Proclamação da República, em óleo sobre tela, de Benedito Calixto, 1853-1927
A Proclamação da República Brasileira, ocorrida em 15 de Novembro de 1889,
instaurou a forma republicana presidencialista de governo no Brasil, encerrando
a monarquia constitucional parlamentarista do Império e, por conseguinte,
destituindo o então chefe de Estado, o Imperador D. Pedro II, que em seguida, recebeu ordens de partir para o exílio na
Europa.
A proclamação, ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça da República), na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, quando um grupo de militares do exército brasileiro, liderados pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca, destituiu o imperador e, assumiu o poder no país, instituindo um governo provisório republicano, que se tornaria a Primeira República Brasileira.
Antecedentes
Em uma conversa sincera com o Ministro José Antônio Saraiva (1823-1895) o Imperador Dom Pedro II afirmou que não se importaria caso o Brasil se tornasse uma
República, que para ambos já era inevitável.
Em 1889 Saraiva confirmaria, certa vez, essa
disposição do Imperador, dizendo ao genro de Cotegipe que o Monarca era um
homem profundamente honesto: ‘se se convencesse de que o País queria a
República, largaria imediatamente o trono e ir se ia embora com sua Família’.
Como, de fato, fez, sem um protesto, sem uma palavra
ou sequer um gesto em favor de seus direitos de reinar. Aliás, essa tolerância sempre
foi um dos traços marcantes da sua personalidade.
Um dos líderes do Partido Liberal no final do Império, e
monarquista sincero, o Baiano José Antônio Saraiva, escrevendo a Silveira
Martins lamentava que os políticos que tinham por dever defender e zelar pelo
regime, fizessem ouvidos de mercador aos erros da política.
Em Junho de 1889, o Imperador o recebeu em Petrópolis com ‘manifesta satisfação’ (palavras de Saraiva). Fazendo-o sentar-se a seu lado,
dispôs-se a ouvi-lo com toda a atenção. o Imperador tinha especial predileção
pelo feitio frio e distante de Saraiva, pela sua habitual franqueza e
honestidade.
Argumentava Saraiva ao Imperador, que o único remédio para
obstar, ou pelo menos adiar o advento da República, perigo maior, era um
programa democrático baseado na federação das Províncias que, afastando a
eventualidade de um movimento revolucionário, impedisse todo abalo capaz de
atingir a Nação nos seus centros produtores.
Saraiva já acreditava que o advento da República parecia
próximo, e que se tornava necessário preparar o País para ela, fazendo a
federação das Províncias, e que, após isso, o Imperador abdicasse a
coroa. Isso evitaria a Anarquia, pois a Princesa Isabel e o Conde D'Eu não
seriam aceitos como sucessores do Trono, segundo sua visão.
Fonte: ‘A História da Queda do Império’ | Heitor Lyra
(JA, 15-Nov21)