Candidata à Presidência da República do Brasil em 2022
Quem é Simone Tebet
Simone Tebet tem 52 anos, é
natural de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, e foi confirmada em 27 de julho como
candidata do MDB à Presidência da República, em meio à polarização da
sigla por Lula e Bolsonaro.
A senadora, formada em
direito, começou sua carreira política em 2003 como deputada estadual. De 2005 a 2010 foi
prefeita de sua cidade natal por 2 mandatos. Deixou o cargo para ser vice-governadora do
MS.
É filha do ex-presidente do Senado Ramez Tebet, que morreu em 2006.
De 2013 a 2014, Tebet foi
secretária de governo até que, em 2015, foi empossada como senadora da República. Venceu as
eleições para a Casa Alta em 2014 com 52,61% dos votos válidos no Estado.
No Senado, Tebet foi a 1ª mulher a ser
presidente da principal comissão da Casa, a CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça).
Durante a pandemia, foi uma das mais críticas ao governo de Jair Bolsonaro
durante a CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) da Covid.
Em entrevista na época, a
senadora disse que o relatório da comissão seria um fator ‘muito forte’ para um
impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro.
Apesar do tom crítico,
acentuado durante e pós a pandemia, Tebet apoiou diversas das principais pautas
governistas. Votou favorável à PEC
(Proposta de Emenda à Constituição) das
bondades e do piso salarial dos enfermeiros mais recentemente. Antes, votou a
favor da reforma da Previdência, no 1º ano do governo Bolsonaro.
Nesses casos, a 1ª elevou
benefícios como o Auxílio Brasil e o vale gás, além de criar um voucher para
caminhoneiros. Já a 2ª colocou na Carta Magna o direito de enfermeiros e
parteiras terem piso salarial definido por lei.
Em 2021, Tebet foi
a 1ª
mulher a se candidatar à Presidência do Senado. Começou como o nome do MDB, maior
bancada da Casa, mas depois que sua derrota ficou iminente, a sigla retirou o
apoio oficial. Perdeu para Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que teve 58 votos, ante 21 da senadora.
No ano seguinte, Tebet foi a 1ª senadora a
assumir a liderança da bancada feminina da Casa Alta, criada em 9 de março. Ela
passou o bastão para a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), agora cotada para
ser vice em uma chapa 100% feminina ao Planalto.
3ª Via e Campanha
Desde quando o STF anulou
processos e devolveu os direitos políticos ao ex-presidente Luís Inácio Lula da
Silva (PT), em março de 2021, integrantes de partidos políticos, organizações e
movimentos sociais tentaram viabilizar um nome para combater a polarização
entre o petista e Jair Bolsonaro (PL).
Diversos nomes entraram na
disputa ao longo de 2021, mas a escolha ficou para 2022. A
indefinição neste ano, que se estendeu por meses com desavenças, rachas de
partidos e desistências, chegou ao fim nesta 4ª feira (27.jul.2022)
com a oficialização da candidatura de Simone Tebet, e apenas 3 partidos
unidos nesse grupo: MDB, PSDB e Cidadania.
Em 8 eleições para
presidente, nenhuma 3ª via deu certo no Brasil. Em 1989, por
exemplo, a esquerda se dividiu e perdeu a eleição. Lula (PT) e Brizola (PDT) ficaram em
2º
e 3º
lugar, respectivamente, derrotados por Fernando Collor (PRN). A opção
de 3ª
via de centro inexistiu em todas as disputas.
Para ser a candidata do
grupo, Tebet deixou pelo caminho nomes como o do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR)
e dos tucanos João Doria e Eduardo Leite.
Durante a pré-campanha, a
emedebista focou seu discurso em ser uma opção à polarização de Lula e
Bolsonaro. O programa de governo deve ter foco principal no combate à pobreza.
Esse tema seria dividido em atenção à 1ª infância e ampliação de programas sociais.
O responsável pelo programa é
o ex-governador gaúcho Germano Rigotto, que governou o Rio Grande do Sul de 2003 a 2007. Ele também
já foi deputado estadual e federal pelo MDB gaúcho.
Dentro da campanha de Tebet,
a ideia é que o programa será liberal na economia, e progressista em outras
áreas. Discurso que vai ao encontro das críticas feitas pela pré-candidata aos
extremos. Fala-se que a senadora teria uma espécie de ‘presidencialismo de
conciliação’.
Outro tema que tem sido
bastante abordado pela senadora é o da valorização das mulheres. Ela chegou a
dizer que ‘mulher vota em mulher’.
Afirmou que, caso eleita, seu ministério será paritário, ou seja, terá o
mesmo número de homens e mulheres.
‘Mulher vota em mulher porque
a mulher que faz sucesso, que se empodera, puxa outras mulheres para cima.
Hoje, mulher vota em mulher. No passado, o que não tínhamos era oportunidade’,
declarou.
Chapa 100% Feminina
Tebet confirmou no começo de
agosto que teria uma chapa composta só por mulheres. A senadora Mara Gabrilli (PSDB) foi a
escolhida. O arranjo veio depois da desistência de Tasso Jereissati (PSDB).
O fator decisivo para a
equipe de Tebet foi o resultado das duas últimas pesquisas qualitativas
encomendadas pela campanha. Os estudos mostraram que Tasso não agregaria
eleitoralmente à chapa, o que acontece no caso de uma vice mulher.
Tasso confirmou que o seu
nome foi levantado para compor a chapa com Tebet, mas alegou que ‘nada
representaria melhor’ a candidatura da senadora do que uma chapa com Mara
Gabrilli.
Tebet destaca a importância
da chapa feminina e relembrou a trajetória do partido para definir a
candidatura para as eleições. O mote da campanha é ‘amor e coragem’ e a figura
materna é recorrentemente citada pela candidata.
Gabrilli já foi deputada
federal, vereadora e secretária municipal de São Paulo da Pessoa com
Deficiência. Atualmente, está na metade do seu mandato no Senado e não vai
perder a vaga por conta da candidatura a vice-presidente.
Divergências no Partido
Mesmo em pré-campanha, Tebet
segue estagnada nas pesquisas de intenção de voto junto aos eleitores. Tebet
pontuou 3% nas duas últimas rodadas do PoderData. Antes, sua maior pontuação havia
sido de 1%. Aposta agora no começo da campanha no rádio e na TV para crescer.
Esse foi um dos argumentos
para que emedebistas da ala que apoia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT)
tentassem suspender a convenção no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O
principal articulador desse movimento foi o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Na 3ª feira (26.jul), o
ministro da Corte Edson Fachin negou o pedido.
Em 18 de julho, integrantes do partido, de 11 unidades da
Federação, declararam apoio ao ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto ainda
no 1º
turno.
Depois disso, na 3ª feira (19.jul),
dirigentes do MDB em 19 Estados ratificaram o apoio a pré-candidatura de
Simone Tebet à Presidência da República.
Depois da derrota na Justiça,
o entendimento entre os descontentes com a candidatura da senadora é de
conformidade. Não haveria mais o que questionar para tentar adiar a convenção.
A ideia dos lulistas seria abrir caminho para uma vitória de Lula no 1º turno. O
partido, que liberou acordos estaduais, também tem quadros que apoiam Jair
Bolsonaro.
Entrevista no JN
É o maior partido do Brasil.
O partido que vem da base da redemocratização. O meu partido é o partido de
Ulisses Guimarães, de Tancredo Neves, de Mário Covas. De homens Desbravadores
corajosos e, acima de tudo, éticos respondeu Tebet à 1ª pergunta da
entrevista, feita pela apresentadora Renata Vasconcellos.
A candidata repetiu discurso
sobre o ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva ter tentado, por
meio de emedebistas, ‘puxar o tapete’ de Tebet. A convenção do MDB, que
oficializou Tebet candidata, foi realizada de forma remota pela plataforma
Zoom. O fato foi questionado no TSE
(Tribunal Superior Eleitoral) por ala da
sigla que apoia Lula, e que não queria que a legenda tivesse candidato próprio.
O argumento era que a ferramenta não garantia o sigilo do voto.
O principal articulador desse
movimento foi o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Em 26 de julho, o ministro da Corte Edson Fachin negou o
pedido.
Na resposta ao ‘JN’, Tebet se
afastou do grupo: ‘Uma meia dúzia que esteve, por exemplo, envolvido no passado
no escândalo do petrolão do PT, e que não estão conosco. Aliás, Renata, se você me
permitir, né? Tentaram puxar o meu tapete até a pouco tempo atrás. Se tivesse
um tapete aqui, eu acho que eu já tinha caído da cadeira também’.
Tebet se colocou como a
legítima representante do ‘centro democrático’, como o grupo formado por MDB, PSDB,
Podemos e Cidadania. A candidata foi questionada pelos apresentadores sobre a
capacidade de formar alianças, e de ter governabilidade com o Congresso, mesmo
com pouco apoio no próprio partido.
Para isso, Tebet usou
discurso que repete desde a pré-campanha de que fará um presidencialismo de ‘conciliação’.
Sobre se daria cargos a indicados por partidos políticos em um eventual
governo, a candidata afirmou que escolherá seus ministros pela honestidade e
capacidade técnica, mas que estes poderão ser políticos dos partidos que formam
sua coligação de apoio.
‘Nós vamos governar com os
partidos que se somam conosco. Ninguém faz nada sozinho, mas é preciso apenas
duas características, e eu vou exigir apenas duas coisas para estar no
ministério, ser honesto e ser competente. Independentemente de qualquer outro
posicionamento. E nós temos muita gente honesta no Congresso Nacional, e dentro
desses partidos. Os demais vão fazer oposição’, declarou.
Ainda no tema, ela aproveitou
para criticar os partidos do ex-presidente Lula, PT, e do atual presidente Jair
Bolsonaro, PL, ao citar escândalos de corrupção como o ‘Mensalão’, e
desvios na Petrobras. Voltou, neste momento, a dizer que houve envolvimento do MDB nas
negociatas.
‘Temos que deixar de lado
esse chamado presidencialismo de coalizão, que na realidade é de cooptação. Que
aconteceu com mensalão do passado, compraram consciência dos parlamentares para
tentar uma reeleição, foram descobertos. Vieram com petrolão, fatiaram a maior
estatal do Brasil, e colocaram ali. Inclusive a gente do meu partido, que você
tem razão, e do partido do atual presidente da república’, disse.
Foco nas Mulheres
A candidata do MDB disse duas
vezes durante a entrevista que é ‘a alma da mulher e o coração de mãe’ na
corrida pelo Planalto. Tebet deu preferência à posição materna aos cargos
políticos de sua carreira caso seja eleita, e afirmou que o Brasil precisa de ‘união,
amor e cuidados verdadeiros’.
Ao se distanciar do que
chamou de ‘presidencialismo de coalizão’, Tebet disse que busca ‘fazer
diferente’ caso seja eleita. ‘Caso contrário, eu não colocaria meu nome à
disposição do Brasil. A presidente que vai governar o Brasil a partir de 1º de janeiro do
ano que vem não é a senadora, não é a deputada, não é quem foi prefeita, quem
foi vice-governadora. É a alma da mulher e o coração de mãe’, afirmou.
Tebet foi questionada sobre a
sub-representação feminina dentro de seu próprio partido, e respondeu que isso
se dá com todas as siglas, e que a mudança é um processo, mas que, se for
eleita, passará projetos para igualar os salários de homens e mulheres, e para
estabelecer um mínimo de 30% para mulheres nas executivas regionais dos partidos.
‘Mulher vota em mulher. Se
ela souber que tem uma mulher competitiva, corajosa, que tem currículo, que
trabalha. Quantas mulheres de chão de fábrica, quantas professoras, quantas
líderes comunitárias, quantas mulheres das comunidades têm condições e
liderança. Então, quando nós tivermos 30% de mulheres nas executivas, nós vamos fazer a
diferença, e nós vamos mudar esse percentual’.
Bonner
Questiona Promessas
O apresentador focou suas
perguntas à candidata na área da economia. Citou promessas do plano de governo
da emedebista, como a de erradicar a miséria, e questionou como seria possível
cumprir esses objetivos diante do quadro fiscal brasileiro.
Entre as promessas do plano
de governo também está a entrega de 1 milhão de casas para famílias de baixa
renda em 4 anos, zerar fila de atendimentos empoçados por conta da pandemia, e
erradicar o analfabetismo.
Nesse tema, Tebet enfatizou
que conta com uma equipe de economistas liberais por trás de suas promessas. Entretanto,
ela não explicou em detalhes como faria para pagar tudo que consta no plano. As
respostas foram mais para a linha de que há dinheiro em caixa para a educação,
saúde, habitação, mas que falta vontade política de executar o previsto.
‘Nós temos o melhor time, a
melhor equipe dos economistas liberais do Brasil. Então nós temos um
compromisso fiscal, mas como meio para se alcançar a responsabilidade social. A
agenda prioritária, é o eixo do meu governo, são as pessoas. Agenda social,
erradicar a miséria, diminuir a pobreza e acabar com a fome no Brasil’,
afirmou.
Entre as fontes de
investimento citadas pela candidata também está acabar com as emendas de
relator, que ela chama de ‘Orçamento Secreto’. Outra ideia citada por Tebet foi
aumentar a faixa de isenção do imposto de renda, cobrar menos da classe média,
e tributar lucros e dividendos.
Ser Reconhecida – Meta da Campanha
Na última pesquisa PoderData,
divulgada em 17 de agosto, Tebet marcou 4%. A pesquisa
foi realizada pelo PoderData, empresa do grupo Poder360 Jornalismo,
com recursos próprios. Os dados foram coletados de 14 a 16 de agosto de 2022, por meio
de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 3500 entrevistas
em 331
municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos
percentuais. O intervalo de confiança é de 95%. O registro no TSE é BR-02548/2022.
Durante os 40 minutos da
entrevista ao Jornal Nacional, Tebet citou sua história para que as pessoas
soubessem de seu passado e currículo. Para a campanha, o principal motivo para
que a candidata não suba nas pesquisas é o desconhecimento dos eleitores.
‘Dei aula de, exatamente, como se administra um país, olha que coisa interessante. Jamais imaginei depois que estaria nessa bancada do Jornal Nacional como candidata à presidência da república. Fui deputada estadual, fui vice-governadora, prefeita. Fui considerada a prefeita da industrialização - nunca se levou tantas Indústrias para o nosso estado’, disse enquanto respondia pergunta sobre outro tema.
Fonte: Mateus Maia | Poder360
(JA, Ago22)