Ontem estivemos na Festa Junina do Clube Paineiras do Morumby. Uma festa prestigiada por um grande público. Tudo lindo, muito bem
arranjado: a decoração perfeita, uma praça de alimentação muito bem
estruturada, apresentação de várias bandas e grupos de dança bem selecionados.
Enfim, nada a criticar. Muito pelo contrário.
Como não podíamos perder o show
principal da noite, o do ‘Michel Teló’, marcado para as 20h, todos ficamos aguardando. Eram 20:20h e todos ainda permaneciam
no aguardo – havia sido ultrapassada a
barreira dos 15' que, como os estrangeiros são informados, é considerado um
atraso normal aqui no Brasil . Estranhei porque havia visto pela manhã o ônibus
da equipe naquele estacionamento do clube que está interditado. Será que que o MT estava dormindo no ônibus,
e esqueceram de chamar?! Ou será que ele
adotou o ‘Padrão Globo’ de qualidade do passado? Lembram-se quando a ‘novela
das oito’ começava às nove horas da noite?
Até que resolveram corrigir, e passaram a chamar acertadamente de ‘novela
das nove’. O show começou às 20:30h, pontualmente.
Eu estava curioso. Era a primeira vez que iria ver pessoalmente a
celebridade cuja música "Ai Se Eu Te Pego" - depois da sua improvável
descoberta pelo craque português Cristiano Ronaldo -, atingiu em 2012, apenas
nos primeiros dias do lançamento, a surpreendente marca de ‘80 milhões de
acessos’ (dizem...)
A explicação é que esse resultado foi
fruto de uma campanha viral. Algo que se espalha pelas redes sociais, como um
vírus de gripe que se pega no ar, e que atinge milhões.
Pretendia apenas ouvir, observar e sentir a performance, e dar um “Michel Atélógo”. Mas não fui bem sucedido. Quando propus isso, todos já estavam pulando
ao ritmo da música, cantando junto, e acharam um absurdo eu querer ir embora.
Não sei como, quase todos que estavam ao meu lado, e o público em geral, sabiam
de cor as letras das músicas cantadas, sendo que a única música dele que eu já
tinha ouvido era a famigerada ‘Aí Se ..”
Uma das coisas que me surpreendeu
também foi o aglomerado do pessoas que se formou e ficou em pé, na frente ao
palco. Imagino que eles não estivessem conseguindo ver o show direito, mas permaneceram
ali o tempo todo, atrapalhando a visão dos que estavam sentados. Deve ser por
isso que instalaram o ‘Michel Telón”. Um telão permitia apreciar o show de qualquer lugar da plateia.
E aqueles flashes dos celulares,
pipocando, registrando cada momento?! Pareciam aquelas velas que os fiéis
ascendem nos eventos religiosos para homenagear o santo do dia...
Quanto à música, essa podia ser
ouvida num raio de quilômetros, transmitida por equipamentos poderosos, de
última geração. Não tinha nada de especial,
embora bem ritmada, bem tocada, alegre, barulhenta.
Mas tudo isso não explica, justifica, o
resultado surpreendente. Sou levado a acreditar que, atualmente, não há mais
celebridades boas ou más, mas apenas celebridades. E o público, não é o público do artista, mas o do
sucesso. O público do artista vem depois.
Em resumo, não fui envolvido pela
emoção como a maioria. A pergunta que
fica é: ‘Por que?’ Será que, à exemplo
do personagem do filme de Woody Allen, “Meia Noite em Paris”, eu valorize e respeite
mais as celebridades do passado, minimizando as do presente? Pode ser. Mas até lá, até que eventualmente eu
passe a ser público desse artista, vou continuar dizendo: ‘Michel, Atélógo’.
Tudo isso que vivenciei e que estou relatando
aqui, foi válido e só pode acontecer pela oportunidade criada pelo Clube
Paineiras do Morumby. Agradeço, e deixo aqui meus parabéns pelo planejamento e produção,
impecáveis.
(JA, Jun14)