao nirvana.
Em vez de
ludibriar o seguidor com visões do inferno e do paraíso, Buda o incita a agir no sofrimento. O absoluto só
pode ser vivenciado por meio do estudo da doutrina e da prática da meditação. O
nirvana é uma experiência pessoal e intransferível.
E o silêncio inicial de Gautama, um grande sinal de caráter.
Imagem: Gautama
Buddha - O Iluminado. Conhecido também como Siddhartha Gautama, era um monge e
um sábio. Seus ensinamentos serviram de base para fundação do budismo.
Base: ‘A História das Crenças e das Ideias
Religiosas’, de Mircea Eliade, segundo
volume da trilogia, citado por F.Torres
| FSP
(JA, Dez18)