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Meus últimos anos

 

Sou como sou, e na condição que tenho hoje, devido à minha origem, minha história.

Recebi de meus pais o seu exemplo: bons princípios, responsabilidade, comportamento, autoconfiança. Além disso me deram uma formação que permitiu conseguir bons empregos, capacidade para aquisição de bens, formação de família.

Estou aposentado e vivo da renda proporcionada pelos meus imóveis. Moro com minha esposa numa cidade litorânea, numa casa espaçosa, num condomínio bem mantido e seguro.

Quando me conscientizo de onde e como vivo hoje, percebo que desfruto de um paraíso em relação à vida da maioria das pessoas, inclusive a minha no passado. 

Além disso, embora tenha algumas deficiências próprias da velhice – afinal estou com cerca de 80 anos, desfruto de boa saúde, e não sofro de nenhuma limitação física.

Hoje, minhas três filhas estão formadas, trabalham, têm suas vidas. Duas delas estão casadas, e tem filhos. Tenho três netas.

Entretanto, independentemente disso, às vezes sou levado a pensar que minha vida é limitada, que tem um prazo de validade, e que, de acordo com as estatísticas, estou próximo a atingir.

Essa é uma ideia que não consigo assimilar bem – por que, independentemente de qualquer coisa, devo morrer? Deixar tudo que construí, todos com o quem convivo, enfim, deixar de ser quem eu sou? Esse ‘sou’, logo-logo vai passar a ser conjugado no passado: quem eu ‘fui’ . Embora seja normal, é estranho.

De qualquer forma, preciso aceitar isso, e tomar providências para que esse evento, na medida do possível, tenha o menor impacto negativo nos membros da minha família, nos meus amigos.

Meus últimos anos

De repente percebi que me restam poucos anos de vida. Interessante, ainda não havia me conscientizado da minha idade, que já me aproximei dos 80, e que já dá para se contar os anos restantes nos dedos da mão (das mãos, talvez).

Refletindo, conscientizei-me que essa abstração se deve ao fato de ainda tenho uma vida ativa, um corpo saudável. Mas, números são números, então...

Qual deveria ser o meu comportamento nestas alturas? Imagino que não deva ficar pensando nisso, e sim levar em frente minha vida, aproveitar da melhor maneira o tempo que ainda me resta. 

Mas, qual seria a melhor maneira? Optei por fazer o que julgo que deva fazer, de acordo com minhas possibilidades. Não há nada especial que eu deseje, a não ser manter o nível de vida a que estou acostumado, preservar minha relação com a família e amigos.

Com base na experiência que adquiri nesses anos passados, caso haja risco de me prejudicar, em termos financeiros, relacionamento, saúde e segurança, não pretendo me expor defendendo as causas em que acredito,

Percebo que agindo assim, embora me proteja e aos meus, vou excluindo a minha participação nos acontecimentos. Entretanto, como acompanho os assuntos que me interessam, tenho sempre opinião formada sobre tudo, e, quando tenho oportunidade, manifesto-me passando esse conhecimento e opiniões para quem convive comigo, para quem eu julgue que deva compartilhar, os quais, por sua vez, poderão influenciar outras pessoas, contribuindo para realização da causa.

Considerando que o nosso presente é decorrente do nosso passado, principalmente, e que é ele que define o nosso futuro, comecei a procurar entender aquele que me tornei, com base em eventos passados. Para, em seguida, poder definir aquele que eu deveria ser passar a ser, para garantir o meu melhor futuro.

Confesso que, neste momento, não sei onde minha história irá me levar.

Família

Pais

Sou JA, filho do Sr. Angelin e Dona. Filinha. Eles nasceram no interior do Estado de São Paulo, no final da segunda década do século 20.

A família dela tinha uma propriedade rural próxima à cidade de Barretos. Eram em muitos irmãos. Oportunamente, seu pai, comandando uma comitiva de vaqueiros fez uma viagem a cavalo para levar uma boiada para vender numa região próxima. A família, mãe e irmãos, nesse período, por segurança, optaram por ficar na casa que tinham na cidade de Penápolis. Durante a viagem, alguns vaqueiros da comitiva foram contaminados por algum tipo de vírus, e vieram a falecer.

Num determinado momento, tentaram atravessar um rio largo, com forte correnteza, quando perderam muitos animais. Ele, desesperado, vendo que estava perdendo tudo o que tinha investido, sofreu um derrame, e foi levado para a fazenda, onde veio a falecer alguns anos depois, após um segundo derrame.

A mãe e as filhas mais velhas, e um dos irmãos, começaram então a trabalhar com costura para sobreviver. A fazenda, que naquela época, como as demais da região, não tinha o devido registro em cartório, e acabou sendo ‘administrada’ por um dos tios que assumiu a propriedade, o controle dos negócios, contratando alguns dos filhos do falecido como empregados.

Filinha, inicialmente morou na casa de um irmão mais velho, casado, ajudando nas tarefas domésticas. Mais tarde, começou a costurar com a mãe e irmãos.

Cheia de iniciativa, algum tempo depois, veio sozinha para São Paulo capital, a procura de trabalho. Arranjou um emprego como enfermeira estagiária. Em seguida, teve a oportunidade, e começou a trabalhar no recém-inaugurado Hospital das Clínicas, onde fez um curso profissionalizante, conseguindo então se formar como Técnica em Enfermagem.

Angelin era filho de pais da geração de imigrantes italianos que, vindos da Itália, inicialmente, foram trabalhar na lavoura no interior de São Paulo. Emilio, seu pai, por isto ou por aquilo, acabou deixando a agricultura de lado, e passou a trabalhar como motorista de ‘Táxi’, numa pequena cidade próxima a Catanduva – Elisiário. Muito bem relacionado e querido, acabou sendo eleito prefeito dessa cidade por um determinado período.  Um dos irmãos do Angelin tinha se tornado alfaiate e, ele, por seu intermédio, aprendeu a profissão.

Querendo mais da vida, acabou vindo para São Paulo, onde, depois de várias tentativas de trabalho, encontrou na profissão de ‘Barbeiro’ a sua realização.  Trabalhou em alguns dos salões mais famosos da cidade, sendo que, anos mais tarde, acabou se tornando proprietário de um deles. Frequentava o Clube Tietê, onde jogava Futebol e praticava Remo.

Ocasionalmente, Filinha e Angelin se conheceram e, no prazo de mais ou menos um ano, casaram-se. 

Um ano mais tarde, em 1947, nasceu seu primeiro filho, JA, no Hospital Leão XIII, no bairro do Ipiranga. E, oito anos depois, em 1955, o segundo. 

 

Eles, embora vivessem sem luxo, sempre conseguiram residir em casas boas e bem localizadas; uma ou duas vezes por ano, faziam viagens para visitar os familiares no interior; e conseguiram dar estudo de um bom nível para seus dois filhos. Ambos se formaram, também constituíram família, compraram seus móveis e imóveis e, atualmente fizeram o mesmo com os filhos deles.

Quanto a ela, embora a partir de determinada época tenha passado a sofrer de uma dor de cabeça crônica, sempre foi uma mulher forte, determinada.

Rua Mauricio de Castilho, Vila Monumento -SP

JA se recorda de uma passagem marcante envolvendo sua mãe. Eles moravam no Ipiranga – na Rua Maurício de Castilho –, onde havia, quase ao lado da casa, a sede de um Clube Esportivo de futebol. Ali se reuniam grupos de jovens, entre as idas e vindas dos jogos.

Ocasionalmente, ocorreu uma briga   entre eles, de tal monta que o pessoal saiu para a rua em altos brados. Dona. Filinha, ao ouvir, ver aquilo, não teve dúvida – saiu e, entre berros e gestos, apartou a briga e dispersou a turma.

Tinha também um lado generoso e solidário marcante. Por exemplo, sua casa sempre esteve aberta para os parentes jovens do interior que, como ela no início, buscavam uma oportunidade de emprego, de crescimento na capital.  Uma de suas irmãs viveu na sua casa durante toda a vida, depois de vir do interior para a capital.

Ele, mais calmo e tolerante, sempre foi um homem responsável e bem-humorado. Nunca deixou faltar nada em casa, dentro das suas possibilidades. Não reclamava de nada e, quando foi necessário, sem que os filhos ficassem sabendo, tomava alguma iniciativa para superar o problema, e restabelecer o equilíbrio doméstico.

Apesar de ser um homem sem educação formal, gostava muito de ler e passou isso para seus filhos. Inicialmente, uma vez por semana, trazia a nova edição de alguma das revistas em quadrinhos que os filhos gostavam: ‘Tarzan’, ‘Mickey Mouse’, e, com eles sentados ao seu lado, lia os diálogos, mostrando as figuras.   Mais tarde, por exemplo, fez assinatura junto a uma editora que, mensalmente, passou a enviar um novo livro para sua casa, com histórias que despertavam o interesse dos jovens: ‘Ilha do Tesouro’, ‘Capitão Gancho’, ...

Valorizavam muito a vida em família. Todos os fins de semanas havia encontros entre os parentes. Todos se frequentavam, ajudavam-se, participavam dos problemas e alegrias um do outro. Atualmente, observa-se um declínio desse hábito que, quem teve oportunidade de praticar, valoriza muito.  Hoje as pessoas, independentemente da frequência com que acessam as redes sociais, vivem mais isoladas, têm uma vida mais solitária. Poderíamos dizer que a maioria sofre de falta de amor, que era abundante no passado.

Ela, muito religiosa, sempre se relacionou bem com os representantes da igreja, e, através deles, nos momentos certos, sempre conseguiu colocar seus filhos nos melhores colégios particulares católicos, provavelmente mediante a obtenção de um desconto significativo, considerando suas limitações - nunca comentado.

Foram sócios do Clube Atlético Ipiranga e, mais tarde ainda, através do JA, do Paineiras do Morumby.

Com o passar do tempo, a chama que lhes dava energia e motivação, foi se apagando, até que, quando tinham cerca de 80 anos, se apagou de vez.

Seus filhos, hoje, lamentam não terem conversado mais com eles, terem tido oportunidade de conhecer mais detalhes da sua história, reconhecido mais o seu valor enquanto vivos. Mas, o jeito de ser deles parecia tão natural que os filhos não imaginavam, então, que pais pudessem ser diferentes. E como podem...

Se fosse para resumir a vida desse casal em algumas palavras, poderíamos dizer:

‘Foram pessoas que se destacaram pelo seu Ânimo, Iniciativa, Responsabilidade, Trabalho, Coragem, Idealismo e Solidariedade’.

 Serviram de exemplo positivo para mais de uma geração, e merecem todo o nosso respeito.  

 “Os pais nunca morrem, apenas ficam invisíveis."

Com o passar dos anos, minha vida familiar foi sendo enriquecida.

1º Casamento

Em 1969 casei-me com uma ex-colega do Ensino Médio, que então trabalhava no Banco Holandês Unido. Ambos trabalhavam e, assim, a possibilidade de aumentar a família foi sendo postergada por anos, até que, em 1980, nasceu sua filha.

Então, nós morávamos num apartamento no Butantã, próximo da Cidade Universitária, e, logo em seguida, mudamos para a Granja Viana, para uma casa espaçosa, situada num Condomínio bem estruturado, o Residence Park.

Aos poucos, as dificuldades para criação da criança – já que ambos continuamos trabalhando, foram sendo superadas.

Quando a filha atingiu a idade escolar, foi matriculada num colégio tradicional de São Paulo, o Colégio Rio Branco, na unidade que havia sido instalada recentemente na região.  Por coincidência, anos mais tarde, ao visitar o Colégio, fiquei surpreso ao ver uma placa, com o nome dela, destacando o fato de ter sido a primeira aluna ali matriculada.

               
         JA com a filha no Residence Park – Granja Viana, 1983

Entretanto, após 17 anos de casados, por diversos motivos, separamo-nos formalmente, mediante um divórcio amigável. 

A ex-esposa e filha continuaram morando na mesma casa por alguns anos, até haver necessidade de se transferirem para Santa Catarina, Joinville, por motivo de trabalho da mãe.  


A filha continuou estudando, até se formar em Direito.  Hoje está casada, mora em Petrópolis, e tem duas filhas.

2º Casamento


Anos mais tarde, oportunamente conheceu aquela que viria a ser sua 2ª esposa. Casaram-se em 1989. Naquele ano nasceu a  filha do casal e, 4 anos depois, em 1993, a  filha. 

As ‘meninas’ cresceram, cursaram boas faculdades, e hoje estão trabalhando na sua área de formação.



Social, Esportivo

Clube Paineiras do Morumbi 

Desde a época do nascimento de minhas filhas, somos sócios de um clube tradicional da cidade de São Paulo, o Clube Paineiras do Morumbi-CPM. Lá as crianças frequentaram a ‘Escolinha de Esportes’, fizeram amizades.

Para facilitar, no ano 2000, a família acabou indo morar numa casa situada praticamente ao lado do Clube. 

Desde então, JA participa ativamente da vida do CPM, sendo que, em 2015, foi eleito para participar como Conselheiro do seu Conselho Deliberativo

Eleições Conselho Diretivo Paineiras, Chapa Paineiras ldeal, Ago15

 JA também fez parte do Coral do Clube Paineiras, onde teve oportunidade de participar de diversos eventos.

 

Paineiras Comemorativa 60 anos do Clube, depoimento JA, Ago20

Formação

Na época em que começou a frequentar a escola, sua família residia no bairro do Ipiranga, próximo ao Museu Paulista (Museu do Ipiranga).

Inicialmente, foi aluno do Colégio São José, onde fez o curso Fundamental 1 (antigo Primário). Depois, o São Francisco Xavier, onde iniciou o Fundamental 2 (antigo Ginásio). Esses colégios ficavam na região, o que permitia que ele fosse e voltasse a pé.

Naquela época era normal andar 20/30 min nos deslocamentos. Os caminhos de então ficaram bem registrados na sua memória porque, obrigatoriamente, passavam pelos belos jardins do Museu.

O Colégio Cardeal Motta, administrado pelo famoso Pe. Balint, fundador do Círculo Operário do Ipiranga, ficava mais próximo da casa. Entretanto, não foi uma opção viável devido ao alto valor da mensalidade.

Todos os domingos de manhã acompanhava os pais para assistir a uma missa que era celebrada na Igreja católica Santa Cândida - na época essa igreja era integrada ao edifício do Colégio Cardeal Motta. Por conta dessas idas à missa, e através da sua mãe, ficou conhecendo o Pe. Balint, e convidado a ajudar na celebração das cerimônias como ‘coroinha’, o que ele fez durante algum tempo.

O Colégio São Francisco Xavier era administrado pelos padres Jesuítas. Dona Filinha os conheceu, e colocou para eles a possibilidade do filho seguir a carreira sacerdotal.   Assim, através da indicação desses padres, conseguiu uma bolsa de estudos, e a sua transferência para o Colégio Anchieta, de Nova Friburgo, como aluno interno.

Na época foi uma escolha muito acertada, considerando o nível do colégio, e que a situação na casa da família não era boa, devido a saúde precária da mãe. Ela sofria constantes e fortes dores de cabeça (enxaquecas), que a deixavam de cama, por um dia ou dois, a cada semana.

Colégio Anchieta 

A passagem JA pelo Colégio Anchieta, embora tenha durado pouco tempo - cerca de três anos, marcaram a sua vida profundamente.

Independentemente do cunho religioso, que era pregado através das missas e orações diárias, ele teve uma sólida formação cultural - as aulas eram ministradas por professores altamente qualificados e, já naquela época, eram ministradas em período integral. Também ali aprendeu a viver em sociedade - seus mestres e companheiros eram originários de diversas partes do país; aprendeu a ser independente, a respeitar normas e horários.

Além disso, aprendeu a assumir responsabilidades e a desempenhar funções gerenciais, comerciais e administrativas - foi, durante um período, Diretor Esportivo – encarregado de administrar os campeonatos internos de futebol dos alunos de sua faixa etária – os ‘Menores’. Isso implicava definir tabelas, arbitragem, acompanhar resultados etc.

Numa outra época, foi designado encarregado da venda de material escolar para os alunos - administrava o estoque, controlava as vendas, prestava contas, fazia encomendas para suprimento.

Eventualmente, foi designado como ‘Bedel’ de uma de suas turmas - sua função era ser o interlocutor entre os alunos e a administração pedagógica para dirimir dúvidas, resolver problemas.

Passou também a fazer parte de uma associação religiosa para jovens, chamada ‘Cruzada Eucarística’. Nela atingiu o nível de ‘General’ - um dos mais altos. 

JA no Colégio Anchieta, Nova Friburgo 

Além disso, a prática intensiva e variada de esportes o ajudou a se desenvolver, manter-se bem fisicamente, e ser competitivo em tudo o que fazia. Sempre se destacou.

A cada 6 meses, saia daquela rotina, e vinha de Nova Friburgo a São Paulo, visitar a família por uns dias.

JA não tinha consciência, mas estava sendo preparado para a vida.

Passados cerca de três anos, ficou claro para os padres que ele não tinha vocação religiosa, e ele foi orientado a voltar definitivamente para São Paulo.

Colégio Alexandre de Gusmão 

Voltando para São Paulo se matriculou no curso noturno do Colégio Alexandre de Gusmão, também no bairro do Ipiranga, onde concluiu o Ensino Fundamental, e cursou o Ensino Médio.

Entre seus amigos de então, um eles, o R. Paraventi, tinha uma casa no Paraíso – próximo do atual Shopping Center Paulista e da Beneficência Portuguesa.  Nos fundos da casa havia um campo de futebol de salão.

Quase todos os sábados o grupo de amigos da escola, JA entre eles, encontravam-se ali pela manhã, para jogar. O pai do R. Paraventi ficava assistindo ao jogo dos jovens, de uma sacada, sentado numa grande mesa posta com refrigerantes, café e bolo, preparados para a turma após o jogo.

Colégio Santo Inácio-RJ 

Numa época de férias escolares, JA conseguiu junto aos padres jesuítas, seus conhecidos, hospedagem para ele e esse grupo de amigos no Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro.  Lá chegando eles já eram esperados por alguns alunos do colégio, que imediatamente os convidaram para jogar futebol. Mal sabiam eles que esse grupo jogava junto já há muito tempo, e que, além disso, jogavam futebol de salão – ou seja, tinham muito mais facilidade para jogar futebol ‘de campo’ do que os demais.  Ganharam fácil.

Após o jogo JA perguntou paras os inacianos se eles teriam alguma sugestão sobre o que fazer na cidade mais tarde. Alguém lançou uma ideia, mas um outro colocou: ‘Mas isso é muito caro!’. Ao que um do grupo visitante retrucou: ‘Mas nós não perguntamos o preço!’ Ficou claro o porquê da fama de ‘metidos’ que os paulistas têm junto aos cariocas.

Numa outra ocasião, numa caminhada pela cidade, conheceram umas moças, muito bonitas e simpáticas. Elas disseram a eles que trabalhavam num canal de TV, onde eram dançarinas, e que estavam indo para a apresentação de um show. Perguntaram então se eles não queriam ir também.  É claro que aceitaram.  Era um show onde se apresentou o famoso cantor Cauby Peixoto.

Mais tarde, após o show, elas convidaram o pessoal para ir à casa delas no dia seguinte, à noite, para ‘tomar um café’. Eles aceitaram prontamente.

Voltaram para o alojamento e, como elas eram apenas duas, consideraram que seria exagero ir o grupo todo na casa delas - afinal eles estavam em seis. Começou então uma discussão para definir quem iria: - Fui eu que as vi primeiro!  - Fui eu que me aproximei e puxei assunto. - Foi comigo que a mais nova conversou mais.  Enfim, não chegaram a nenhuma conclusão e, no dia seguinte, acabaram indo todos.

Lá chegando, tocaram a campainha, e foram atendidos por uma criança que, imediatamente, chamou o pai, que veio em seguida.  Resumindo, o convite era para tomar café mesmo. A mais velha era mãe da mais nova, a criança era seu filho, e o homem marido. 

 


Escola Superior de Administração de Negócios – ESAN

No ano seguinte à conclusão do Ensino Médio, embora, pela história profissional de sua mãe, pensasse em fazer ‘Medicina’, e que seu teste vocacional tivesse apontado ‘Jornalismo’, resolver fazer ‘Administração de Empresas’ pela maior facilidade de emprego, custo e rendimento. Prestou vestibular e conseguiu entrar na Escola Superior de Administração de Negócios de São Paulo - ESAN/SP.

Matriculou-se no horário noturno porque precisava trabalhar durante o dia para cobrir suas despesas, e pagar a mensalidade.

 

ESAN, anos 70

A ESAN foi a primeira das instituições criadas por Pe. Roberto Sabóia de Medeiros, em 1941. Por não existir nenhuma Faculdade desse tipo no Brasil, Pe. Sabóia usou como modelo a ‘Graduate School of Business Administration’ da Universidade de Harvard. Com isso, a ESAN/SP marcou o início formal dos estudos específicos de Administração no Brasil.

JA se recorda que num determinado ano, por algum motivo, ficou sem conseguir pagar a faculdade por alguns meses. O secretário da ESAN era um seu conhecido do passado - o Ir. Custódio, um ex-funcionário do Colégio Anchieta, onde, entre outras coisas, exercia a função de fotógrafo – aliás foi ele que tirou a foto de JA acima postada, tirada durante sua participação numa prova oral – foi solidário, e conseguiu segurar o débito por um determinado tempo.

Entretanto, como o atraso se tornou recorrente, o Diretor da Faculdade foi colocado a par. Ele chamou JA para uma entrevista, ouviu as explicações, e lhe deu um prazo para pagamento que, caso não cumprido, impediria sua participação nas provas do final do ano.

JA não se desesperou, acreditava que encontraria uma solução, como sempre encontrava nas horas mais difíceis. E encontrou.

Soube através de alguém que um terreno estava colocado à venda; soube que alguém queria comprar um terreno com aquelas características. Sem conhecer o terreno, nem vendedor, nem o provável comprador, intermediou o negócio que acabou se concretizando e rendendo uma comissão, praticamente equivalente ao valor que devia pagar para a faculdade. Pagou, fez os exames finais daquele ano, e continuou. Nunca deixou de agradecer ao ‘Universo’ por ter lhe proporcionado uma saída tão oportuna.

 

Na sua formatura foi escolhido e discursou em nome da sua turma, os novos administradores de empresa.

Após graduado, fez diversos cursos de especialização, sendo um deles na Fundação Getúlio Vargas SP – FGV (Extensão Universitária em Informática e Administração). Um dos seus professores nesse curso foi o Prof. Claude Machiline. 

Professor Claude Machline

Ele era professor bem-humorado, inspirador e humilde. Esses foram alguns dos adjetivos usados por ex-alunos e colegas para descrever o engenheiro Claude Machline, um dos fundadores da Escola de Administração de Empresas da FGV.

Nascido no Rio de Janeiro em 1922, passou a maior parte da infância em Paris. A mãe era francesa e o pai, ucraniano. Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial (1939-45), a família retornou para o Brasil.

Autodidata, aprendeu português na viagem de navio para a América, lendo livros. Já sabia alemão, por causa de uma babá, e francês. Mais tarde, aprendeu a falar inglês.

Formou-se engenheiro químico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro-URFJ, e fez mestrado e doutorado nas universidades americanas Michigan State, e Stanford.

Na época, JA trabalhava como analista organizacional administrativo numa multinacional alemã, a Mercedes-Benz do Brasil, e tinha a pretensão de implantar na área de produção da fábrica algumas das técnicas que teve oportunidade de aprender e a desenvolver na área administrativa.

Machline ouviu suas ideias e, humilde e simpaticamente, interessou-se. JA organizou uma visita dele à fábrica.  Visitaram a linha de produção, almoxarifados etc. Ele quis saber de tudo um pouco – os sistemas, processos, controles etc. Em seguida, participou de um almoço com JA e o Diretor da área dele na empresa.

Infelizmente, independentemente da assessoria muito gentil e útil do Professor Machline, o projeto de JA não foi para frente porque, na mesma época, chegou da Alemanha uma pessoa vinculada à área de produção, com um projeto semelhante ao que ele propunha, já testado na matriz, e, naturalmente, foi o que foi considerado, implantado.

Anos mais tarde, JA o reencontrou, e ele se lembrou da passagem. Simpaticamente agradeceu muito a oportunidade que teve então, de conhecer mais de perto o funcionamento produtivo de uma grande multinacional.

Vida Profissional

Quando voltou para São Paulo, vindo de Nova Friburgo, passou a estudar à noite, e, através de seu padrinho Paulo de Souza, arrumou seu primeiro emprego. Foi na Cia. T. Janer. Lá começou a sua vida profissional, como auxiliar de escritório.

Em seguida, meses mais tarde, através de um parente de sua mãe, o Vilhena, conseguiu emprego no Banco Mercantil de São Paulo. Passou a trabalhar numa agência, no mesmo bairro onde morava (Ipiranga), onde teve oportunidade de conhecer a rotina bancária, e de conviver com funcionários de todos os níveis, além dos clientes.

Banco de Boston


Através do pai de uma colega do Ensino Médio do Colégio Alexandre de Gusmão –ela que se tornaria a sua primeira esposa, anos mais tarde-, conseguiu emprego num banco internacional, o Bank Boston, cuja sede paulista ficava na Av. Libero Badaró, em São Paulo. Lá exerceu a função de ‘Informante Comercial’.

Sua função era obter informações para os gerentes, sobre os clientes que solicitavam empréstimo. A maior parte do dia passava fazendo serviço externo - visitava outros bancos, clientes ou fornecedores do solicitante, pedindo informações sobre eles. Na outra parte do dia, passava redigindo relatórios, informando o resultado de suas pesquisas. 

Boston Bank, JA com amigo Ary, 1968

A experiência adquirida na estratégia que desenvolveu para obtenção dos dados, e nos contatos que teve que fazer, foram muito úteis para o resto de sua vida profissional.

Dois fatos foram marcantes nesse emprego:

a.  Num determinado dia, seu gerente solicitou que ele ficasse à disposição de determinada pessoa, um norte-americano que estava visitando o banco. O visitante solicitava informações do tipo: ‘Quero informações sobre todas as empresas fabricantes de eletrodomésticos, com base em São Paulo.’

Todas as 6ªs feiras, à tarde, ele ia ao Rio de Janeiro e voltava na feira seguinte, para continuar o trabalho.  

Ele nunca disse quem era, nem porque necessitava daquelas informações - JA nunca perguntou.  Foi assim durante cerca de 4 meses. Depois dele ter ido embora, JA ficou sabendo, através de outras pessoas, que ele era um Senador norte-americano, de Boston, que estava aqui no Brasil interessado em avaliar o potencial das empresas brasileiras, especialmente as paulistas, com o propósito de desenvolver um programa comercial entre os dois países.

b.     Havia no banco um departamento chamado ‘Organização e Métodos – O&M’.

Nesse departamento trabalhavam algumas pessoas com as quais JA fez amizade. Eram pessoas mais velhas que ele, que passavam confiança e conhecimento – ele as admirava.

O departamento de O&M realizava estudos que visavam (re)definir as atribuições dos diversos setores do banco, responsabilidades, e a otimizar a burocracia administrava.

Os analistas, como eram chamados esses funcionários, dependendo do objetivo do seu estudo, faziam levantamento, propostas e redigiam Normas e Diretivas Administrativas que, após aprovadas pela direção da O&M e pelos responsáveis pelas áreas envolvidas, passavam a serem seguidas. Aparentemente, os funcionários, seus conhecidos, estavam a par de todos os processos existentes, eram influentes, e respeitados nas diversas áreas do banco.

Ficou interessado em trabalhar com eles. Afinal, tinha facilidade de contato, prática e talento para redação.  Entretanto, isso não foi possível. Quando questionado sobre a possibilidade, o Diretor deles informou que ali só trabalhavam pessoas já formadas em ‘Administração de Empresas’, ou ‘Economia’, originários das melhores faculdades do país. E esse não era o seu caso. Ainda estava no ano da faculdade de Administração de Empresas, e a sua faculdade, na época, não estava entre as que mais se destacavam no cenário. 

Arnaldo Madeira, b. 1940

Anos mais tarde, um desses analistas de O&M do banco, o Arnaldo Madeira, foi o fundador do Partido Social-Democrata do Brasil - PSDB. Participou como candidato em diversas eleições, foi eleito e exerceu mandatos como vereador da cidade de São Paulo (de 1983 a 1995), e como deputado federal (de 1995 a 2011).

Entre os colegas de sua turma da faculdade havia um que trabalhava na Eletro Radiobrás, no Departamento de Organização e Métodos - DOM.  Esse departamento executava as mesmas atividades que despertaram seu interesse no Boston Bank, onde trabalhava. Por não conseguir transferência para esse o setor no banco, tentou por várias vezes, até conseguir, uma entrevista de emprego na Eletro Radiobrás.

A partir de outubro de 1969, cursando o último ano da faculdade, passou a trabalhar nessa empresa, na área que pretendia.

Eletroradiobraz 

O colega de faculdade de JA que trabalhava na Eletro Radiobrás, J. G. Martinez, por coincidência (ou não) era o chefe do departamento de O&M - exatamente na área onde ele pretendia trabalhar. Finalmente, conseguiu a vaga, saiu do banco, e passou a trabalhar na ‘Eletro’.

A Eletro Radiobrás nasceu nos anos 40, no Bairro do Brás, na Av. Rangel Pestana, próximo da estação ferroviária e da Confeitaria Colombo, no Largo da Concordia, na cidade de São Paulo.

Inicialmente ela surgiu como um ponto de consertos de rádios e outros pequenos eletrodomésticos, como ferro de passar, liquidificadores, entre outros.

O início do negócio foi dado pelo Sr. Ayme Taub e sua esposa Anita Taub, os quais tinham um casal de filhos, Carlos Taub e Sarah Taub.

Com o passar do tempo, o filho Carlos Taub procurou diversificar o negócio de seu pai, dando início a venda de eletrodomésticos e, em seguida, confecções - especialmente ternos e acessórios. A partir desta iniciativa começou a haver um crescimento comercial e estrutural.

A loja de consertos deu lugar, no mesmo endereço, a um prédio de sete andares que passou a abrigar uma moderna loja tipo magazine (alguns a conheciam como loja vitrine), com vários departamentos interligados internamente por passarelas, que facilitavam e criavam clima para desfile de modas e outros eventos.

Até meados de 1967, a estrutura administrativa da Eletro Radiobrás era familiar. Com o crescimento dos negócios, a empresa foi sendo profissionalizada com a contratação de executivos específicos para cada área da empresa, porém sempre mantendo em sua estrutura os funcionários que colaboraram para o crescimento empresarial da organização.

A Eletro Radiobrás contava na época também com um grande depósito na via Anhanguera, que podia ser visto da rodovia, de onde saiam seus Caminhões Chevrolet amarelo e azul para entregar as mercadorias vendidas nas lojas.

A empresa matinha também para seus funcionários uma colônia de férias, na Praia Grande, São Paulo.

No início dos anos 70, transferiu a sua estrutura administrativa para o Largo Santa Cecilia, no prédio anteriormente ocupado pelas Lojas Clipper, loja tradicional em São Paulo nos moldes dos atuais magazines.

Um pouco antes dos anos 70, o ramo de supermercado já era uma realidade, e crescia a necessidade de se atender à crescente demanda populacional pelo sistema de autosserviço. Aos poucos, a Eletro Radiobrás também expandiu suas atividades para esse segmento, chegando a ter oito lojas. 

Em 1971 a Eletro Radiobrás inaugurou o seu primeiro hipermercado, com a denominação de ‘Baleia’, no Bairro da Água Branca, em São Paulo - no prédio anteriormente ocupado pela Eucatex. A definição de Hiper para aquela época era que se dizia que, em um único ponto de venda, podia-se encontrar do alfinete ao avião.

O nome ‘Baleia’ foi escolhido porque já existia o Jumbo (antecessor do Extra) o primeiro hipermercado do Brasil, que foi inaugurado em Santo André, município de São Paulo, também em 1971, pertencente ao Grupo Pão de Açúcar.

A empresa, tanto para os supermercados e hipermercados, contratava assessoria de executivos americanos aposentados, com vasta experiência nesse segmento como, por exemplo, nos Estados Unidos entre outros países.

Na Eletro Radiobrás, JA, que havia acabado de concluir a faculdade, começou a exercer a função de analista de O&M, inicialmente como trainee, e depois, Junior e, finalmente, como Sênior.

Sua maior experiência foi na área de suprimento, armazenamento e entrega de produtos vendidos pelas lojas.  Nos finais de ano, considerando o grande aumento do volume de vendas, a empresa alugava e passava a utilizar um espaço adicional para armazenamento.  Alugava um depósito na Vila Carioca, em São Paulo.

JA, numa dessas ocasiões foi encarregado de administrar esse depósito: quadro de pessoal, frota de veículos, segurança, recebimento de produtos, armazenamento, controle de estoque, separação e entrega.

Num desses dias choveu torrencialmente na região, e ocorreu uma grande inundação.  A água começou a entrar no depósito e ameaçava molhar os móveis e eletrodomésticos.  JA foi pesquisar o porquê da inundação, e verificou que a água da chuva não estava escoando porque havia sido bloqueada pelo vizinho - uma área ocupada por uma montadora de automóveis.

Ele, no meio daquela chuvarada, foi falar com o responsável pelo local.  Ele estava sentado em cima de uns sacos de areia para impedir que fossem retirados. Os sacos tinham sido colocados ali justamente para bloquear o fluxo de escoamento da água.  Independentemente dos apelos indignados de JA, o responsável se recusou a desobstruir para dar vazão à água.  Argumentou que tinha uma caldeira em funcionamento no local e que, se a água invadisse a área, ela explodiria.  Em contrapartida, forneceu caminhões, pessoal e espaço para guarda do que houvesse no depósito, para evitar a perda.

JA, por telefone, colocou a ideia para seu Diretor, Sr. Júlio Casoy. Após a sua concordância e preparativos, iniciou a transferência. Foi tudo salvo.  No início do processo, preocupado com a volta para casa, ele havia deixado sua roupa na carroceria de um caminhão, para ficar mais à vontade para ajudar no trabalho. Infelizmente, no meio da confusão, acabou por perdê-la. Naquela noite chegou tarde em casa, molhado, sem sapatos, e usando uma roupa emprestada.

Participou da criação do Depósito na via Anhanguera, e ativamente no planejamento e execução da transferência da estrutura administrativa da empresa, do Largo da Concórdia para o Largo Santa Cecilia, também em São Paulo, tendo sido elogiado por isso.

Nesse trabalho de transferência dos escritórios, JA:

o    Levantou todos os móveis e equipamentos existentes nos escritórios;

o  Distribuiu o espaço da nova sede entre os diversos departamentos/setores, considerando seu tamanho e atividade;

o    Projetou o layout de cada área, considerando e prevendo a localização de seus móveis e equipamentos;

o    Organizou o fluxo da transferência utilizando caminhões – definiu a ordem de saída/entrada, a carga de cada caminhão, o pessoal e as viagens necessárias para execução.

o    Orientou o pessoal envolvido sobre o que deveria ser feito.

No dia e horário definidos, a mudança foi realizada. Uma passagem interessante desse evento foi que haviam sido previstas 150 viagens para realização da transferência. Entretanto, por qualquer motivo, ao final, verificou-se que a última viagem seria a 149. JA não concordou; dividiu a carga dessa última viagem em duas. Assim, a mudança foi realizada com 150 viagens, como previsto.

Dois anos mais tarde, em 1972, seu colega saiu da Eletro Radiobrás e passou a trabalhar na Mercedes-Benz do Brasil, em São Bernardo do Campo. Não passou muito tempo, ele convidou um outro colega de JA, que também trabalhava na Eletro Radiobrás, o P. Astolfo, para ser funcionário da MBB, na mesma área. E, em seguida, também convidou JA.

Mercedes Benz do Brasil 

Na MBB, onde trabalhou de 1972 a 1988, exerceu inicialmente a função de Analista de Organização e Métodos. Nessa função teve oportunidade de conhecer quase todas as áreas da empresa, em especial a Financeira e a de RH.

Depois de alguns anos, foi designado chefe do setor responsável pelo Planejamento de Escritórios da empresa.  Cuidava da definição de espaços, mobiliário etc.

Era uma área muito ativa considerando que, na época, estava sendo implantado o conceito de centralização administrativa, abrindo espaços comuns nos escritórios, e unificando a operação de algumas funções que antes eram individuais, tipo secretariado.

Participou do planejamento e implantação da área administrativa da unidade da MBB-Campinas, no Distrito Industrial, nas proximidades do aeroporto de Viracopos.

Essa unidade tinha como finalidade de concentrar as atividades de pós-venda da Empresa, a começar pela área de Assistência Técnica, que prestava suporte à clientes e concessionários no Brasil, e nos diversos países para onde exportava.

A Central de Distribuição e Logística de Peças era a maior da Mercedes-Benz fora da Alemanha. Eram 80.000 m², com um estoque de 10 milhões de peças, e distribuição de 3 milhões de peças por mês.

Em Campinas estavam concentradas também as atividades de Global Training, com treinamentos para clientes, concessionários, e equipes da própria empresa, bem como a Central de Relacionamento com o Cliente, que oferecia suporte, tanto para veículos comerciais, como para automóveis da marca.

Essa planta da Mercedes-Benz do Brasil contava ainda com a linha de produção de peças remanufaturadas RENOV, como motores, câmbios, embreagens e outros itens, alternativa que vinha sendo cada vez mais utilizada pelos clientes para renovar seus veículos.

Na época imaginou a possibilidade de vir trabalhar na unidade Campinas, tanto que comprou um terreno na proximidade, na área conhecida como Mosteiro de Itaici. Era um bairro, no município de Indaiatuba, entre as cidades de Campinas e São Paulo.  Era um local privilegiado – ficava no alto, tinha uma linda vista, não havia vento – ali se escutava o silêncio, como dizia. Talvez essas características tenham influenciado a escolha do local para implantação do Aeroporto Internacional de Viracopos, que ficava próximo.

Ele se lembra, fazendo graça, de seu comentário com os colegas da época:

‘Com a compra desse terreno, onde planejo construir minha residência, comecei a realizar um sonho. O sonho de ter uma casa, num lugar como esse - silencioso, agradável, e de possuir uma fábrica de veículos instalada nos fundos do meu quintal’.

Anos mais tarde, como sua transferência não se concretizou, esse terreno foi utilizado como parte de pagamento de uma casa que adquiriu na Granja Viana, onde, passou a morar.

Eventualmente, foi promovido a chefe do Departamento de Administração-ADM, responsável pela administração das seguintes áreas:

o    Comunicação da empresa (telefonia, telex, correio interno);

o    Veículos e Motoristas – cerca de 300 automóveis (compra, distribuição, venda, licenciamento, manutenção e abastecimento), sendo 50 deles MB importados, e 50 motoristas; 

o    Transporte de cerca de 11 mil funcionários da residência para o trabalho e vice-versa (contratação, definição de rotas, designação dos funcionários por ônibus/viagem, administração e controle da prestação do serviço. e pagamento das empresas de ônibus contratadas);

o       Compra, guarda e distribuição de suprimento de material, móveis e equipamentos de escritório

Naqueles anos o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, região onde se situava a fábrica, promovia campanhas reivindicatórias junto à administração da empresa. Seus dirigentes, incluindo o Sr. Luiz Inácio da Silva, presidente do Sindicato, e futuro presidente do Brasil, ficavam no pátio, no horário da saída dos ônibus que levavam os funcionários de volta para casa, colocando-os a par dos movimentos e reinvindicações, muitas vezes os incitando a fazer greve para conseguir que fossem atendidas.

Numa dessas oportunidades, JA que tinha entre suas funções o transporte de funcionários, acompanhou o Sr. Luiz Adelar Scheuer, Diretor das Relações Institucionais da Empresa, em cada ônibus estacionado, antes da partida, onde foi explicado aos passageiros/funcionários o posicionamento da empresa em relação às reivindicações, com o propósito de conter/minimizar o movimento grevista.

Foi uma época muito produtiva na sua vida profissional – ganhou experiência e, confiança.

Em 1988, com a previsão do encerramento da participação da MBB na Sociedade Técnica de Fundições – Sofunge, e de suas atividades, JA soube que seu diretor pretendia convidar um executivo daquela empresa para assumir o seu lugar na MBB. 

P. Astolfo e Marisa Costa, padrinhos da 1ª filha JA, e a mãe

Naquela época, aquele seu ex-colega da Eletro Radiobrás e da MBB, P. Astolfo, que agora também era padrinho da sua filha do casamento, trabalhava na área de educação, e era Diretor Financeiro de um colégio no Jardim Paulistano, em São Paulo, o Colégio Mater Dei. Oportunamente, ele o convidou para trabalhar com ele.

JA aproveitou a oportunidade, conseguiu um bom acordo financeiro na MBB, e saiu da empresa.

Como parte do acordo conseguiu um automóvel da marca Mercedes-Benz. Aquele veículo era especial porque, meses antes, com a liberação da importação da veículos, os carros importados mais antigos- que haviam sido comprados junto aos consulados, seriam substituídos por novos, e vendidos. Havia cinco unidades na frota de carros MB Série 250, sendo que foi decidido que quatro deles, mais antigos, deveriam ser vendidos.

Antes da venda, JA providenciou junto a oficina / concessionária de carros MB, existente na fábrica, que as melhores peças e acessórios fossem transferidos dos 4 veículos que seriam vendidos, substituindo seus equivalentes no veículo – aquele que permaneceria. Aproveitou que o carro já estava na oficina e solicitou que fosse feita também a substituição do couro dos assentos que se encontrava meio gasto. Para tanto foi importado um revestimento original, na cor branca, de acordo com o modelo do carro.

Entretanto, uma decisão posterior definiu que aquele também deveria ser vendido.  JA percebeu nisso uma oportunidade, e acabou conseguindo que esse carro fizesse parte do acordo do seu desligamento da empresa.

O carro MB mencionado fez parte da história de JA também por outro motivo.

Utilizava o MB quando conheceu a sua futura esposa e, posteriormente, quando conheceu a mãe dela, que o recebeu muito bem, e mais tarde o elogiou para a filha – a marca do veículo deve ter ajudado nessa parte.  Mais tarde, depois de casados, a esposa comentou com ele, fazendo graça, que deveria reclamar no Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) por ter sido ‘vítima de propaganda enganosa’.

Em seguida, foi trabalhar no Colégio Mater Dei, na área financeira, como Gerente de Controladoria.

Colégio Mater Dei 

Fundado em 1962, em São Paulo, o Colégio Mater Dei tem cursos que vão, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.  Em 1984 abriu uma unidade em São José dos Campos.

Sua proposta sempre foi criar e manter um ambiente adequado para a aprendizagem, baseado no desenvolvimento de hábitos de estudo, e na construção pedagógica de conhecimentos sólidos nas diversas áreas e disciplinas, bem como com a inserção futura destes jovens no mercado de trabalho.

JA desempenhou a função de Controller até 1995, quando, com a saída da instituição do P. Astolfo, que adquiriu seu próprio colégio, o substituiu, e foi promovido a Diretor Financeiro do grupo.

a.       Global Program 

Em 2002 foi transferido para a unidade de São José dos Campos, como Diretor Administrativo Financeiro. Durante a sua gestão teve oportunidade de implantar na unidade, em parceria com a Câmara Americana do Comercio - AMCHAM, o Global Program.  

O Global Program é um programa de ensino internacional, que promove o multiculturalismo, a cidadania, a fluência, e a proficiência na Língua Inglesa, por meio de um ensino com grade curricular acadêmica americana e, ainda, pela aquisição de conhecimentos contemporâneos.

Ao final do curso, o aluno recebe o certificado brasileiro de conclusão, e o histórico do currículo da escola americana, podendo assim cursar escolas em qualquer parte do mundo.

Todas as matérias são ensinadas em inglês, seguindo os padrões e parâmetros curriculares exigidos internacionalmente. Entre as matérias lecionadas estão: Leitura, Linguística, Estudos Sociais e Ciências. Todos os materiais são adquiridos das principais fornecedoras de livros de colégios públicos e privados americanos.

Esse programa foi um sucesso em São José dos Campos. Isso era esperado, considerando que a cidade tem muitos estrangeiros trabalhando nas empresas instaladas na região e que, eventualmente, são remanejados para outros países. Então, eles têm interesse que seus filhos tenham um currículo escolar reconhecido no mundo inteiro, para facilitar o processo, ou para estarem preparados para cursar alguma faculdade no exterior. 

Posteriormente, esse programa também foi implantado na unidade de São Paulo.

Durante os anos que esteve nessa unidade teve oportunidade de implantar um sistema administrativo informatizado (Web Controll) que previa entre outros, controles de estoque, recebimentos, e pagamentos, que veio facilitar enormemente o trabalho.

Posteriormente, tanto o ‘Global Program’, como o programa administrativo informatizado, foram implantados na unidade de São Paulo. 

b.       Alimentação Terceirizada

Lembrou-se que inicialmente teve dificuldade em administrar a prestação de serviço de alimentação (cantina e restaurante) para alunos e funcionários. Tinha dificuldade para controle de estoque, do resultado financeiro, da qualidade do serviço etc.  Então, estudou a possibilidade de terceirizar o serviço. Avaliou diversas empresas interessadas, e concluiu contratando uma empresa especializada para executar essas atividades. O acordo previa que 10% da receita mensal – controlada através do sistema administrativo informatizado do Colégio, fosse paga a título de ‘aluguel’.

Mais tarde, pode constatar que foi uma decisão acertadíssima, considerando o resultado financeiro, e que o sistema anterior, por desconhecimento, não estava observando adequadamente a legislação vigente que tratava do assunto. 

Além disso, a nutricionista da empresa contratada, passou a discorrer / ensinar para os alunos o conceito de ‘Alimentação Saudável’. Muito conveniente, considerando que, se a contratada ensinava o que era alimentação saudável, não poderia fornecer o que não fosse.   Isso, aliado ao fato de que cada turma de alunos cuidava de uma horta na área da escola, cuja produção era entregue a eles para levarem para suas casas. Os alunos acabavam passando para sua família o que aprenderam no Colégio nessa parte.  Isso surpreendia os pais, resultando num marketing muito positivo para o Colégio. 

c.       Academia de Natação

Numa outra ocasião, passaram a considerar um risco para os alunos a existência de uma piscina na área da escola. Apesar do controle, havia sempre a possibilidade de um eventual acidente, principalmente com os mais novos.

Então, o Colégio fez um convênio com uma academia de natação existente na vizinhança, e passou a transportar os alunos para as aulas - ida e volta, nos horários marcados. A piscina antiga do colégio foi aterrada. Outra vez a terceirização se mostrou mais conveniente – além de dispor de treinadores especializados, a academia proporcionava temperatura da água e piscinas adequadas para cada faixa etária, coisa que no colégio era impossível.

d.       Água de Reuso

Oportunamente foi construída na área do Colégio uma caixa de água subterrânea de 10 mil litros, para captação da água da chuva. A água dessa caixa passou a ser reutilizada para regar canteiros, lavagem de pisos, e descarga dos banheiros. Com essa iniciativa o Colégio estava ensinando cidadania, dando o exemplo. 

e.       Infestação de Aranhas 

Num determinado momento houve uma infestação de aranhas na área não construída do Colégio, principalmente onde havia vegetação.  A área era muito extensa – o terreno tem no total cerca de 24 mil m², e, considerando a dificuldade para capturá-las, que não era saudável fazer uma dedetização muito agressiva – afinal os alunos frequentavam esses espaços, e não se poderia correr o risco de contaminação-, foi encontrada uma solução muito prática e eficaz.

O colégio adquiriu Galinhas de Angola que ficavam presas durante o dia – em horário de aula e eram soltas à noite para percorrer os espaços abertos. As Galinhas de Angola se alimentavam com as aranhas e outros insetos, e acabaram com a infestação. Posteriormente foram mantidas, para evitar o risco de reincidência.

JA trabalhou no Mater Dei até meados de 2011. Segue abaixo suas considerações a respeito, feitas logo a seguir do desligamento. 

Considerações - Desligamento JA MD, 1, Abr23

Thoth

 

Tendo saído do Colégio Mater Dei, JA passou a trabalhar período integral como Consultor Empresarial, pela na própria empresa, que fundou já nos anos 2000, a Thoth Serviços de Informática e Documentos Ltda. ME.

O Mater Dei cumpriu o acordo financeiro feito e, tendo passado mais de uma década do seu desligamento, JA tem conseguido cumprir seus compromissos e a manter seu padrão de vida, com base no que consegue auferir como consultor, e com o rendimento do aluguel de alguns de seus imóveis. 

Gil, esposa de JA e sua mãe, Dona Gesilda

Eventualmente, dois desses imóveis foram desalugados, cada um por um motivo, sendo que um deles é o que proporcionava a maior parte da receita familiar. A situação seria crítica, considerando que a poupança que dispunha era muito pequena.

Entretanto, nessa mesma ocasião, um imóvel que pertencia à família da sua esposa foi vendido, e o dinheiro a que ela tinha direito foi recebido, e parte dele serviu para ajudar na superação, suprimento financeiro, até a relocação dos imóveis.

Esse imóvel era utilizado pela sua sogra e genro. Com o falecimento da Dona Gesilda, dois anos antes, JA colocou então que seria interessante que providenciassem a venda. Foi informado que isso estava totalmente fora de questão, pois ele – o genro, pretendia continuar morando ali. Tudo bem. Passado algum tempo, foi informado pelo genro que uma construtora tinha intenção de implantar um empreendimento na região, e que, por conta disso, precisava adquirir o terreno onde estava a casa. A oferta foi muito boa. O genro consultou a irmã, e acabaram por aceitar.

A venda e o recebimento do pagamento foram providenciais Mais uma vez o destino conspirou a seu favor, considerando a situação financeira naquele momento, prejudicada pela dificuldade em alugar os imóveis desocupados, que continuou pelos 6 meses seguintes. Certamente seus ‘anjos da guarda’ estavam atentos, e, como sempre, ajudaram nessa hora de dificuldade.

 

Comunicação 

Desde criança, incentivado principalmente pelo pai, JA desenvolveu o hábito de leitura. Em decorrência, começou a escrever particularmente e, com o passar do tempo, até profissionalmente.

Quando adolescente, teve oportunidade de fazer um teste vocacional, e o resultado deu ‘Jornalismo’.  Por isso ou por aquilo, não seguiu essa orientação, mas profissionalmente acabou por exercer funções muito relacionadas com a escrita.

Atualmente, continua escrevendo. Administra três Portais, cada um relacionado a um assunto, que frequentemente alimenta com suas matérias.

Demorou, mas chegou à conclusão de que, mais difícil do que escrever, é conseguir que as pessoas leiam o que você escreveu, entrem no conteúdo, apreciem, aproveitem. 

A partir de então, passou a me preocupar, não só com o que gostaria de expor, mas também com o que despertaria interesse no público. Afinal, escrever para você mesmo é um prazer egoísta, quase sem sentido.

Por outro lado, na sua idade, passou a fazer algum sentido, uma vez que quando você escreve registra seus pensamentos, sentimentos, os quais, de outra forma, com o passar do tempo, acabaria por perder. E, naturalmente, existem fatos, sentimentos, que importam, que faz bem registrar e poder relembrar, ter sempre presente, e poder compartilhar com outras pessoas.

A preocupação e o empenho em despertar o interesse público não é uma coisa simples.  O que parece evidente, muitas vezes não funciona.  Por exemplo, recentemente escreveu a história de uma grande e bem-sucedida organização empresarial brasileira que, não por acaso, é onde uma das filhas dele trabalha. Publicou, informou a ela, e não teve retorno. De outra feita, escreveu sobre a imigração árabe no Brasil, um tema que interessa e, frequentemente, é alvo de comentários por parte de sua esposa de origem libanesa. Publicou, informou, e não teve retorno.

É, não é fácil.  Mas, independentemente da falta de interesse alheio, escrever é importante para ele, e vai continuar, mesmo que ninguém se interesse, ou leia.

'Percebeu que, ao escrever faz com que os sentimentos envolvidos, gerados ou alimentados pelo enredo, criem uma energia própria, passando a fazer parte da realidade atual'. 

Portais

JA criou e administra três portais, sendo que cada um deles tem uma finalidade específica:

UCPO - Nele posta crônicas de assuntos diversos que, de alguma forma despertaram interesse ou curiosidade, que o levaram a escrever/discorrer sobre.  

SOART – Esse portal, na época em que foi criado tinha a finalidade fazer marketing dos trabalhos artesanais e artísticos produzidos por sua esposa, e de artistas associados convidados. Os associados tinham, cada qual, seu espaço, e ali, como numa loja, expunham seus trabalhos.

As lojas eram dispostas, como num shopping, em alamedas, por tipo de produto. Os clientes entravam no portal, escolhiam o tipo de obra de seu interesse, e entravam na alameda específica do produto pretendido, e escolhiam que pretendiam conhecer / comprar.

Entretanto, quando a sua esposa deixou de fazer trabalhos artísticos artesanais com fins comerciais, houve uma mudança. O portal deixou de fazer publicidade e comercializar obras de arte amadoras, e passou a fazer postagens informativas relacionadas com arte consagrada – pintura, artesanato, edificação, escultura, vitrais, joalheria, artistas etc.  

TIC – É um portal voltado para pessoas 50+.  Trata de assuntos relacionados com o envelhecimento. Posta matérias relativas aos cuidados que se devem ter com idosos - saúde, família, relacionamentos, comportamento etc. 

A ideia básica é mostrar que, independentemente da idade, essas pessoas ainda têm direito de se atualizarem, viver essa fase de sua vida com saúde, expectativas, dignidade, e ainda serem produtivas.

Não raro ele se sensibiliza quando uma postagem atinge 80, 90 mil pessoas. Emocionava-se pelo fato de poder e estar contribuindo para que tanta gente pudesse ser orientada para aproveitar da melhor maneira o tempo de vida que ainda lhes resta. Além disso, considerando sua idade atual, essas informações também eram úteis para ele. 

Nota: Deixou de administrar esse portal a partir de Maio de 2023. 

Realizações 

Quando do casamento JA e esposa foram morar num pequeno apartamento na Aclimação, na Rua José Getúlio.  Era um local, próximo do centro de São Paulo, onde eram disponibilizadas linha de ônibus para todos os pontos da cidade, inclusive para o Largo da Concórdia, onde então trabalhava.

Algum tempo depois, quando JA já trabalhava na MBB, adquiriam, mediante financiamento a longo prazo e módicas prestações, um apartamento no Moinho Velho, no início da Via Anchieta (Km 5). Morar ali era muito conveniente porque a fábrica ficava próxima, no Km 16 dessa via.

Na época o corpo administrativo desse prédio, embora recebesse normalmente o pagamento mensal do condomínio dos moradores, deixou de pagar as contas devidas.  JA ficou indignado e resolveu sair dali.  Alugaram uma casa, numa vila, próximo da Igreja São Judas, no Jabaquara, e se transferiram para lá. 

Encontrou um parente da esposa que estava precisando de moradia, para ele e família. Ofereceu o apartamento com a condição de que ele pagasse as prestações do financiamento. Aceitou, mudaram-se para lá. Entretanto, passados alguns meses, verificou ele não estava pagando. JA, indignado outra vez, exigiu que eles saíssem do apartamento e, oportunamente o vendeu.

Com o dinheiro da venda, conseguiu financiar, agora a curto prazo, um apartamento no Butantã, Av. Caxingui, próximo da Cidade Universitária, no início da Rodovia Raposo Tavares.

Na sequência, como indicado no gráfico acima, aproveitaram uma oportunidade e compraram uma casa em Ubatuba, Praia da Lagoinha. Mais tarde o terreno vizinho dessa casa, que fora colocado à venda, criando a possibilidade de aumentar a área da casa.

Comprou também um terreno em Campinas, próximo do Mosteiro de Itaici, do aeroporto de Viracopos, e da unidade que a MBB estava instalando próximo dali. 

Casa Lagoinha – Ubatuba-SP

 

JA, agora no seu casamento, morava de com a esposa num apartamento alugado na Rua Dumont Villares, no bairro do Morumbi. 

Oportunamente, tomou conhecimento de um apartamento à venda, cujo valor estava dentro de suas possibilidades, no bairro do Morumbi – Vila Andrade, num condomínio de prédios, próximo ao Shopping Jardim Sul. Comprou esse apartamento, e se mudou com a família para lá. Ao invés de aluguel, agora pagava uma prestação.

Como seus pais moravam de aluguel, num outro bairro de São Paulo, pode também comprar uma pequena casa para eles.  A casa se situava na proximidade do apartamento, também no Morumbi, na Vila Andrade.

Essa localização também era interessante porque seu pai, principalmente, frequentava o Clube Paineiras – que ficava na região, na condição de dependente de JA. Lá ele jogava bocha quase que diariamente, e tinha feito ali muitas amizades. Após mais de uma década de seu falecimento, de vez em quando algumas pessoas ainda perguntam a JA sobre seu pai.

No meio tempo, com a transferência da esposa e filha para Joinville, Santa Catarina, por motivo de trabalho, ficou encarregado da venda da casa da Granja Viana.  Nesse período, cuidava da manutenção do imóvel, procurando despertar maior interesse dos candidatos. Como estava difícil, imaginou até a possibilidade de comprar a parte da ex-esposa e vir morar ali, com sua nova família.

Mas, afinal, conseguiu vendê-la por um bom preço. Uma parte (50%) veio em dinheiro e a outra na forma de um imóvel – uma casa no Butantã.  

O dinheiro foi para a ex-esposa que aplicou na compra de uma casa em Joinville, bem situada, num terreno de cerca de 2.000m², com uma área construída talvez maior do que a da casa da Granja Viana. 

A casa que veio como parte do negócio ficou para JA. Era uma casa com uma aparência simples vista de frente, mas muito espaçosa. Na suíte máster tinha uma grande banheira com hidromassagem no banheiro, e ainda uma sala de TV exclusiva. Na área externa uma churrasqueira. Junto à cozinha, espaço para copa. Na sala de estar, uma lareira. Tinha três quartos, sendo que um deles tinha um grande terraço, com cerca de 8m de comprimento, com vista para rua.

Além disso, o recebimento dessa casa foi muito oportuno. Sua filha mais nova, já maiorzinha, agora precisava de um quarto exclusivo, o que era impossível no apartamento onde moravam.

JA se recorda que quando recebeu a notícia de que o negócio tinha se concretizado, estava caminhando junto da sua esposa, no Clube Paineiras, e da grande satisfação que sentiu naquele momento. 

Mudaram-se para a casa no Butantã, e alugaram o apartamento do Morumbi.

Então, seus pais que nunca ficavam no mesmo lugar por muito tempo, resolveram que gostariam também de morar em Joinville.  JA comprou uma pequena casa para eles na cidade, para onde se transferiram e se deram muito bem, e vendeu a casa que tinham em São Paulo.

Alguns anos depois, seus pais se mudaram de Joinville para Penápolis-SP, onde residiam alguns parentes da mãe dele - sim eles continuavam mudando.

JA permaneceu com o imóvel de Joinville porque tinha informação de que a MBB instalaria uma fábrica na região e, naturalmente, o imóvel seria mais valorizado. Entretanto, isso não ocorreu e, algum tempo depois, ele o vendeu. 

Em Penápolis seus pais viveram uma vida tranquila, apoiados por uma sobrinha da mãe dele que anos antes havia sido ajudada por ela quando veio para São Paulo, numa tentativa de se estabelecer nessa cidade.

Em Penápolis seus pais sempre moraram em uma casa alugada por JA –sim ele agora não comprou, até falecerem, anos depois - primeiro o pai, depois a mãe.

 

Apartamento Moema


Chibarás, Apartamento

Enquanto moravam de aluguel na Av. Dr. Dumont Vilares, pensando em ter um imóvel próprio, JA, dentro de suas possibilidades comprou um pequeno apartamento em Moema, na Av. Chibarás, próximo ao largo de Moema, com a intenção de vendê-lo depois para que, com o que fosse auferido, pudesse viabilizar a compra de um maior.

Entretanto, isso não foi possível devido ao fato de que o valor da prestação, por conta da inflação monetária na época, subia desproporcionalmente aos seus rendimentos.  Esse apartamento passou a ser alugado para ajudar a pagar as prestações. No finalmente, serviu de sede para a sua microempresa, a Thoth, e , atualmente, alugado, passou a ser uma fonte de renda para JA.stá alugado

Escritório Rua Iguatemi 

Escritório Thoth, Rua Iguatemi

Um dos inquilinos do apartamento do Morumbi, Vila Andrade, fez uma oferta para compra. JA consultou um seu conhecido que trabalhava no ramo imobiliário, que considerou boa a proposta. JA aceitou e, através desse mesmo conhecido, adquiriu um escritório na Rua Iguatemi, próxima à Av. Faria Lima - uma das vias comerciais mais valorizadas de São Paulo, e instalou ali a sede do escritório da sua empresa de consultoria empresarial, a Thoth, até sua venda em 2019.

Gold Village

A esposa e filhas levaram JA para conhecer o Condomínio Gold Village, próximo ao Clube Paineiras, e a casa.  Ele achou tudo ótimo – a casa, as áreas comuns, a localização.  Entretanto, no carro, quando estavam voltando para casa, ao ser questionado se iria comprar a casa, respondeu: ‘Não! O valor é muito elevado’.  Lembra-se até hoje desse momento, quando então, sua filha mais nova, com 5 anos de idade, lhe disse:

“Se você quer, você irá conseguir.”

Essa fala, principalmente partindo de uma criança, o fez reconsiderar a decisão, e tentar fazer o negócio.

Descobriu que o construtor do condomínio, que ainda tinha algumas casas a venda no local, estava passando por dificuldades financeiras, e precisava urgentemente de dinheiro. Então, ofereceu a casa do Butantã, por um valor acima do de mercado, como parte do pagamento; uma parte – a entrada, a ser paga diretamente por ele, em algumas vezes; e a outra, através de um financiamento bancário.

Sua proposta foi aceita e o negócio concretizado.

Alguns meses depois, o proprietário o procurou perguntando se ele poderia antecipar o pagamento do saldo da entrada. JA aproveitando a oportunidade fez uma oferta para quitação com um valor inferior a 50% do ainda devido. A proposta foi aceita, atendendo ambas as partes. Por isso e por aquilo, quando finalmente acabou de pagar o financiamento bancário, e recebeu a escritura definitiva do imóvel, ficou claro para ele que, realmente, ‘Querer é Poder’.

No condomínio, numa determinada época foi eleito Síndico e, durante o seu mandato, desenvolveu um projeto para adaptação de uma das áreas comuns subaproveitada para sala de jogos e festas voltados para   crianças.

Mesmo após ter deixado de exercer a função de síndico, continuou batalhando pelos interesses dos moradores.  Através de uma sua conhecida que tinha uma empresa especializada em pesquisa, procurou saber quais as expectativas dos moradores com relação ao condomínio. Apresentou o resultado dessa pesquisa em uma assembleia. Esse resultado era eminentemente técnico, não tinha nada a ver com qualquer um dos grupos políticos, ou de interesse.

O resultado apontou as 5 maiores expectativas dos moradores, por ordem de interesse.  As próximas gestões do condomínio não tiveram opção senão procurar atender às expectativas elencadas, em benefício de toda a comunidade.

Ainda, durante o seu mandato de síndico do condomínio, devido ao aumento da criminalidade na região, fez gestões junto à subprefeitura do Butantã para aumento do policiamento local.

Na época foi criada a Associação dos Moradores Cidade Jardim Panorama - AMCJP, para representar e procurar atender os moradores da região. Ele foi eleito seu presidente.

Durante seu mandato, juntamente com representantes do Clube Paineiras do Morumbi, vizinho, e de empresas da região, continuou a efetuar gestões junto aos órgãos públicos para contenção do aumento/transferência da pequena favela próxima, prevenção e redução da criminalidade na região.   Sua pretensão foi atendida, tanto que, posteriormente, foi instalada na área uma grande escola particular, de origem americana, reconhecida internacionalmente, a Avenues São Paulo.

Costa Verde Tabatinga - CCVT

Visitando a praia da Lagoinha, Ubatuba-SP, onde ficava sua casa da praia que fora vendida, e onde seus primos tinham residência, resolveu comprar um terreno que estava em oferta, num local bom, por um valor que considerou razoável.


Um dia, a seu pedido, sua esposa veio a Ubatuba para verificar junto à Prefeitura se a documentação e impostos do terreno estavam em ordem.  Durante a viagem, passou pelo Condomínio Costa Verde Tabatinga - CCVT, onde e resolveu dar uma parada para conhecê-lo. Adorou o local – a praia, a infraestrutura do Condomínio etc.

Um corretor de imóveis que tinha um escritório ali mostrou a ela alguns terrenos que estavam à venda. Ela se interessou, e ligou para colocar JA a par da sua descoberta.

JA foi visitar o local na próxima semana e gostou - nem se comparava com o da Lagoinha – o preço era quase o mesmo, e era muito melhor. Houve uma negociação, e acabaram comprando um terreno onde, algum tempo depois, durante dois anos, construíram a casa onde moram atualmente.

Realizações  

a. Praça - Depois que construíram a casa, observaram que, ao lado dela havia uma área não cuidada, onde o mato crescia à vontade. Ficava na confluência de duas ruas que margeavam a casa, e tinha o formato de uma praça.

Passados alguns anos, JA idealizou e criou a ‘praça’ que passou a existir efetivamente - implantou no local um ajardinamento planejado, prevendo a plantação de árvores frutíferas, e iluminação.  JA, e um vizinho procurado por ele, financiaram a implantação, bem como a manutenção do local. Após dois anos, passou a responsabilidade de manutenção para a administração do Condomínio. 


b. Canalização do Córrego Na rua lateral da casa, no limite com a área externa,  havia um córrego que servia também para descarte de água pluvial. Na maior parte do tempo não havia vazamento significativo, e a água ficava praticamente parada, o que favorecia a criação no local de mosquitos e outros bichos. 

JA solicitou junto à administração a canalização do córrego, e foi atendido. Entretanto, a canalização não foi exclusiva para a área solicitada – foi estendida, como indicado na cor verde clara no mapa – incluindo toda a extensão do córrego, na lateral direita do condomínio, prevendo o seu descarte na área externa, em esgoto público.

c. Igreja São Judas - JA soube através de um seu funcionário que na área externa do condomínio, na direção de sua casa, estava sendo construída uma igrejinha, prevista para ser a sede da paróquia da região.  Foi visitar a obra e a achou simples demais, modelo 'casa geminada’, embora implantada num terreno de bom tamanho.  Então, pediu ao arquiteto que construiu a sua casa que desenvolvesse o esboço de um projeto para a igreja, que deveria ser estilo colonial, para ser implantada no centro do terreno. Ele fez.

Através do seu funcionário, que também era Tesoureiro do padre responsável pelo espaço, convidou o padre para vir a sua casa, conhecer o projeto. Ele veio, JA apresentou, ele gostou. 

JA colocou para ele que, através de seu conhecimento, poderia arrecadar o dinheiro e ajuda necessários para implantação do projeto. Porém, colocou uma condição:  que a administração do dinheiro e gastos ficasse sob sua responsabilidade. O padre não concordou com essa condição, absolutamente: ‘E se as outras paróquias sobre minha jurisdição precisarem de apoio financeiro?’  JA disse que isso seria um outro problema, e que não poderiam misturar as coisas. Foi o fim do projeto. O padre não aceitou, foi embora, e concluiu a construção na forma precária prevista inicialmente.

Eventualmente, JA tinha um devedor com dificuldade para pagar uma dívida. Essa pessoa era um artista – fazia escultura. JA então, sem uma alternativa para receber o devido, propôs que ele pagasse através de uma obra de arte de sua produção.  Ele perguntou qual tema que despertava seu interesse e JA respondeu: ‘Uma imagem de São Judas, o santo das causas perdidas, e de devoção da minha mãe’, pensando em instalá-la na igrejinha próxima, já mencionada, que agora estava em operação. 

Um belo dia, um sábado pela manhã, foi feita a entrega da imagem do Santo, com cerca de 2,5m de altura, trazida por um caminhão, vindo de São José dos Campos.  JA nesse momento estava num bar próximo da igreja, tomando o café da manhã.  O motorista pediu ajuda para descarregar a imagem na igreja e, prontamente, os clientes do bar se ofereceram. O pessoal do bar ficou então sabendo da doação de JA para a comunidade, e o cumprimentaram pela ação, admirados e agradecidos.

Anos mais tarde, no caixa de um Super Mercado da região, JA recebeu um panfleto de propaganda da Igrejinha – que nunca frequentou, convidando as pessoas para assistirem as missas dominicais.  Foi então que tomou conhecimento que a igreja havia sido nomeada como ‘Igreja São Judas’

 

Atualmente, a imagem doada está implantada na entrada da Igreja.

Reconhecimento

Comendador 

Em 2009 ganhou a ‘Medalha Mérito Profissional em Educação’, grau 'Comendador' da Academia Brasileira de Arte e Cultura e História, na sua sede, na ‘Casa da Fazenda’, Morumbi-SP. 

 
Casa da Fazenda’, Morumbi-SP 

Prêmio SindiClube - ‘Crônica do Ano’

 

Ganhou o ‘Prêmio Crônica’ no Concurso Literário Sindi-Clube de 2012. Sua crônica tinha como título ‘A Soberba’, foi publicada em livro, e no seu Portal – link abaixo. 

Conclusão

Ao terminar o relato das fases da minha vida, dos seus momentos mais marcantes significativos, senti-me meio deprimido:

‘Mas, só isso? Não consegui fazer nada que pudesse mudar para melhor a vida do povo da minha cidade, do meu país, do meu planeta?’. 

Mas, depois, refletindo, conclui que fazer algo excepcionalmente bom é uma exceção, ao alcance de poucos. E que, se cada um fizer o que estiver ao seu alcance, certamente poderá contribuir para mudar para melhor a realidade de toda a humanidade.

Nestas alturas, em torno dos meus 80 anos de idade, vivendo meus últimos anos, felizmente saudável e tranquilo, concluí que não necessito fazer agora algo muito diferente, extraordinário, para valorizar mais a minha vida. Basta que eu a continue levando, do jeito que estou levando -que me é muito satisfatório-, e que tudo dará certo até o finalmente.

Embora o fim, inerente a todo ser humano, seja previsível, não é conveniente ficar pensando nele. Mais produtivo é considerar que o tempo restante é um espaço que pode e deve ser aproveitado para realizar mais ainda do que você já fez.

Por quê não fazer aquilo que você sempre quis, mas não priorizou, não criou a oportunidade?

Ocorreu-me agora que, quando jovem, meu teste vocacional apontou ‘Jornalismo’ como sendo a minha profissão ideal. Talvez por isso, hoje dedico a maior parte do meu tempo à escrita.  Portanto, desculpem se este texto tenha ficado tão extenso, mas é explicável - escrever faz parte da minha natureza.

 


(JA, Nov23)

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