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Chico Anísio





Em tempos de transição como estamos vivendo, ficamos imaginando como interpretariam os momento que vivemos, como traduziriam tudo que vivemos nesse ano, por meio da sua arte se ainda estivessem entre nós. Esse seria o caso, sem dúvida, do Chico Anysio que, no último dia 23, completou oito anos de sua passagem para outro plano.

Quais personagens entre suas centenas deles traduziria tudo que vivemos? Seria  o profeta? O Tim Jones? O Panteleão que contaria com intervenção de Pedro Bó, a quem tudo não passaria de uma histeria, e mandaria ver uma mentira digna daquelas de pescador?

Chico, foi quem melhor espelhou por meio do seu humor, em que não simplesmente interpretava personagens, mas os incorporava, realmente os encarnava, dando a nítida impressão que era outra pessoa. Até por isso dizia que ,antes de ser humorista, era um ator, um ator que espelhava com seu humor um pouco das nossas idiossincrasias. Tratava-se de uma espécime rara no humor brasileiro, daqueles que podem até aparecer um aqui outro ali, parecido, mas não igual ou superior, pois era alguém que escrevia, interpretava, com uma precisão única, com uma assinatura muito pessoal.

A história desse ícone que saiu da pequena Maranguape, no Ceará para entrar para a história do humor brasileiro, teve início em tempo distante.



Francisco Anysio de Oliveira de Paula Filho, conhecido artisticamente como Chico Anysio, nasceu em Maranguape, 12 de abril de 1931. Mudou-se com sua família para o Rio de Janeiro quando tinha sete anos de idade.  

Tempos depois, já adolescente, decidiu tentar fazer um teste para locutor de rádio quando a sua irmã também faria. Saiu-se excepcionalmente bem no teste, ficando em segundo lugar, somente atrás de outro jovem iniciante, por coincidência o próprio Silvio Santos.



Na rádio na qual trabalhava, a Rádio Guanabara, exercia várias funções: radio ator, comentarista de futebol, etc. Participou do programa Papel carbono de Renato Murce. Na década de 1950 trabalhou nas rádios Mayrink Veiga, Clube de Pernambuco e Clube do Brasil. Nas chanchadas da década de 1950, Chico passou a escrever diálogos e, eventualmente, atuava como ator em filmes da Atlântida Cinematográfica.


Na TV Rio estreou em 1957 o 'Noite de Gala'. Em 1959 estreou o programa 'Só Tem Tantã', lançado por Joaquim Silvério de Castro Barbosa, mais tarde chamado de 'Chico Total'. 

Além de escrever e interpretar seus próprios textos no rádio, televisão e cinema, sempre com humor fino e inteligente, Chico se aventurou com relativo destaque pelo jornalismo esportivo, teatro, literatura e pintura, além de ter composto e gravado algumas canções.

Chico Anysio foi um dos responsáveis pela intermediação referente ao exílio de Caetano Veloso em Londres. Quando completou dois anos de exílio, Chico enviou uma carta para Veloso, pedindo que este retornasse ao Brasil. Caetano e Gilberto Gil haviam sido presos em São Paulo, duas semanas depois da decretação do AI-5, o ato que dava poderes absolutos ao regime militar.

Trazidos ao Rio de carro, os dois passaram por três quartéis, até viajarem para Salvador, onde passaram seis meses sob regime de prisão domiciliar. Em seguida, em meados de 1969, receberam autorização para sair do Brasil, com destino a Londres, de onde só retornariam no início de 1972

Vale lembrar que Chico Anysio, mesmo ajudando Gil e Caetano, também era muito amigo de Wilson Simonal, e ficou do lado do amigo até o resto da sua vida. Foi uma das poucas pessoas do meio artístico a defender sua inocência até o fim da vida do cantor em 2000


Desde 1968 esteve ligado à Rede Globo, onde conseguiu o status de estrela, num elenco que contava com os artistas mais famosos do Brasil; e graças também à relação de mútua admiração e respeito que estabeleceu com o executivo Boni, onde fez programas que entraram para a história da Televisão brasileira, e foram líderes de audiência, e serviram de influência para diversas gerações de humoristas, tais como 'Chico City', 'Chico Total', e a 'Escolinha do professor Raimundo', que foi o primeiro personagem que criou no início de sua carreira no rádio.  

Após a saída de Boni da Globo, em 1996, Chico perdeu paulatinamente espaço na programação, situação agravada no mesmo ano por um acidente em que fraturou a mandíbula.


Em 2005 fez uma participação no Sítio do Pica-pau Amarelo, onde interpretava o ‘Dr. Saraiva’ e, mais tarde, participou da novela 'Sinhá Moça', na Rede Globo.

Em 2009, participou da dublagem brasileira de ‘Up - Altas Aventuras’, como o protagonista Carl Fredericksen. O elenco também incluía seu filho Nizo Neto. Nesse período, sua saúde já estava dando sinais de precariedade.

O humorista foi internado em 2 de dezembro de 2010, devido a falta de ar. Na avaliação inicial, detectou-se obstrução da artéria coronariana, sendo então submetido à angioplastia. Chico Anysio ficou 109 dias internado, recebendo alta apenas em 21 de março de 2011. Nesse período, permaneceu a maior parte do tempo na UTI.

Em 23 de abril de 2011, Chico Anysio retornou ao programa ‘Zorra Total’ interpretando a personagem Salomé. No quadro, Salomé conversava ‘de mulher para mulher’ com a então presidente Dilma Rousseff.



O humorista também se preparava para gravar sua participação em alguns filmes, entre eles ‘A Hora e a Vez de Augusto Matraga’, dirigido por Vicente Coimbra, ‘Desde o Princípio’, dirigido por Cesar Nero, ‘Os sonhos de um Sonhador - A História de Frank Aguiar’, dirigido por Caco Milano, entre outros.

Porém, em 30 de novembro de 2011, foi internado novamente, devido a uma infecção urinária. Recebeu alta 22 dias depois, em 21 de dezembro, mas já no dia seguinte voltou a ser internado, com hemorragia digestiva. Em fevereiro de 2012 foi diagnosticado com uma infecção pulmonar. Apresentou uma piora nas funções respiratória e renal em 21 de março daquele ano.

Chico Anysio morreu em 23 de março de 2012, aos oitenta anos, no Hospital Samaritano do Rio de Janeiro, por falência múltipla de órgãos.

Seu velório aconteceu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que foi aberto ao público ao meio dia, onde se reuniram milhares de fãs, amigos, e colegas de trabalho, como Maurício Sherman, Glória Pires, André Lucas, Orlando Drummond e José Santa Cruz. Seu último pedido foi o de ser cremado. Parte de suas cinzas foi enviada para Maranguape, sua cidade natal, e o resto para os estúdios do Projac.

Casado sete vezes, teve oito filhos, dos quais se destacaram dois no meio artístico. Um deles, Bruno Mazzeo, fruto de seu relacionamento com a ex-modelo e ex-atriz, hoje promotora de eventos, Alcione Mazzeo, é quem mais se aproxima do dom artístico do pai.

Desde sua passagem para outro plano, há uma lacuna que muitos de seus discípulos, tais como Tom Cavalcanti, por exemplo, tentam preencher, mas sem o mesmo  jeito único de elevar o humor a uma categoria de arte. Chico foi o Bethoven do humor. Fica a nossa humilde homenagem a essa figura ímpar do humor brasileiro.




Fonte: Marco Antonio Rudolf  |  Memórias Paulistanas


(JA, Mar20)


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