A história esquecida do mais bem-sucedido negro do Brasil Monárquico
O empresário Francisco Paulo de Almeida foi fazendeiro de café, banqueiro, dono de mil escravos, de empresas, palácios, estrada de ferro, hidrelétrica e foi agraciado com título de barão pela Princesa Isabel. De origem africana e filho de escrava, a biografia do Barão de Guaraciaba é pouco conhecida na história do Brasil.
O motivo da pouca divulgação dos feitos do empresário é que
era negro, em um país de escravos. Segundo a historiadora e escritora Mary Del
Priore, Almeida fazia parte de um pequeno grupo mestiço de origem africana que
conseguiu ascender financeira e socialmente.
Ele foi o primeiro e mais bem-sucedido barão negro do
Império, com uma trajetória similar ao do conhecido Barão de Mauá, e patrimônio
acumulado de 700 mil contos de réis - uma fortuna
bilionária à época.
Almeida nasceu em Lagoa Dourada, que era um arraial próximo a
São João del Rei, no interior de Minas Gerais, em 1826. Ele era filho
do comerciante local Antônio José de Almeida e da escrava Palolina, de acordo
com o historiador Carlos Alberto Dias Ferreira, autor do livro ‘Barão de
Guaraciaba – Um negro no Brasil Império’.
Ele começou a trabalhar como ourives fabricando botões e
abotoaduras, na região de Minas Gerais. Com cerca de 15 anos, tornou-se tropeiro entre Minas e a Corte, no Rio de
Janeiro. Com o dinheiro das viagens, começou a comprar gado e terras para
plantar café na região de Valença.
Casou-se com dona Brasília Eugênia de Almeida, e tornou-se
sócio do sogro, que era fazendeiro e homem de negócios. A partir daí, sua
fortuna deslanchou.
Ajudou a fundar dois bancos: o Mercantil de Minas Gerais e o
de Crédito Real de Minas Gerais. Participou da construção da Estrada de Ferro
Santa Isabel do Rio Preto, que ligava Valença à Barra do Piraí inaugurada por
D. Pedro II, em 1883.
Neste contexto, começaram suas boas relações com a família
real, que culminaram na concessão do título de barão. Mas, para entrar para a
nobreza, o barão desembolsava o custo fixo de 750 mil réis.
Almeida também foi sócio fundador da primeira usina
hidrelétrica do Brasil, em Juiz de Fora (MG),
inaugurada em 1889.
Em Petrópolis, no Rio de Janeiro, construiu uma mansão, que
hoje abriga a Câmara Municipal.
Fonte: UOL - A história esquecida do 1º barão negro do Brasil Império, senhor de mil escravos.
(JA, Nov21)