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Vote for the crook. It's important (Vote no trapaceiro. É importante)



A insólita recomendação consta num adesivo para carros que vi exposto no Presbytère Museum, em Nova Orleans. Ao lado, um pequeno texto situa a história, ocorrida em 1991 nas eleições para Governador da Louisiana.
Entre os candidatos do Partido Democrata, despontava Edwin Edwards − comunicativo, espirituoso e carismático, já exercera o governo três vezes e tentava retornar. Contra ele, porém, pesavam acusações de corrupção; conseguira safar-se, mas com a popularidade arranhada. Escreveu um jornalista:
‘Agora, Edwards só ganha uma eleição se for contra o próprio Hitler’.
O mundo dá voltas. Edwards chegou ao segundo turno, e seu adversário, David Duke, havia sido figurão da Ku Klux Klan e mantinha vínculos com grupos racistas, antissemitas, neonazistas. Difícil alguém mais parecido com Hitler...
Edwards tinha o adversário ideal. Indagado sobre o que precisaria para eleger-se, respondeu: ‘Continuar vivo’. Em outra ocasião, declarou-se preocupado com a saúde de Duke: ‘Acho que ele anda sofrendo dos pulmões. É de tanto aspirar fumaça de cruzes pegando fogo’.
Para os eleitores cujo candidato não fora além do primeiro turno, a nova escolha representava um dilema. Não queriam o retorno de Edwards, com seu estilo ‘rouba mas faz’. E tampouco admitiam ter um Governador de perfil neonazista. Claro que poderiam abster-se, anular, votar em branco. Mas a questão não era fazer o que se gostava, e sim o que se precisava. No caso, tratava-se de evitar o mal maior; qual seria?
Foi por se horrorizarem com o risco da eleição de Duke que alguns cidadãos criaram o ‘slogan’ recomendando votar no ‘trapaceiro’, que logo se espalhou como adesivo nos carros. Era uma aplicação prática do "nunca diga desta água não beberei".
Edwards venceu folgado, 61 a 39%, mas a história não terminou ali. No seu quarto mandato, vieram mais acusações, e ao deixar o governo teve de responder a processos. Foi por fim condenado à prisão, e em 2002, aos 75 anos, começou a cumprir a sentença. Entrevistado, declarou: ‘Serei um prisioneiro exemplar, assim como fui um cidadão exemplar’. Em 2011, ganhou liberdade condicional e se casou pela terceira vez. Dois anos depois, quando concluiu o cumprimento da pena, sua mulher deu à luz um menino − Edwards tinha então 86 anos. Hoje, aos 90, ainda sonha voltar à política.
Duke voltou a disputar várias eleições. Perdeu todas. Em 2006, esteve no Irã a convite do Presidente Ahmadinejad a fim de participar de um evento de negação do Holocausto. Em agosto último, reapareceu em Charlottesville entre os supremacistas brancos e ganhou aplausos de sua patota. 
E a Louisiana segue sua vida.

Texto: A C Bôa Nova- AMDG
Imagem: Bandeira do Estado da Louisiana




(JA, Set17)

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