Com a ‘Pedagogia do
Oprimido’, Paulo Freire mudou a maneira que a educação é pensada no mundo
Paulo Reglus Neves Freire, 1921-1997, foi
um educador e filósofo brasileiro. É considerado um dos pensadores mais
notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento
chamado pedagogia crítica. É também o Patrono da Educação Brasileira.
Paulo Freire tem uma grande
influência no mundo todo quando o assunto é educação. Seu trabalho e sua teoria
são estudados, não apenas na faculdade de pedagogia, como também em diversos
outros cursos ao redor do globo.
Para se ter uma ideia da
importância de suas pesquisas para o desenvolvimento do saber, ele atualmente
ocupa a 3ª posição no ranking dos pensadores mais citados em trabalhos
acadêmicos. Ou seja, suas ideias têm servido de base para que muitos outros
pesquisadores desenvolvam seus trabalhos.
Quem foi Paulo Freire
Alvo de sentimentos extremos
por parte da nação brasileira, poucas pessoas realmente sabem quem foi Paulo
Freire e qual é a importância de sua Pedagogia do Oprimido.
Freire desenvolveu uma nova
maneira de educar, que se contrapunha diretamente ao método que era utilizado
nas chamadas ‘escolas burguesas’ – a ‘educação bancária’, tecnicista e
alienante, que colocava o professor como dono do conhecimento e o aluno como
apenas um ‘receptáculo’ do que o professor teria a passar. Segundo Freire, isso
não era o suficiente para ensinar as crianças e adolescentes a pensar.
Foi então que ele desenvolveu
uma experiência de ensino a partir do mundo conhecido pelos alunos, não se
restringindo apenas a crianças e adolescentes, mas alcançando também os
adultos.
Através desse método, que foi
nomeado ‘Pedagogia do Oprimido’, Freire e outros professores conseguiram
ensinar 300 adultos a ler e escrever em menos de 40 horas. O fato aconteceu na
pequena cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte, em 1963.
Essa metodologia se baseava
em ensinar fonemas por meio de palavras que fizessem parte do dia a dia dos trabalhadores,
como tijolo, cimento ou vassoura. Esse episódio, da alfabetização em massa,
inspirou um Plano Nacional de Alfabetização, que, infelizmente, foi arquivado
com o Golpe de 1964 e nunca mais retomado.
Pedagogia do Oprimido - o que tem de
polêmico
Paulo Freire era um grande
crítico da já citada ‘escola bancária’. Segundo ele, esse método de ensino não
era apenas ineficiente – por tornar o aluno quase incapaz de aprender sozinho
sobre novos assuntos –, como também era alienante. Afinal, ao estudar a partir
de coisas que não pertenciam à sua realidade, o aluno não era convidado a
pensar sobre a própria vida e sua subjetividade.
Freire escreveu que ‘os
homens se educam entre si mediados pelo mundo’. Ou seja, a educação só é
possível quando o mundo é levado em consideração nessa prática.
A Pedagogia do Oprimido é,
portanto, uma metodologia que, ao levar em conta o contexto em que a pessoa
está inserida, convida a uma autorreflexão sobre a própria realidade e as
coisas que lhe atingem.
Por ser uma metodologia
crítica às opressões, a Pedagogia do Oprimido e Paulo Freire foram tratados
como se fossem muito subversivos pela Ditadura Militar. Ele foi obrigado a se
manter exilado no Chile, logo após ter permanecido 70 dias preso.
Com a anistia, Freire voltou ao país em 1979, mais de 10 anos após ter saído do Brasil.
Apesar de jamais ter tido seu
projeto plenamente adotado a nível nacional, Freire é considerado o patrono da
educação brasileira, pois suas ideias foram responsáveis por várias reformulações
dos métodos de ensino, ainda que uma parte conservadora lute para manter a ‘educação
bancária’.
Foi o brasileiro mais
homenageado da história, com pelo menos 35 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da
Europa e América; e recebeu diversos galardões como o prêmio da UNESCO de
Educação para a Paz em 1986. Em 13 de abril de 2012 foi sancionada a Lei nº 12.612, que
declara o educador Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira. Segundo uma
pesquisa envolvendo três estados brasileiros, Paulo Freire é o nome de escola
mais comum.
Paulo Freire é, ainda hoje, a utopia da educação brasileira, democratizada
e acessível para todos.
Fonte: Débora Ramos, Capital News | WP | Dvs
(JA, Set19)