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Epidemias que moldaram o Brasil, deixando marcas profundas na sociedade


Para pesquisador, vencer a pandemia de Covid-19 demandará equilíbrio entre segurança e liberdade

Charge de Angelo Agostini retrata a febre amarela ceifando vidas no Carnaval do Rio de 1876

A partir da análise de três períodos de doenças infecciosas no país, do século 16 ao coronavírus, e das marcas profundas que legaram à sociedade, pesquisador avalia que vencer a crise atual demandará equilíbrio entre segurança e liberdade.

O coronavírus deita suas raízes letais no Brasil e ilumina uma nação sob o domínio de uma nova era de epidemias. Nosso olhar ansioso se volta para o futuro, mas deveríamos também olhar para trás.

Dois períodos, nos séculos 16 e 19, também foram caracterizados por pragas desconhecidas e terríveis. Elas deixaram marcas profundas e duradouras no Brasil. Uma breve história dessas fases pode nos oferecer uma ideia melhor do tipo de mundo que vai nos saudar amanhã.

O terceiro e atual período de doenças infecciosas —que inclui HIV/Aids, Zica, febre amarela, dengue e coronavírus— pode ser atribuído à circulação maior e mais rápida de pessoas que trazem germes.

Fatores não humanos, como mutações genéticas e flutuações climáticas, sempre exerceram um impacto, mas dentro de contextos sociais. De fato, as grandes etapas da migração humana e da globalização foram marcadas por epidemias.


Henry Chamberlain, Inglês, 1822

 Período 1  (Sec. 15 e 16)

Quando os primeiros europeus e africanos escravizados atravessaram o oceano Atlântico, nos séculos 15 e 16, carregaram consigo, sem sabê-lo, um conjunto de doenças destrutivas que despovoaram as Américas. Não se sabe ao certo quais doenças mataram milhões de indígenas; o mais provável é que tenham sido a varíola, o sarampo, e a influenza.

Exploradores e conquistadores, que haviam ganhado, em sua maioria, resistência imunológica quando expostos às doenças na infância, na Europa ou na África, aproveitaram a devastação para ganhar guerras, escravizar, ocupar e se estabelecer em novas terras.

As baixas maciças provocadas pelas pestes do século 16 no Brasil, ficaram na maior parte sem ser vistas ou documentadas, já que ocorreram longe do litoral.
Para entender a forma que o Brasil poderia ter assumido, se o primeiro período de epidemias não tivesse ocorrido, precisamos comparar os esforços de colonização portuguesa na Índia e na África, onde densos assentamentos de povos nativos imunologicamente resistentes, mantiveram os portugueses em fortalezas costeiras.


Henry Chamberlain, Inglês, 1822

Ademais, o Brasil deve seu legado afro-brasileiro em parte às doenças, porque os escravos foram importados da África em resposta à percepção de que as populações indígenas minguantes, não conseguiriam satisfazer a necessidade aguda de trabalhadores.

Os portugueses testemunharam algumas vezes as epidemias que dizimaram comunidades indígenas no século 15. Apesar disso, o Brasil era descrito como terra perpetuamente verdejante, fértil e extraordinariamente salubre desde seus primórdios.

Ainda em 1576, o cronista português Pero de Magalhães Gandavo escreveu que os ares do Brasil eram ‘tam puros e coados’ que ‘recream e acrescentam à vida do homem’. Depois de conquistarem a maior parte da costa nordeste brasileira na década de 1630, os holandeses ajudaram a perpetuar a reputação de salubridade.

A peste bubônica devastou a república holandesa, enquanto Maurício de Nassau e sua comitiva de naturalistas e artistas, escapavam para o paraíso terrestre brasileiro.

Ao longo do período colonial, mesmo os críticos mais ferrenhos das Américas costumavam ver o Brasil como uma exceção à chamada zona tórrida. Cornelius de Pauw e William Robertson argumentaram que os animais, e os povos do Novo Mundo, eram naturalmente degenerados. Eles também escreveram que os ventos atlânticos refrescavam ou purificavam o Brasil.

Período 2  (Sec. 17 - 19)

Mesmo no meio quarto de século, após a Independência, observadores brasileiros e europeus concordaram que o país tinha escapado das epidemias que grassaram em outras partes da América e da Europa, incluindo a febre amarela, o cólera e a influenza.

Charles Darwin ecoou uma opinião comum em 1839. Durante uma escala no Peru, escreveu que ‘o miasma [causador de doenças] nem sempre é produzido por uma vegetação luxuriante com um clima ardente, pois muitas partes do Brasil, mesmo onde há pântanos e uma vegetação viçosa, são muito mais salubres que esta costa estéril’.

A reputação de salubridade excepcional que o Brasil conservou por três séculos foi destruída repentinamente, quando uma nova onda de epidemias estourou em 1849, novamente transformando o país.

Nesse ano, milhares de pessoas embarcaram para buscar ouro na Califórnia, sendo que boa parte fez escala no Rio de Janeiro. Com navios mais velozes, e em maior número atravessando o Atlântico, de um lado ao outro, três enfermidades novas, todas absolutamente desconhecidas e pavorosas, foram carregadas do outro lado do oceano, em micróbios que colonizaram recipientes de água potável, se aninhando dentro de corpos humanos, e se reproduzindo no sangue e na saliva de diversos ectoparasitas.

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Mosquito AA, transmissor vírus dengue, Zica, e da Chikungunya

O mosquito urbano Aedes aegypti, vetor da febre amarela, foi o primeiro a desembarcar, e a levar muitas pessoas a adoecer, especialmente europeus, sem exposição prévia à doença. A febre amarela transformou os portos, e extensas planícies costeiras do Brasil, em lugares assustadores para imigrantes, marinheiros, mercadores e investidores.

A varíola era antiga e familiar —havia se instalado no litoral, depois de 1850. Mesmo quando a vacinação começou a controlá-la, em grande parte da Europa e da América do Norte, os surtos da doença pioraram no Brasil.

Entre 1854 e 1868, o cólera fez centenas de milhares de vítimas entre trabalhadores agrícolas, e de usinas de açúcar, em sua maioria escravizados e negros pobres. Em algumas províncias a população escravizada diminuiu em mais de um terço em poucos anos.

Pandemias de influenza atravessaram o Atlântico Norte no século 19, mas os brasileiros parecem ter escapado delas até 1890, quando sofreram de gripe junto à boa parte do resto do mundo.

Anos depois, a maioria dos moradores pobres das grandes cidades do Nordeste corriam o risco de ser mordidos por ratos contaminados com a peste bubônica (entre 1899 e a década de 1940), outra recém-chegada indesejada no país.

Quando ratos, portadores da bactéria da peste, começaram a correr sorrateiros entre docas e vielas do agitado porto de Santos, em 1899, os brasileiros viram seu país retroceder.

Rui Barbosa, um dos fundadores do regime republicano e coautor da Constituição brasileira de 1891, escreveu: ‘As assolações directas produzidas pelo flagello; a diffamação do nosso clima, a reputação desastrosa de insalubridade, a influência incalculavel exercida por esse phantasma sobre o povoamento do nosso território, assignalado ao estrangeiro como o habitat da morte’. (A Imprensa, 6 de fevereiro de 1899).

As consequências do segundo período de epidemias do Brasil, não se limitaram à imigração. Além de uma perda trágica, e em muitos casos evitável de vidas, as epidemias que assolaram o país na segunda metade do século 19 deterioram a escravidão, desestabilizaram economias e governos no final do Império, e no início do regime republicano, levaram ao surgimento de uma sociedade mais secularizada, com presença maior da medicina, e moldaram o perfil demográfico do Brasil por gerações.

As patologias eram ecológicas e sociais. As doenças transformaram a autoimagem e o sentimento nacional brasileiro, transformando uma nação jovem, vista durante séculos como um Éden, abençoado e povoado de gente robusta, em um lugar perigoso, degenerado e sombrio que não se distinguia do restante da ‘zona tórrida’.

A desigualdade regional extrema do país, seu número mais baixo de trabalhadores imigrantes (em comparação com os países vizinhos), e sua população altamente urbanizada, se devem em boa medida a micróbios, e às maneiras que brasileiros, comerciantes estrangeiros e potenciais imigrantes, lidaram com algo que hoje se entende como os ciclos de patogenia e propagação entre espécies.

O segundo período de epidemias terminou por volta de 1910, quando um Estado mais ativo e centralizado promoveu melhorias na saúde, pelo menos entre a elite e os setores intermediários das maiores cidades e os estados mais ricos do país. Poucos defendiam que o Brasil era salubre; em 1916, em frase que ficaria famosa, o médico sanitarista Miguel Pereira caracterizou sua pátria como ‘um imenso hospital’.

Período 3  (Sec. 20 e 21)

A pandemia de influenza de 1918 chegou ao país no mesmo ano, mas matou, proporcionalmente, muito menos pessoas que na Europa e na América do Norte. Nos anos 1920, os caçadores brasileiros de micróbios passaram a ser celebrados internacionalmente, por suas descobertas.

Uma década depois, havia uma confiança renovada na robustez do corpo ‘luso-tropical’, ou miscigenado, do brasileiro, como exaltavam antropólogos como Gilberto Freyre. Como Freyre reconheceu, havia muito tempo que clima e raça ajudavam a explicar o potencial humano.

A terceira e atual era de epidemias do Brasil, começou em 1990, quando as mortes por Aids passaram de 10 mil. Felizmente, o programa nacional de combate à doença do país serviu de exemplo para o mundo em matéria de prevenção, atendimento e tratamento.

Quando os casos de Aids alcançaram seu auge, em 1998, as mortes por dengue começaram a aumentar.


Agentes da prefeitura usam fumacê para combater o AA região Guaianases, zona Leste SP, 13-Fev16

A dengue e várias outras doenças perigosas não são transmitidas sexualmente, mas propagadas pelo Aedes aegypti, um mosquito que voltou a assolar o Brasil no século 20, e reassumiu seu lugar nas cidades do país.

Mais de 6000 pessoas morreram de dengue no Brasil entre 1986 e 2019. O número de casos voltou a subir nitidamente no ano passado.


Equipe Secret Municipal Saúde dedetizando rua Francisco Inglês, Santana-SP, preventivo contra o mosquito, 29-Abr86

O mesmo mosquito também transmite o vírus da Zica, observado pelos médicos, pela primeira vez, em Natal, em 2014.


Grávidas cujos bebês foram diagnosticados com microcefalia em Salvador, 25-Nov15

A maioria dos casos de Zica é assintomática, ou provoca sintomas brandos. Entretanto, mulheres contaminadas no início da gravidez, possuem risco 17 vezes maior de apresentar malformações congênitas que causam deficiências leves a graves em seus filhos. O surto de Zica em 2016 e 2017 deixou mais de 14 mil casos suspeitos de microcefalia e centenas de outras pessoas com dor e paralisia.

Finalmente, o mosquito Aedes aegypti, e seu primo Aedes albopictus, trouxeram de volta ao Brasil um assassino antigo, que inspira temor.


Cleide Faria, 71, toma vacina contra FA capital paulista. Recomendação - maiores 60 anos passem por avaliação médica, 12-Jan18

Em 2016 e 2017, houve mais de 2000 casos confirmados de febre amarela, com 745 mortes. Essa taxa de letalidade altíssima levou a reações próximas ao pânico, e o governo respondeu agressivamente, vacinando milhões de pessoas. O número de casos diminuiu, mas o risco continua presente.

Devido à degradação ambiental, à caça ilegal, e ao comércio de animais silvestres, além da hiperglobalização, os períodos epidemiológicos, ativos e inativos, não ficam mais restritos a determinados países ou regiões. O ebola, a Sars, a Mers e a Covid-19, passaram de animais para humanos, e ameaçam populações de todo o planeta.

O que pode barrar a ascensão de doenças infecciosas e da morte que as acompanha?  É essa a pergunta que não quer calar.

Um fenômeno global requer uma resposta global. Hoje, a OMS (Organização Mundial da Saúde) pode emitir recomendações, propor orientações e oferecer recursos, mas não pode obrigar os governos nacionais a fazer nada. Trocar um pequeno grau de soberania por uma segurança nacional maior, parece ser uma escolha óbvia, diante da ameaça de doenças mais letais que a Covid-19.

Numa transição como essa, o Brasil precisa novamente liderar pelo exemplo —afinal, os governos municipais e estaduais do país expulsaram o perigoso Aedes aegypti das cidades brasileiras, há mais de cem anos. Mais recentemente, o enfoque integrado que o Brasil adotou diante da Aids demonstrou como um país, com menos recursos e níveis mais altos de desigualdade social, é capaz de derrotar uma pandemia.

Se voltarmos a abraçar os ideais liberais de fronteiras abertas, viagens baratas, e cadeias produtivas globais, as sociedades terão que fazer opções difíceis. Essas podem incluir a aceitação de regimes de saúde com aplicação internacional, o aumento significativo de recursos para organizações nacionais e internacionais de saúde pública, e a expansão da biovigilância, com o reconhecimento claro de que cada cidadão ou visitante é um corpo potencialmente infeccioso.

A era atual de epidemias, assim como a anterior, precisa encontrar um ponto de equilíbrio entre segurança e liberdade.


Equipe trabalha laboratório preparo vacina contra dengue Instituto Butantã, 04-Nov16


Resenha

     

 1.      Varíola


A varíola é uma doença infectocontagiosa provocada pelo vírus Orthopoxvirus variolae, da família Poxiviridae. Esse vírus foi erradicado. Costumava ser contagioso, desfigurante e, muitas vezes, mortal.

A varíola de ocorrência natural foi destruída em todo o mundo em 1980.

Além de sintomas semelhantes aos da gripe, os pacientes também apresentam irritação na pele que aparece primeiro no rosto, nas mãos e nos antebraços e, posteriormente, no tronco.

Não há tratamento ou cura para a varíola. Uma vacina pode preveni-la. No entanto, o risco de efeito colateral da vacina é muito elevado para justificar a vacinação de rotina em pessoas com baixo risco de exposição ao vírus.

2.      Sarampo


Infecção viral que é grave para crianças pequenas, mas de fácil prevenção por meio de vacina.

A doença se espalha pelo ar por gotículas respiratórias produzidas ao tossir ou espirrar.

Os sintomas do sarampo aparecem apenas de 10 a 14 dias após a exposição. Eles incluem tosse, coriza, olhos inflamados, dor de garganta, febre e irritação na pele com manchas vermelhas.

Não há tratamento para se livrar de uma infecção de sarampo estabelecida, mas antitérmicos vendidos sem prescrição médica ou vitamina A podem aliviar os sintomas.

3.      Influenza


Uma infecção viral comum que pode ser fatal, especialmente em grupos de alto risco.

A gripe ataca os pulmões, o nariz e a garganta. Crianças pequenas, idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas ou imunidade baixa correm alto risco.

Os sintomas incluem febre, calafrios, dores musculares, tosse, congestão, coriza, dores de cabeça e fadiga.

A gripe é tratada principalmente com repouso e ingestão de líquidos para permitir que o corpo combata a infecção por conta própria. Analgésicos anti-inflamatórios vendidos sem prescrição médica podem ajudar com os sintomas. 

Uma vacina anual pode ajudar a prevenir a gripe e limitar suas complicações.

4.      Febre Amarela


A febre amarela é transmitida por mosquitos a pessoas não vacinadas em áreas de mata. A vacinação está disponível nos postos de saúde de todo o país e é recomendada para pessoas que habitam ou visitam áreas com risco da doença. 

Uma dose apenas garante imunidade por toda a vida.

5.      Cólera


Doença bacteriana que causa diarreia grave e desidratação, normalmente transmitida pela água.

A cólera é fatal se não for tratada imediatamente.

Os principais sintomas são diarreia e desidratação. Raramente, choque hemorrágico (quando uma pessoa perde mais de 20% do sangue ou fluido corporal) e convulsões podem ocorrer em casos graves.

O tratamento inclui reidratação, transmissão intravenosa de fluidos (IV) e antibióticos.

6.      Peste Bubônica

A peste bubônica causou milhões de mortes, e era tratada por pessoas que usavam roupas fantasmagóricas



Transmitida por uma bactéria que vive em roedores selvagens e suas pulgas – a bactéria Yersinia pestis . 

É uma infecção bacteriana grave. A doença matou cerca de 50 milhões de pessoas no século 14, quando era chamada de Peste Negra (um termo que caiu em desuso atualmente).

Os sintomas incluem inchaço dos gânglios linfáticos, que podem ficar grandes como ovos de galinha, na virilha, na axila ou no pescoço. Eles podem ser sensíveis e quentes. Outros sintomas incluem febre, calafrios, dor de cabeça, fadiga e dores musculares.

A peste bubônica requer tratamento hospitalar urgente com antibióticos fortes.

7.      AIDS


A AIDS é causada pelo vírus HIV, que interfere na capacidade do organismo de combater infecções.

O vírus pode ser transmitido pelo contato com sangue, sêmen ou fluidos vaginais infectados.

Algumas semanas depois da infecção pelo HIV, podem ocorrer sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, dor de garganta e fadiga. A doença costuma ser assintomática até evoluir para AIDS. Os sintomas da AIDS incluem perda de peso, febre ou sudorese noturna, fadiga e infecções recorrentes.

Não existe cura para a AIDS, mas uma adesão estrita aos regimes antirretrovirais (ARVs) pode retardar significativamente o progresso da doença, bem como prevenir infecções secundárias e complicações.

8.      Dengue


Doença viral transmitida por mosquitos que ocorre em áreas tropicais e subtropicais.

Pessoas infectadas com o vírus pela segunda vez têm um risco significativamente maior de desenvolver doença grave.

Os sintomas são febre alta, erupções cutâneas e dores musculares e articulares. Em casos graves, há hemorragia intensa e choque hemorrágico (quando uma pessoa perde mais de 20% do sangue ou fluido corporal), o que pode ser fatal.

O tratamento inclui ingestão de líquidos e analgésicos. Os casos graves exigem cuidados hospitalares.

9.      Zica


Zika Vírus (ZKV) é um vírus transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti (mesmo transmissor da dengue e da febre chikungunya) e o Aedes albopictus. O vírus Zika teve sua primeira aparição registrada em 1947, quando foi encontrado em macacos da Floresta Zika, em Uganda. Entretanto, somente em 1954 os primeiros casos em seres humanos foram relatados, na Nigéria. 

O vírus Zika atingiu a Oceania em 2007 e a Polinésia Francesa no ano de 2013. O Brasil notificou os primeiros casos de Zika vírus em 2015, no Rio Grande do Norte e na Bahia. Atualmente, sua presença já está documentada em cerca de 70 países.

O contágio principal pelo ZKV se dá pela picada do mosquito que, após se alimentar com sangue de alguém contaminado, pode transportar o ZKV durante toda a sua vida, transmitindo a doença para uma população que não possui anticorpos contra ele.

O ciclo de transmissão ocorre do seguinte modo: a fêmea do mosquito deposita seus ovos em recipientes com água. Ao saírem dos ovos, as larvas vivem na água por cerca de uma semana. Após este período, transformam-se em mosquitos adultos, prontos para picar as pessoas. O Aedes aegypti procria em velocidade prodigiosa e o mosquito adulto vive em média 45 dias. Uma vez que o indivíduo é picado, demora no geral de 3 a 12 dias para o Zika vírus causar sintomas.

A transmissão do ZKV raramente ocorre em temperaturas abaixo de 16° C, sendo que a temperatura mais propícia gira em torno de 30° a 32° C - por isso ele se desenvolve preferencialmente em áreas tropicais e subtropicais. A fêmea coloca os ovos em condições adequadas (lugar quente e úmido) e em 48 horas o embrião se desenvolve. 

É importante lembrar que os ovos que carregam o embrião do mosquito transmissor da Zika Vírus podem suportar até um ano a seca e serem transportados por longas distâncias, grudados nas bordas dos recipientes e a espera um ambiente úmido para se desenvolverem. Essa é uma das razões para a difícil erradicação do mosquito. Para passar da fase do ovo até a fase adulta, o inseto demora dez dias, em média. Os mosquitos acasalam no primeiro ou no segundo dia após se tornarem adultos. Depois, as fêmeas passam a se alimentar de sangue, que possui as proteínas necessárias para o desenvolvimento dos ovos.

O mosquito Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas. Costuma picar nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte. 

No entanto, mesmo nas horas quentes ele pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa. O indivíduo não percebe a picada, pois não dói e nem coça no momento. Por ser um mosquito que voa baixo - até dois metros - é comum ele picar nos joelhos, panturrilhas e pés.

Outras formas de transmissão

Uma gestante pode transmitir o ZKV para o feto durante a gravidez e essa forma de transmissão está relacionada a ocorrência de microcefalia e outros defeitos cerebrais graves do feto, além disso, alterações articulares, oculares e outras malformações vem sendo relacionadas à transmissão do ZKV da mãe para o feto e estão em estudo
.
10.  Covid-19

Ação do sars-cov-2 (em vermelho), a nova cepa de coronavírus, agredindo células normais do organismo 

O coronavírus (COVID-19) é uma doença infecciosa causada por um novo vírus que nunca havia sido identificado em humanos.

Sintomas característicos de infecção pelo novo coronavírus: febre, tosse seca, falta de ar e coriza, principalmente. Esses sintomas constituem o  principal termômetro para que os infectados saibam o momento correto para procurar o serviço de saúde ou, em casos mais brandos, isolar-se em casa.

Com o aumento dos casos - já levou 159 pessoas à morte no Brasil, as sociedades médicas passaram a publicar documentos que informam sobre possíveis novos indícios da infecção: a perda do olfato, e em alguns casos do paladar. Em alguns quadros clínicos, há também diarreia, situação incomum a outros quadros respiratórios.

Há ainda descobertas acerca de raros casos nos quais o vírus também desenvolveu-se em quadros de conjuntivite nos pacientes com Covid-19.

A principal forma de contágio do novo coronavírus é o contato com uma pessoa infectada, que transmite o vírus por meio de tosse, espirros, gotículas de saliva ou coriza. É possível se proteger ao lavar as mãos com frequência, e evitar tocar no rosto.





Fonte: Ian Read é professor de estudos latino-americanos na Universidade Soka da América,  FSP   e Dvs



(JA, Mar20)




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