A distância entre ricos e pobres é
perpetuada pelo enorme desnível entre as escolas de ambas as classes — e temos
a obrigação moral de combatê-lo
ELITE Aula de Henrique da Alemanha, em Bolonha, de Laurentius de Voltolina (séc. XIV): na Idade Média, a leitura era para poucos (Universidade de Bolonha) |
Há um departamento dentro do
nosso psiquismo que adora teorias conspiratórias. Está sempre em busca de
alguém que trama, que intriga, que deseja atrapalhar a vida de outro ou até a
nossa própria. Mesmo pessoas sem maiores azedumes na personalidade não escapam
da pulsão de encontrar um sinistro culpado por essas ou aquelas mazelas.
A educação é o desaguadouro
favorito para as teorias conspiratórias: é óbvio que, se a educação dos pobres
é ruim, é porque os ricos não querem vê-los escapar da sua posição subalterna e
oprimida. Livros nessa vertente sempre venderam bem.
O presente artigo é uma
tentativa de mostrar que as conspirações são fundamentalmente desnecessárias
para explicar as diferenças encontradas entre pobres e ricos, observadas em
todas as partes — naturalmente, em umas mais do que em outras.
É quase irrelevante se
existem ou não conspirações, se há passividade ou ativismo dos ricos para
manter o status quo. Isso porque há fatores mais poderosos gerando tal
desigualdade. Antecipando de forma hiperbólica o que explicaremos adiante, os
culpados pelas diferenças são três: os gregos, Gutenberg e a complexidade
tecnológica nascida na Revolução Industrial.
Em sua tese de doutoramento
pela Universidade de Chicago, Stephen Heyneman pesquisou alunos em Uganda nos
anos 1960, quando o país era ainda mais primitivo do que hoje. Para sua grande
surpresa, descobriu que o desempenho dos pobres e dos ricos era bastante
similar. Tal resultado contraria tudo o que esperamos encontrar ao comparar
alunos de distintas classes sociais, pois as diferenças de desempenho são um
dos resultados mais previsíveis das pesquisas que se metem nesses assuntos.
Qualquer estudioso com o mínimo de conhecimento da área toma como axiomático
que vai encontrar uma grande distância.
Quando, porém, nos
defrontamos com sociedades no umbral da alfabetização ou na margem da sociedade
ocidental, pobres e ricos têm experiências de vida muito parecidas e convivem
em sociedades com pouca diferenciação, seja na forma de socializar os jovens,
seja no produto final que é um adulto, com seus conhecimentos, valores e
estilos de vida. Quase sempre havia uma estreita casta superior vivendo em um
mundo diferente, mas a maioria era bem homogênea. Não por acaso, as
desigualdades econômicas eram muito mais modestas no passado.
Mudando de continente, David
Maybury-Lewis (1929-2007) passou alguns anos entre os xerentes e os xavantes,
lá nos idos de 1950 (mais adiante, como professor na Harvard, tornou-se o pai
da antropologia brasileira). Seu livro sobre as duas tribos oferece uma
narrativa cândida e interessante. Mas, no assunto em pauta, mostra que são
todos muito parecidos dentro de cada tribo. Não há propriamente pobres e ricos.
Liderança, até certo ponto, se decide na borduna. As competências na caça ou
nas prendas domésticas não se hierarquizam de forma muito radical.
Diante do que vivemos hoje,
esse é um mundo em extinção. Naquelas épocas, alguns adquiriam poder, por essa
ou outra razão, entretanto compartilhavam a mesma cultura e o mesmo repositório
de conhecimentos. O repertório intelectual e de valores dos mais bem
aquinhoados pouco diferia do dos demais.
Em resumo, entre os
recentemente alfabetizados de Uganda e os totalmente analfabetos xavantes e
xerentes, não havia tanta distância entre os indivíduos, se é que havia alguma.
Os dois exemplos ilustram o fato conhecido de que as sociedades eram bem mais
homogêneas do que hoje.
ANTES DA
ESCRITA, ÉRAMOS PARECIDOS
Eis uma afirmativa paradoxal:
a linguagem escrita muda a equação e, progressivamente, torna-se muito nociva
para os pobres.
Os hieróglifos dos egípcios
criaram uma casta de escribas. Claramente, isso lhes concedeu imenso poder na
sociedade. No entanto, não se pode dizer que eram muitos, devido a uma forma
muito complicada de registrar em papiros e pergaminhos as ideias e narrativas.
No Vale do Tigre e do
Eufrates, os sumérios deram um passo além, com sua escrita cuneiforme.
Avançaram na aritmética e em formas mais refinadas de cobrar impostos. Ainda
assim, porém, não se tratava de um sistema de escrita muito eficiente, embora
já bem mais avançado do que os hieróglifos egípcios.
O primeiro alfabeto simples e
eficaz veio da Grécia pré-clássica. A Ilíada e a Odisseia forjaram a identidade
grega, embora fossem epopeias transmitidas de forma oral por e especialistas em
decorar os seus textos e recitá-los para o povão.
Entretanto, aos poucos, a
escrita se generalizou pela sociedade grega e começou a ser dominada pelos
atenienses e pelos habitantes de outras cidades importantes. Como bem sabemos,
ficavam de fora os escravos.
Esses avanços na escrita
permitiram aos gregos ganhos extraordinários em seu estilo de vida. Nasceram a
filosofia, as teorias sobre o Estado e a democracia. E surgiu a narrativa
histórica, antes impossível em uma cultura oral. O porte avantajado da Magna Grécia
foi testemunha do êxito dessa empreitada, cujo componente intelectual era
considerável.
O que quer que seja o uso da
língua escrita, exige uma preparação disciplinada e um vaivém intelectual entre
o mundo concreto e as abstrações contidas nos escritos. O mundo das ideias
torna-se cada vez mais amplo e sofisticado. Não há silogismo confiável pela via
da língua falada. Com a expansão do conhecimento, cada vez mais, alonga-se o
período de escolaridade, qualquer que seja a maneira de estudar. Aos poucos,
torna-se diferente dos demais cidadãos aquele que chafurda mais profundamente
nesse novo mundo simbólico.
Muitos séculos depois, graças
aos esforços de Alfred Binet (1857-1911), com seus primeiros testes de Q.I.,
nasceu a ideia de inteligência como algo que se pode medir. Por certo tempo,
acreditou-se ser um traço estável e determinado pela loteria genética. Uns
nasciam mais inteligentes, outros menos. Nada a fazer.
Com a difusão de testes desse
naipe, verificou-se que havia Q.I.s bem diferentes, não apenas indivíduos
sortudos na sua genética, mas sociedades inteiras e grupos dentro da mesma
sociedade. Algumas raças começaram a ser vistas como superiores, por serem mais
inteligentes, segundo os testes. Os pobres eram menos inteligentes, talvez por
isso fossem pobres. Os ‘nativos’ de sociedades primitivas saíam-se muito mal
nos testes.
Negros, ‘aborígines’ e índios eram tidos como aleijados nesse
aspecto.
Mesmo nos países nórdicos, os
lapões, lá do Círculo Polar, eram vistos como atrasados e menos inteligentes,
embora racialmente fossem também louros e de olhos azuis.
Curiosamente, por um
acidente durante uma viagem por aquelas bandas, o desbravador Roald Amundsen
(1872-1928) passou longo tempo ilhado em uma de suas aldeias.
Ainda que pouco
inteligentes pelos critérios convencionais, os lapões eram grandes peritos em
sobreviver num dos ambientes mais hostis da Terra. De fato, graças ao que
aprendeu com eles, Amundsen teve grande sucesso em suas expedições aos dois
polos.
Para se conformarem às modas
do politicamente correto, os lapões passaram a ser denominados samis, havendo
uma séria tentativa de aproximá-los da sociedade escandinava. O que vemos hoje?
Os samis que permanecem em suas aldeias no Círculo Polar continuam ‘atrasados’,
sendo até discriminados, apesar das inúmeras políticas compensatórias. No
entanto, aqueles que, quando jovens, migraram para as sociedades escandinavas
ficaram iguaizinhos aos do sul. Imagino que tenham Q.I.s equivalentes, em
contraste com seus pares lá do norte, que não atingem os mesmos níveis.
Isso tudo serve para ilustrar
que Q.I. não é um traço imutável e herdado via genética. É a combinação da
genética com uma capacidade operatória que reflete a ginástica intelectual
realizada em longos anos, nos bancos escolares e no trato com a linguagem
escrita.
Outro exemplo ilustrativo são
os judeus de Nova York. Muitos de seus pais eram emigrantes de sociedades
rurais no Leste Europeu. Dado o uso de testes assemelhados ao de Q.I.,
aplicados pelo Exército americano, verificou-se que a geração seguinte, criada
nos Estados Unidos, tinha consideravelmente mais inteligência.
Evidências desse tipo
permitem concluir o que hoje é consenso entre os estudiosos do assunto. A
capacidade de processamento analítico, capturada pelos testes de inteligência,
tem seu componente individual hereditário, mas reflete fortemente também o
ambiente frequentado
.
Uma geração que convive em um
ambiente que exaustivamente exercita esse processamento analítico terá uma
inteligência superior. Igualmente, ao longo da vida de uma mesma pessoa, de
acordo com a intensidade dos seus ‘treinos’ intelectuais, avançará mais ou
menos a sua medida de Q.I.
Para o bem ou para o mal, a
família e a escola promovem a calistenia intelectual que resultará em Q.I.s
superiores. E, naturalmente, umas são mais competentes do que outras nesses
misteres. Sem a contribuição dos gregos, com seu alfabeto eficaz, não poderia
haver tal diferenciação. A culpada é a língua escrita.
A CULPA FOI DE
GUTENBERG
Nas sociedades mais antigas,
era deveras restrito o acesso aos livros — que são a correia transportadora da
educação. Hoje, não aprendemos nada de sério sem leituras, antes, durante ou
depois. Contudo, pesquisas revelam que o todo-poderoso Leonardo da Vinci
(1452-1519) não possuía mais do que quarenta livros.
Sendo assim, afora o fenômeno
atípico das cidades gregas, o domínio da escrita estava fortemente limitado
pelo fato singular de que os livros eram copiados a mão. Estima-se que os
famosos monges calígrafos da Idade Média levavam várias semanas para copiar um
único livro. Portanto, não mais do que alguns poucos privilegiados da elite
podiam aprender a ler com competência e exercitar a mente nos saltos da
abstração, fosse na Suma Teológica, fosse na astronomia ou na matemática.
A invenção da imprensa com
tipos móveis, por Johannes Gutenberg (1400-1468), mudou tudo. Em vez de levar
semanas, um livro passou a ser produzido em poucos dias. Em vez de um exemplar,
imprimiam-se tantos quantos se quisesse. Para tiragens limitadas, era possível
produzir dez vezes mais livros por gasto de tempo. Com tiragens mais
ambiciosas, o serviço podia ser mil vezes mais rápido do que o que realizavam
os calígrafos dos monastérios.
‘Sem livros abundantes, o mundo
continuaria sendo habitado por gente muito parecida entre si’.
Devemos também considerar que
os métodos de Gutenberg eram ainda muito rudimentares. Como tudo, ao longo do
tempo, a tecnologia de impressão foi aprimorada — a velocidade aumentou, e
assim se reduziu o preço dos livros.
O resultado prático foi uma
disseminação cada vez mais ampla dos livros. Em contraste com os quarenta de
Leonardo da Vinci, aos 17 anos minha filha possuía 4 000 livros em sua
biblioteca. É um número atípico, porém não deixa de ilustrar a avalanche de
obras disponíveis a um jovem de família educada.
Sem o avanço, no qual
Gutenberg foi pioneiro, seria impossível a educação tal como a conhecemos hoje.
Note-se que educação não é apenas para aprender a ler e escrever. Isso é
somente a iniciação na ferramenta que permite educar-se, ou seja, apropriar-se
dos conhecimentos e ideias que vão se acumulando ao longo dos séculos.
Sem livros abundantes, o
mundo continuaria sendo habitado por pessoas muito parecidas umas às outras,
pois elas compartilhariam o mesmo ambiente e os mesmos valores, aprendidos
apenas na interação social.
Com os livros baratos,
cria-se uma brecha entre os que os manejam com fluência, e os outros, distantes
deles e, portanto, afastados da herança da civilização ocidental — fica fora da
presente análise o caso da China, por complicar demais a tese aqui apresentada.
OS RICOS SE
DISTANCIAM DOS POBRES
Ao longo dos últimos cinco
séculos, graças aos gregos dos alfabetos eficazes e ao Gutenberg dos livros
baratos, avançou a proporção dos que aprendem a ler e escrever. E, portanto,
dos que têm acesso ao repertório do que está escrito nos livros.
Ao mesmo tempo, outras
diferenciações críticas também avançaram. Mudaram os valores e as percepções
acerca do mundo e das estratégias para o sucesso nas sociedades, de acordo com
a origem social e a frequência à escola. Criaram-se igualmente clivagens no uso
da língua oral, resultantes do mundo dos livros, com os quais uns têm mais
intimidade do que outros.
Como explicado pela
sociolinguística, a linguagem dos menos educados é contextualizada. Foi o que
nos mostrou, na década de 60, o professor inglês Basil Bernstein (1924-2000). A
saber: o que foi dito só adquire sentido naquele momento e naquele lugar. Já
para aqueles mergulhados nas culturas escritas, as palavras têm de prescindir
do contexto em que são articuladas, pois escritores e leitores estão longe. O
pobre diz ‘passa isso aí’, enquanto o mais educado diz ‘não quero a colher de
sobremesa, e sim a de sopa’. A segunda frase é compreensível a distância. A
primeira, não.
Não é pequeno o esforço
intelectual de descontextualizar as palavras. É o resultado de uma convivência
em que isso é praticado diuturnamente, seja na escola, seja em casa. E, se
permanecesse contextualizada, a palavra escrita teria inapelável alcance curto.
Para que o ‘isso aí’ faça sentido, é preciso que o interlocutor esteja cara a
cara. O texto escrito permite a distância em que podem estar escritores e
leitores. Pode ser uma distância geográfica, ao lermos um haicai japonês. Ou
pode ser uma distância histórica, quando lemos uma versão escrita da Odisseia.
É mais do que isso. Estudos
recentes demonstram formas distintas de interação entre pais e filhos. Os pais
educados fazem perguntas e oferecem respostas com bastante frequência. Já os
menos educados dão ordens sem justificativas e mandam calar a boca os mais
curiosos. Estilos mais refinados de interação verbal são mais intensos e
frequentes nas famílias educadas.
‘Poucas crianças de pais educados chegam
à escola sem ter aprendido a ler, praticamente, por conta própria’.
Ademais, o vocabulário usado
com os filhos difere em extensão e variedade. Os pais mais educados utilizam
uma gama extensa de palavras e se preocupam em levar os filhos a um uso mais
preciso da língua, mesmo na comunicação oral. O cuidado com a gramática é maior
e torna-se mais sofisticado.
Em famílias educadas, o livro
é um objeto de trato cotidiano, muito antes de poder ser lido pelas crianças.
Os pais gastam tempo lendo livros para os filhos. Antes de decifrarem os
garranchos impressos nos livros, as crianças já se habituaram a eles.
Hoje, o
conteúdo do livro vem por outra forma, mas não parece que isso introduza alguma
diferença.
Quando minha filha não tinha
ainda 4 anos, levei-a ao zoológico de Brasília, onde as emas andam soltas pelo
parque. Quando passou a primeira, eu disse: ‘Elisa, olha a ema’. Passou a
segunda e repeti a frase, para que se consolidasse na sua memória.
Quando ia
repeti-la diante da terceira ema que cruzava, ela me interrompeu, impaciente: ‘No
meu livro é avestruz!’. Ou seja, naquela idade, os livros já eram a sua
referência para conhecer o mundo.
O início da alfabetização
formal é um toque final em uma sequência de situações vividas em casa. Um
sociólogo americano, bem conhecido, dizia que poucas crianças de pais educados
chegam à escola sem haver aprendido a ler, praticamente, por conta própria.
Os pais mais escolarizados
transmitem a ideia de que ‘nós vai’ não é apropriado na maioria das
circunstâncias da interação humana. E que há hora de dizer ‘eu vi ele’ e hora
de dizer ‘eu o vi’.
Duas pesquisas americanas
capturam de forma quantitativa muitas dessas diferenças. Na primeira,
registrou-se que, aos 4 anos de idade, um filho de pais de classe média ouviu
32 milhões de palavras a mais que um de classe operária da mesma idade. Obviamente,
nem existem tantas palavras diferentes na língua. O que importa é a repetição
exaustiva das mesmas palavras. E, como sabemos, aprendemos pela repetição.
A segunda pesquisa mostrou
que, ao chegar à escola, uma criança de classe média domina um vocabulário que
é o dobro do de outra de classe operária. E, como insiste o filósofo austríaco
Ludwig Wittgenstein (1889-1951), se pensamos com palavras, quem mais as conhece
mais precisão e sofisticação terá no uso da língua, seja escrita, seja oral.
Graças aos alfabetos simples
e à imprensa, progressivamente, distanciaram-se as culturas (no sentido
antropológico) das diferentes classes sociais. Há um grande esforço de
aproximá-las, através de escolas únicas para todos. Mas é pouco, pois o que
acontece com as crianças antes da escola tem um impacto devastador sobre o
rendimento acadêmico subsequente.
O famoso Coleman Report, da
década de 60, referência nos estudos sobre educação, mostra grandes diferenças
entre classes sociais já no primeiro ano de escolaridade. A escola tende a ser
impotente para reduzir essa distância, ao longo das doze séries subsequentes.
Na melhor das hipóteses, a distância se mantém (um exemplo foi a Nova
Inglaterra, região no nordeste dos Estados Unidos). A relativa passividade do gigantesco
Estado americano sugeriria que, se fizesse força, seria possível aproximar os
dois grupos de alunos, uma vez na escola. No entanto, a experiência de Israel
joga um balde de água fria nessas esperanças.
Israel, depois de uma intensa
imigração de judeus provenientes da Europa, passou a receber uma segunda leva
dos países árabes. Os filhos desse segundo grupo, vindos de sociedades menos
desenvolvidas, mostraram um grande descompasso no seu rendimento escolar:
aprendiam menos. A última coisa de que precisava o Estado de Israel, ameaçado
pelos incômodos vizinhos, era um fosso entre os dois grupos. Daí o grande
empenho em igualar o rendimento escolar. Entretanto, pesquisas da década de 70,
em pleno período de confrontos militares, mostraram que isso não acontecia.
Mesmo diante das ameaças militares, a escola era impotente para igualar os
resultados.
Mas que fique claro: nas
sociedades mais avançadas, as classes sociais estão mais próximas, a educação é
mais uniforme para todos e as chances dos ‘malnascidos’ são amplamente
superiores. Ou seja, a maldição aqui descrita é menos maldita nos países ricos.
A conclusão dos raciocínios
acima é óbvia. Para o que quer que sirva o cultivo da língua culta e do mundo
das abstrações, a distância entre classes sociais é enorme, já antes de as
crianças chegarem à escola. Como resultado, a tarefa da escola se torna tão
mais árdua quanto mais distante da cultura escrita está a família do aluno.
Ao longo da história, esse
mundo intelectual servia de pouco para a esmagadora maioria das sociedades. Os
samis viveram por séculos em um ambiente hostil, em que morreria em poucos dias
qualquer grande intelectual do Ocidente. Onde moravam os xavantes, não ser
comido pela onça era uma proeza que dispensava abstrações e teorias sobre a
zoologia dos grandes felinos. E, claramente, era muito mais útil no cotidiano
da tribo.
‘Stradivari lia e escrevia. Mas, se não
fosse capaz de fazê-lo, isso não implicaria que seus violinos teriam pior
sonoridade’.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E SUAS ARTES
Antes da Revolução
Industrial, ler e escrever era de grande utilidade para os funcionários
públicos, o clero e alguns comerciantes. Para essas categorias, realmente o
mundo da escrita era funcional.
Os governos, porém, eram
constituídos por equipes diminutas — em contraste com seu frondoso peso nos
dias de hoje. O clero era igualmente limitado em número. O comércio era sempre
de pequeno porte, exigindo poucas das noções aprendidas na escola.
Para o agricultor, o pastor,
o artesão e o soldado, ler e escrever era de pouca valia. Os ofícios eram
aprendidos em família ou nas corporações, pelo método tradicional do mestre com
seu aprendiz. Antonio Stradivari (1644-1737) lia e escrevia. Mas, se não fosse
capaz de fazê-lo, isso não implicaria que seus famosos violinos Stradivarius
teriam pior sonoridade.
Em outras palavras, seja em
Londres, seja em Lisboa, seja em Liubliana, seja na Líbia, produzir e produzir
bem não dependia de leitura e escrita. Portanto, o povaréu não era afetado pela
revolução trazida por Gutenberg. De fato, muito poucos o eram.
É curioso registrar as
pesquisas de William Rosen em seu livro The Most Powerful Idea in the World.
Como ele demonstra, a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra (e Escócia),
não foi feita por cientistas, burocratas ou aristocratas. Pelo contrário, foi
feita por mecânicos, mas não por quaisquer mecânicos. Eram mecânicos que sabiam
ler e escrever.
Dominando a comunicação
escrita, correspondiam-se entre si e liam a literatura científica que
despontava. Robert Boyle (1627-1691) não construiu máquinas a vapor. No
entanto, mecânicos curiosos se aproveitaram de seus avanços teóricos na
termodinâmica — no caso, a Lei de Boyle.
Mais ainda, tais mecânicos
viam nos lucros das patentes a melhor forma de sair da sua situação de pobreza.
Praticamente todos os inventos que impulsionaram a Revolução Industrial foram
feitos por esses mecânicos-leitores. Não é razoável pensar em um mecânico
analfabeto sendo capaz de registrar sua invenção
.
E a operação desses fabulosos
inventos tornou-se muito mais complicada. Passou a exigir uma preparação mais
longa, para que não explodisse a caldeira, levando pelos ares os seus
operadores bisonhos. Inaugurou-se nesse momento uma era em que ir à escola
passou a fazer diferença no mundo profissional de quase todos. Vai-se o tempo
em que só as elites se beneficiavam de uma longa permanência nos bancos
escolares. É conclusão que não pode ser subestimada.
Para abrir um buraco no gelo
e pescar o salmão, os samis não precisavam ir à escola. Entretanto, usar um
torno mecânico sem saber ler e escrever é quase impossível. Minimamente, há que
ler instruções, medir ou entender desenhos técnicos.
Mesmo nas profissões mais
simples as comunicações se dão, cada vez mais, por escrito, sejam elas
regulamentos, sejam elas boletins ou normas de serviço. Em uma linha de
montagem de automóveis, não é preciso saber ler para operar uma máquina de
solda a ponto, o núcleo duro da ocupação. As montadoras, porém, começaram a
exigir ensino médio completo de todos. Por que será?
Para o bem ou para o mal, a
partir da Revolução Industrial, os conhecimentos adquiridos na escola passaram
a fazer parte do enxoval de habilidades requeridas para trabalhar com um mínimo
de sucesso. A empregada doméstica precisa ler a lista de compras, ou anotar o
recado de quem telefonou. O engenheiro eletrônico tem de conhecer as
propriedades técnicas do novo circuito integrado com o qual está lidando.
Mesmo no Brasil, mesmo na
indústria mais tradicional e atrasada de todas, a construção civil, a chave do
sucesso de algumas empresas já passa pela educação. Não só do dono, mas também
de seus funcionários
.
Conversando com Rubem Menin,
CEO da MRV, eu falava de minha modestíssima experiência de construir uma casa
de campo, e do deplorável nível dos operários trazidos pelo construtor. Quando
mencionei varredores de obra, ele me interrompeu e disse: ‘Na minha obra não
tenho varredores, porque não há o que varrer. Não tenho perdas (que na média
brasileira atingem 30% dos materiais usados)’.
Diante da complexidade dos
processos construtivos utilizados na empresa de Menin, é fácil concluir que a
mão de obra precisa de um grau de preparação escolar e técnica que nada tem a
ver com o do restante da indústria. Para ilustrar, os operários portam
aparelhos de realidade aumentada de última geração.
Em paralelo ao que acontece
no chão das fábricas, outro tanto ocorre no topo de sua hierarquia. A primeira
observação é a subida vertiginosa das empresas cuja produção é intensiva em
tecnologia. As maiores companhias do mundo já não são mais as que fazem tijolos,
pneus ou edifícios. Pelo contrário, são aquelas que lidam com informática e
comunicação.
Cornelius Vanderbilt
(1794-1877), filho de um emigrante holandês, abandonou a escola aos 11 anos.
Rockefeller vinha de uma família aristocrática da Nova Inglaterra.
Ao chegar ao Brasil, o
primeiro Matarazzo não passava de um pequeno fabricante de banha de porco. O
visconde de Mauá era filho de um modesto estancieiro que vivia na fronteira com
o Uruguai. Em contraste, a família Dumont-Villares (dos aços Villares e de
Santos Dumont) tinha grandes plantações de café.
Para criar a cervejaria que
virou o império da Budweiser, Eberhard Anheuser (1806-1880) não precisou cursar
Harvard. Na verdade, havia sido preparado na arte de fazer sabão. Contudo, quem
comprou a empresa, faz uma década, é graduado por aquela universidade.
As empresas que hoje mais
crescem são as atreladas às tecnologias avançadas e voláteis. E não deve ser
por pura coincidência que foram criadas ou impulsionadas por empreendedores que
estudaram nas melhores universidades do globo. Na lista dos criadores das
maiores companhias globais, predominam os graduados pela Harvard e Stanford.
Por que será?
Não há como subestimar o
caldo de cultura dentro de uma dessas universidades. Mas não é só isso. Outra
razão é que apenas conseguem ser nelas aceitos aqueles alunos que cursaram
escolas de primeira linha. Ademais, por seu grande esforço e descomunais
pressões dos pais, formaram-se entre os melhores da turma. E, para frequentar
tais escolas, eles foram preparados por seus pais, a partir das primeiras
semanas de vida.
Uma busca superficial não mostra mais fazedores de sabão
virando czares da indústria de base tecnológica.
“Caminhamos para uma quase ditadura das
dinastias intelectuais do mundo”
Dizendo de outra forma,
caminhamos para uma quase ditadura das dinastias intelectuais do mundo — que
não coincidem com as aristocracias econômicas mas não são tão distanciadas
delas. No fundo, conta a qualidade da educação recebida e esta depende das
escolas básicas cursadas. E o acesso e o sucesso nessas escolas são
dramaticamente condicionados pelo que acontece nos primeiros seis anos de vida,
sob a tutela direta da família.
A festança dos milhares de
startups parece prenunciar uma volta à variedade de perfis empresariais.
Entretanto, é uma falsa impressão. Se plotarmos no mapa, elas estão
concentradas nas vizinhanças daquelas universidades federais com fortes
programas nas ciências duras e engenharias. Correndo do sul para o norte,
UFRGS, UFSC, USP, São Carlos, Unicamp, UFRJ, UFMG e UFPE. Além disso, ITA, IME
e PUC-Rio. São cursos dificílimos de entrar, privilegiando aqueles que
estudaram em bons colégios privados. Não deve ser coincidência que, em Belo
Horizonte, o chamado São Pedro Valley esteja em um dos bairros mais nobres da
cidade.
Em resumo, a partir da
Revolução Industrial, com as facilidades permitidas pelos alfabetos modernos e
pela reprodução barata dos livros, a educação passou a ser parte dos
conhecimentos necessários para produzir com eficiência. E não é o diploma que
conta, e sim o real domínio do que a escola tenta ensinar. Infelizmente, nessa
equação, separam-se os filhos de pobres dos filhos de ricos.
OS RICOS
CONSPIRAM? NEM PRECISAM
Iniciamos este artigo
descartando as teorias conspiratórias que explicariam por que os ricos são
ricos e os pobres são pobres. Há ricos interessados na permanência do status
quo? Há ricos que militam para que isso aconteça?
Em ambos os casos, a resposta
pode ser afirmativa. Deve haver. Não é a malvadeza dos ricos, porém, a
principal explicação para as diferenças.
As causas estão em outras
partes. Essencialmente, têm a ver com a importância crescente do que se aprende
na escola para o processo produtivo — e para a cidadania também, contudo esse
não é o nosso tema central. E, como bem sabemos, conta não apenas o avanço do
lado cognitivo, mas os valores, atitudes e crenças das pessoas.
E, como muito tempo
transcorre antes de se iniciar a escolarização, eventos decisivos se dão nesse
período. Mencionamos amplamente o uso diferenciado da linguagem, escrita e
oral. Entretanto, não devemos subestimar os valores e o conjunto de traços hoje
batizados de socioemocionais.
Infelizmente, a influência da
família é decisiva. Entre outras razões, porque ocorre muito antes de a criança
começar a ir à escola. Pierre Bourdieu (1930-2002) propunha a sua teoria da
reprodução, na qual as classes sociais se reproduzem. Nos anos 1970 e 1980, ela
andou muito em moda. No entanto, virou uma religião, estéril em suas
consequências para as políticas educacionais. Não obstante a carga ideológica
que adquiriu, parece ter um amplo fundo de verdade. Sem a intenção explícita de
confirmar o pensamento de Bourdieu, o presente artigo oferece uma explicação
congruente com suas ideias.
De uma perspectiva
pragmática, não se trata de aceitar um fatalismo improdutivo ou propor uma
revolução marxista. No segundo caso, a experiência sugere que os regimes denominados
comunistas não escaparam da tese de Bourdieu. Isso porque não se trata de
conspiração, mas da imbricação cada vez mais forte da escolaridade com o
processo produtivo.
Visitei uma escola secundária
em Moscou em que os alunos aprendiam engenharia aeronáutica, mais ou menos no
mesmo nível do que era oferecido nas escolas de engenharia. Tinham aulas com os
engenheiros dos escritórios de projetos, como MIG, Antonov e outros. Para serem
aceitos como alunos nessa escola, porém, os ‘vestibulinhos’ eram severíssimos e
acabavam por selecionar aqueles alunos oriundos das melhores instituições
locais, frequentadas pelos filhos dos altos burocratas. Eram os ‘medalhistas’
dessas escolas de elite.
Em Moscou, em Boston ou na
Califórnia, as escolas são muito segmentadas. Umas são muito melhores do que
outras.
A solução parece óbvia: é
preciso que as escolas dos mais pobres se tornem tão boas quanto as outras. Na
prática, esse é um desafio formidável. Países muito homogêneos, como Finlândia
e Coreia do Sul, avançaram muito nessa direção. Contudo, para a maioria das
sociedades, sejam os esforços de melhorar as escolas mais fracas, sejam as
políticas compensatórias, os resultados são muito modestos, pelas razões
anteriormente exploradas neste artigo. O quadro não é dos mais otimistas.
‘Há um muro entre as classes sociais. Em
alguns países, é uma mureta. Em outros, é uma cidadela medieval’.
Para terminar, é preciso ter
claro que aqui nos referimos a pobres e ricos e a distâncias intransponíveis.
Ou seja, lidamos com grandes generalizações. No todo, parecem perfeitamente
apropriadas. No entanto, há porosidades em todas as barreiras descritas. Há
pobres, muito pobres e pouco pobres. Há escolas boas, mais ou menos e péssimas.
O filho medíocre do rico pode
ser superado pelo pobre brilhante e dedicado. Na prática, não é preto no
branco.
Nos países escandinavos, essa
porosidade social é bem alta. Muitos conseguem se bandear para o outro lado. O
filho do médico famoso continua tendo mais chance de entrar nas universidades
de Estocolmo ou Uppsala. Mas Hans Rosling (grande vedete no Ted Talks) nasceu
em um vilarejo pobre da Suécia e conseguiu virar um médico famoso. Gustav
Vigeland (1869-1943) e Edvard Munch (1863-1944) são os grandes nomes das artes
visuais da Noruega. O primeiro era filho de carpinteiro. O segundo, de um rico
armador.
Em outras palavras, há um
muro entre as classes sociais. Em alguns países, é uma mureta nem tão difícil
de transpor. Em outros, é uma cidadela medieval. É um sonho romântico achar que
vamos derrubar essa parede que se torna mais alta com o correr dos séculos. Mas
podemos eliminar algumas pedras de seu topo, tornando-a mais fácil de ser
transposta.
Infelizmente, entre nós, as
escolas de pobres são muito ruins, quase sempre. Mesmo assim, pelo esforço e
pelo talento, alguns escapam da sina prescrita por Bourdieu.
Não podemos encerrar este
artigo sem enfatizar as possibilidades muito concretas de obter avanços
substanciais com políticas inteligentes e sólida implementação. Não adianta
perseguir miragens ou curas milagrosas. O que serve é caminhar com segurança e
persistência para reduzir as diferenças
.
Há muito a fazer nessa linha,
porém devemos ser modestos e realistas. É claro, a primeira providência prática
é reduzir a diferença de qualidade entre as escolas dos ricos e as dos pobres.
Em países como o Brasil, o próprio processo democrático conspira contra, pois
as decisões tomadas pelo Estado são afetadas pelas preferências dos eleitores.
Os ricos perceberam a
importância de uma educação minimamente adequada. Ou pressionam por ela, ou
pagam escolas privadas. Contudo, a vasta maioria da sociedade, embora queira
escola para seus filhos, não percebeu de forma contundente que vale quanto
aprenderam, e não o diploma concedido. Isso torna mais árdua a missão do
Estado. É lutar contra a maré.
Alguns experimentos já
bastante consolidados mostram o muito que é possível fazer com meios
financeiros modestos. Na prática, têm mais a ver com a liderança e a
continuidade de governantes do que com a própria demanda popular — como seria o
caso dos países do Extremo Oriente. A educação em Sobral, no interior do Ceará,
não é bem-sucedida porque o povo exigiu algo melhor, e sim por iniciativas bem
informadas, persistentes e pragmáticas dos governantes locais.
Intervenções em idades que
precedem a entrada na escola são demonstravelmente positivas quando conduzidas
com seriedade. No entanto, não fica claro se uma pré-escola ruim é um bom
investimento como passaporte para uma escolarização subsequente bem-sucedida.
O termo ‘pobre’ — aqui usado
como taquigrafia para os níveis sociais mais modestos — esconde uma variação
muito considerável. Embora as médias de rendimento escolar sejam amplamente
inferiores às de outras classes, a variância é muito grande. Alguns jovens
despontam, apesar de todos e de tudo, tendo carreira sólida ou até brilhante.
Estatisticamente, são a minoria, pelas causas já aqui apresentadas.
‘Todos os países bem-sucedidos têm
programas públicos para os mais talentosos, antes chamados de superdotados’.
Mas nem todos aqueles com grande potencial
conseguem tê-lo aproveitado. E, usando minha metáfora antiga, muitos diamantes
brutos são descartados por uma escola incapaz de identificar e lidar com o
talento.
Iniciativas como o Instituto
Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos (Ismart), o Bom Aluno e a
escola média da Embraer captam alunos talentosos de famílias muito modestas e
oferecem a eles experiências educacionais comparáveis às das melhores escolas
brasileiras. Para dar apenas um exemplo, o rendimento médio dos alunos do
Ismart matriculados no Colégio Bandeirantes — um dos melhores do país — se
situa acima da média da escola, cuja clientela é a elite paulistana.
As próprias escolas técnicas
federais vêm tendo um papel precioso de lapidar alguns desses diamantes, meio
perdidos, embora tenham sempre sido uma reserva de mercado para famílias
bem-educadas. Os vestibulinhos, como em Moscou, se encarregam da triagem.
Todos os países
bem-sucedidos, de todos os matizes ideológicos, têm programas públicos para os
mais talentosos — antes chamados de superdotados, termo que perdeu a vigência.
Entretanto, barreiras ideológicas fazem com que, entre nós, apenas as
filantropias privadas ofereçam alguns programas desse tipo. As escolas públicas
estão praticamente bloqueadas nessa linha, diante de uma oposição ferrenha à
ideia de pescar os mais destacados e oferecer a eles uma experiência
diferenciada.
Antes da Revolução
Industrial, nada disso existia, nem o problema nem a solução. A incorporação
crescente de novas tecnologias no processo produtivo exige que, cada vez mais,
a entrada na força de trabalho seja precedida por uma preparação longa em
escolas e centros de formação. Essas transformações trouxeram duas
consequências opostas para os pobres.
De um lado, aumentou a
qualidade de vida de todos. Em particular, isso aconteceu espetacularmente nos
países industrializados. Um operário industrial europeu vive mais tempo, tem
mais saúde e mais conforto do que um imperador de um século atrás.
Além disso,
como mostram os livros recentes de Hans Rosling (1948-2017) e Steven Pinker,
mesmo os mais pobres têm hoje uma qualidade de vida e um nível de consumo
impossíveis em épocas anteriores. De fato, até mais ou menos 1900, o padrão de
vida dos mais pobres permanecia constante e miserável ao longo da história. Um
artesão da Roma dos Césares não era nem mais nem menos miserável do que um
operário da Revolução Industrial.
Não obstante, no lado
negativo, a distância entre ricos e pobres é perpetuada pelo gargalo da
educação. Em termos concretos, pelas dificuldades de oferecer um ambiente
familiar equivalente entre as classes sociais. Sendo assim, há um abismo entre
os alunos, da perspectiva de seu rendimento escolar futuro. Há também uma
grande diferenciação no nível das escolas de ricos e pobres. Essa última é uma
distância que temos a obrigação moral de combater.
Fonte: Claudio de Moura Castro, economista e especialista em educação, é
colunista de Veja
(JA, Mar19)