Sim, o tempo passa. Entretanto, passa de maneiras diferentes, dependendo da pessoa - do momento da sua vida, do seu estado físico, psicológico.
Fases da Vida
Os seres humanos passam por
quatro fases na sua vida - infância, adolescência, idade adulta, e velhice.
Cada uma com suas características.
- Infância – tudo é novidade, uma descoberta depois da outra. Os conhecimentos e experiências acumulados determinam a pessoa que essa criança será.
- Adolescência – Nessa passagem o ser humano começa a utilizar os conhecimentos adquiridos, experimentar novos sentimentos, envolver-se em assuntos que anteriormente não despertavam seu interesse. Enfim ele está se preparando para definir o ser humano que será em seguida.
- Idade Adulta – Aqui a pessoa acaba por definir sua formação, campo de trabalho, de atuação, e constituição de uma família.
- Velhice – Quando entra nessa fase, normalmente, a pessoa já
realizou a maior parte do que pretendia, pôde, fazer. As obrigações, compromissos
e relacionamentos são reduzidos. Na medida do possível colabora
com a família e os mais próximos, e recebe assistência deles, quando
necessário.
Em cada uma dessas fases a percepção do tempo passado varia, independentemente do tempo físico (calendário). Essa percepção, de maior ou menor duração, depende de como pessoa se sente. Tudo que acontece gera algum sentimento, mais ou menos intenso. Quanto mais intenso, maior será a sensação de duração do tempo passado.
Existe uma teoria, que explica a variação do tempo médio percebido pelas pessoas. Ela estabelece que existem dois tipos de tempo: o Tempo Físico e o Psicológico.
Entretanto,
antes de detalhar essa teoria, e sobre
como desacelerar sua percepção do tempo e aproveitar melhor seu dia a dia, damos abaixo o depoimento de uma pessoa sobre como vivenciou cada dessas fases na sua vida.
v Infância
Lembro-me ainda hoje dos lugares onde morei com meus
pais (eles se mudavam frequentemente), dos amigos que fiz em cada lugar, o que fazia,
pensava, desejava. Uma coisa que eu valorizava muito, e que valorizo até hoje,
é da minha relação de então com meus primos e tios, com os quais nós éramos
muito ligados. Lembro-me do meu primeiro ano na escola, e dos cursos
decorrentes.
Minha
mãe sempre se preocupou em me dar uma formação de bom nível. Independentemente
de suas condições financeiras, sempre conseguia descontos, e bolsas de estudo, nas
melhores escolas – devo gratidão a ela até hoje por conta disso.
Uma
das escolas que ela conseguiu me colocar foi o colégio interno em Nova
Friburgo, o ‘Anchieta’, dos padres jesuítas – os mesmos do colégio São
Francisco Xavier, em São Paulo, onde fiz
o 4º e o 5º ano do fundamental, e do Santo Inácio no Rio de
Janeiro. Lá eles atribuíam aos alunos atividades, de acordo com seus
interesses, competências, para a aquisição de experiências que poderiam ajudar
na sua vida futura. Fui ‘Bedel’ de classe, responsável pela compra e venda de
material escolar para os alunos, Diretor Esportivo, General da Cruzada (*), e,
além disso, iniciei e me desenvolvi na prática de esportes em geral. Foram três
anos que estive lá mas, pelo que aquele período representou, parece que foi
muito mais. O que lá aprendi, desenvolvi, as pessoas que conheci, não me
esqueço, e essas lembranças são marcantes até os dias de hoje – passado mais de
meio século.
Relembrando,
não tenho dificuldade em concluir que minha infância foi longa.
Por
que aquele tempo, do ponto de vista cronológico, parece tão mais longo do que o
mesmo período, ou as vezes períodos mais longos, de outras fases da minha vida?
(*) Uma associação de jovens católicos, que se reuniam para receber aprimoramento de sua formação cristã, e para realizar atividades que ajudassem, orientassem, e valorizassem os mais necessitados.
v Adolescência
Comecei a trabalhar cedo, com menos
de 18
anos. Tudo era novidade e importante para mim. Lembro-me de cada empresa, de cada
pessoa, de tudo o que eu fiz. O dia demorava a passar - tudo era novidade, uma oportunidade para
aprender mais, de evoluir, pessoal e profissionalmente.
Conheci
pessoas que foram importantes para mim naquela fase, e das quais me lembro até
hoje – quem eram e o que representaram para mim.
v Idade Adulta
Nessa
fase meus empregos foram mais estáveis, proporcionaram condições de evoluir, e de
me estabelecer financeiramente. Nos dois empregos mais significativos,
permaneci em um por cerca de 12 anos, e no outro por 25 anos. Pensando bem, é muito
tempo, mas, para mim, por tudo o que eles significaram, pelos momentos
significativos que então vivi, cada um representou uma vida inteira.
Nesse
período constitui minha própria família, com a qual tive e tenho condições de
compartilhar ótimos momentos, e de ter tido condições de dar a essas pessoas
queridas o que considerei que era o era melhor para elas. O tempo que elas
representaram, e representam para mim, não é mensurável.
O que conquistei me deu condições para, após minha aposentadoria, manter o bom nível de vida que então desfrutava.
v Velhice
Nessa
fase tenho poucos compromissos, minhas relações pessoais foram sendo reduzidas,
sigo uma rotina que pouco varia. Enfim a minha vida atualmente é repetitiva,
com quase nenhuma novidade. Observei que ela passa com rapidez: os dias, meses,
anos. Assim, logo atingi uma idade em que, pensando bem, nem acredito ser a verdadeira.
Por
que será? A explicação plausível é que o tempo gasto nesse dia a dia sem
novidade nenhuma, pobre em emoções, passe mais rapidamente.
Tempo Físico
x Psicológico
O tempo físico e o tempo
psicológico se diferenciam de maneira crucial. Enquanto o ‘tempo físico’ é
objetivo, linear e universal, o ‘tempo psicológico’ é subjetivo, não linear, e
individual.
Tempo físico
- O reino do relógio
O tempo físico, também
conhecido como tempo cronológico, é aquele que medimos com relógios e
calendários. Ele segue uma ordem linear e progressiva, com cada segundo, minuto
e hora, sucedendo-se de forma contínua e uniforme. O tempo físico é objetivo,
ou seja, independe da experiência individual de cada pessoa. Ele é universal,
pois se aplica a todos os indivíduos, em todos os lugares.
Tempo
psicológico - A experiência individual
O tempo psicológico, por outro lado, é a forma como cada pessoa percebe e experimenta a passagem do tempo. Ele é subjetivo, pois varia de acordo com o estado emocional, a atenção, a memória, e outros fatores individuais. O tempo psicológico não segue uma ordem linear, podendo ser acelerado, desacelerado, expandido ou contraído, dependendo da experiência vivida.
Para desacelerar
a percepção do tempo e aproveitar melhor seu dia a dia
1. Experimente coisas novas
Não há como negar que a rotina tenha um apelo forte e transmita uma sensação de conforto. No entanto, pequenas mudanças já podem fazer uma grande diferença na forma como apreendemos nosso cotidiano: por que não tentar um trajeto diferente para casa ou para o trabalho? Que tal jantar em um restaurante diferente, ou viajar para um lugar novo? Começar pelos detalhes pode ser um bom caminho.
2. Tente inovar no trabalho
Por
ocupar tantas horas do dia, o trabalho merece uma atenção especial. É fácil
deixar que a torrente de obrigações te deixe levar, e fazer tudo da mesma forma
pode parecer uma boa opção para garantir os resultados esperados. Mesmo que
seja difícil, correr riscos é importante: uma postura mais inovadora pode criar
situações gratificantes e estimular o envolvimento com seu emprego, além de
aumentar o sentimento de autossatisfação.
Sabe
aquela pessoa que você vê todos os dias, mas com quem nunca trocou sequer uma
palavra? Ela poderia se tornar uma grande amiga ou, quem sabe, até mesmo um
grande amor. Conhecer histórias de vida e estabelecer novos vínculos possui um
grande potencial de gerar momentos estimulantes.
Aqui
cabe citar o velho Carpe Diem: focar no momento presente e aproveitá-lo da
melhor maneira possível é a chave para extrair o máximo de suas experiências, e
aprender com elas. Mesmo para as coisas que compõem claramente uma rotina, há
uma saída – tente vê-las de um outro ângulo. Prestar mais atenção ao seu redor,
tanto no novo quanto no velho, é uma ótima forma de incentivar insights e
intensificar seus momentos.
Vale
tanto para o passado, quanto para o presente, como para o futuro: valorize mais
as boas lembranças vividas, atenha-se ao que te faz sentir mais estimulado, e
espere o melhor do seu futuro. Aposte sempre na espontaneidade – nada como
atitudes inesperadas para quebrar a rotina.