Origem
Desde o fim do
século 19, o termo ‘naif’ (ingênuo) nomeia a arte de pintores sem formação acadêmica. É uma arte
que atraiu a atenção de profissionais pela sua espontaneidade.
Em 1886,
quando o pintor de fim de semana, Henri Rousseau, expôs suas obras em Paris, e o
crítico Wilhelm Uhde bem como artistas como Picasso e Gauguin se interessaram
por sua liberdade expressiva. Por não estar ligado a escolas específicas,
Rousseau -como outros amadores- não precisava seguir regras.
A fluidez, a
vivacidade, as cores alegres e as formas limpas de seus quadros, ajudaram a
impulsionar a arte naïf e a abrir caminho para outros pintores, como Séraphine Louis, André
Bauchant e Camille Bombois - ainda que, por muito tempo, as imperfeições
técnicas de suas obras, como o uso inadequado da perspectiva, tenham sido
motivo de chacota no meio artístico conservador.
Características
As
características da Arte Naif é um relacionamento estranho com as qualidades
formais da pintura, especialmente quanto ao não respeito das três regras da
perspectiva - tal como definidas pelos pintores progressiva do Renascimento:
- Diminuição do tamanho dos objetos, proporcionalmente à distância
- Redução das cores com a distância
- Diminuição da precisão dos detalhes com a distância.
- Composição plana e bidensional
- Tende à simetria; e a linha é sempre figurativa
- Não existe perspectiva geométrica linear
- Pinceladas contidas com muitas cores
Simplicidade
em vez de sutileza são todos os supostos marcadores da arte naif.
Arte Naif no Brasil
Somente na
década de 50, o Brasil começou a dar atenção a esse grupo de artistas, com as
primeiras exposições de Heitor dos Prazeres, Cardosinho, Silvia de Leon Chalreo
e José Antônio da Silva.
Depois desse
início, as décadas de 60 e 70, vão conhecer uma verdadeira explosão de pintores
naif brasileiros, tais como: Ivonaldo, Isabel de Jesus, Gerson Alves de Souza,
Elza O .S., Crisaldo de Moraes, José Saboia e muitos outros que, juntamente com
seus predecessores, compõem nosso acervo.
Os pintores naif
brasileiros dispõem de um cenário invejável. Praias ensolaradas, alegria de
viver, terras férteis, riquezas ainda não exploradas, dinamismo de um grande
país onde convive um povo tolerante e otimista, oriundo de uma mesclagem
complexa de várias gerações de índios, portugueses, italianos, africanos,
árabes, judeus, japoneses e outros. É verdade que os problemas do Brasil são
proporcionais à sua dimensão, país do futuro próximo, país também da acolhida
calorosa, país apaixonante.
A grande sensibilidade
do provo brasileiro, mundialmente conhecida através da música, se demonstra
também no campo das artes plásticas.
Anatole
Jakovsky, famoso expert mundial em Arte Naif, escrevia em 1969: ‘O Brasil
representa, junto com a França e com a Iugoslávia, um dos reservatórios mais
ricos e variados da Arte Naif no mundo’.
Mas então por que
a Arte Naif brasileira não é tão conhecida? Primeiramente, trata-se de um
movimento jovem que debutou no Brasil só na década de 50. Além disso,
não é um estilo que interessa aos salões oficiais e museus. Por definição, o
estilo naif não exige uma formação em Belas-Artes, e tal característica provoca
o surgimento maciço de pintores que atendem ao mercado do decorativo e do
souvenir, provocando dessa maneira uma deturpação da imagem do movimento naif.
Por conta disso, principalmente, o estilo naif é renegado pela crítica que, em geral, que se recusa a tomar conhecimento de sua produção, não proporcionando o espaço na mídia que mereceria.
Entretanto, os
quadros naif brasileiros são
reproduzidos nos mais importantes livros estrangeiros sobre Arte Naif. Não há
uma exposição naif internacional importante sem que os artistas naif
brasileiros sejam convidados a participar. Em toda a história da pintura
brasileira, nunca tantos artistas tiveram suas obras expostas, publicadas,
comentadas e citadas como são as dos pintores naif. O único pintor brasileiro
(entre todas as tendências) a ser premiado numa Bienal de Veneza foi um naif,
Chico da Silva, em 1966, na 33ª. Bienal. Ganhou menção honrosa com a sua pintura.
Imagem: Pintura 'Landscape with fisherman', do pintor francês Henri Rousseau
(JA, Out17)