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Clube Paineiras do Morumby - A História

Detlof von Öertzen, em1960, trabalhava numa corretora de imóveis no centro de São Paulo.  Certo dia lhe recebeu a ligação telefônica de um amigo procurando um comprador para um terreno de cerca de 77.000 m². O terreno era uma mata virgem situado na zona Oeste da cidade. O local que era conhecido como Fazenda Morumby, e era uma propriedade da família Penteado. 

Naquela época, próximo dali, iniciava-se a construção de uma futura universidade.

Num domingo, ele e o amigo foram visitar a Fazenda. Era um local de difícil acesso, praticamente deserto, formando um vale, composto por três grandes degraus. Do alto da plataforma, tinha-se uma vista completa de toda a cidade, num ângulo de 360º. À frente, a Av. Paulista. Do lado direito, a represa de Guarapiranga. E, à esquerda, o Pico do Jaraguá. A vegetação cobria tudo; via-se apenas o verde, alguns pinheiros num canto, uma picada recém-aberta, e mais nada. 

Nessa ocasião, ele se sentiu invadir por um sentimento que poucas vezes havia vivenciado - parecia que estava ali com um propósito, como se alguma força o tivesse levado àquele local, onde algo estivera esperando por ele, até agora. Ocorreu-lhe que esse lugar seria perfeito para construção de um clube. Embora notasse que o terreno apresentasse grandes desníveis topográficos, imaginou que esse ‘inconveniente’, no futuro, pudesse até contribuir para divisão dos espaços, como de fato aconteceu. 

Detlof, então com cerca de 30 anos de idade, reunia-se quase que diariamente, na hora de almoço, com seus amigos no Clube Pinheiros onde era sócio.  Formavam uma turma unida, de jogadores de polo-aquático que aproveitavam esse horário para mergulhar, jogar water polo. Entretanto, isso só era possível durante a semana porque, aos sábados e domingos, uma verdadeira multidão se comprimia dentro da piscina do clube, inviabilizando qualquer jogo.

Por que não pensar na construção de um novo clube, com um quadro associativo restrito, onde os amigos pudessem se reunir para jogar, não só no horário de almoço durante a semana, mas também aos sábados e domingos? 

Fez os primeiros contatos com a Sra. Olímpia ‘Nina’ de Almeida Prado Penteado. Apresentou-se como um simples interessado na compra da gleba em questão. Tentou reduzir o preço sem sucesso. Ela estava irredutível: 49 mil cruzeiros.  Uma fábula. Sem saber das intenções de Detlof, a pedido dele, forneceu uma ‘opção de compra’ (para a qual, na época, Detlof pagou 100 cruzeiros, embora não fosse comum o pagamento dessa opção em transações imobiliárias). A opção exigia que, antes da venda, fossem publicados dois anúncios no jornal ‘O Estado de São Paulo’, colocando o terreno à venda. Os anúncios não surtiram efeito. Portanto, Detlof acabou ficando sozinho no negócio, sem concorrência.  Nina Penteado deu então um prazo de 45 dias para que Detlof integralizasse a primeira parcela da entrada – 10 mil cruzeiros. 

Detlof levou sua ideia para os amigos, inclusive os do polo aquático. Inicialmente a maioria a considerou uma loucura. Mas, pouco a pouco, o entusiasmo de Detlof foi contagiando o pessoal, comprovando a validade do ditado popular que pontifica: 

“Quando as ideias são boas, elas encontram uma forma de se expressar, realizar.” 

A partir daí começou a tomar as providências necessárias para concretização da ideia:

  • Contratação de um advogado para elaboração do estatuto.
  • Execução de um anteprojeto para o Clube
  • Eleição da primeira diretoria
  • Início de venda de títulos para compor o caixa que viabilizaria a aquisição

Calculou que a venda de cerca de 500 títulos garantiria o valor necessário para compra do terreno. Acreditava no sucesso do empreendimento, por três fatores principalmente:

  1. Existiam na região apenas três clubes de projeção: Pinheiros, Harmonia e    Paulistano.
  2. O bairro do Morumby e o Cidade Jardim – bairro vizinho, eram considerados bairros com um extraordinário futuro.
  3. A limitação e seleção rígida do quadro associativo.

No dia 9 de agosto de 1960, às 10h30, numa assembleia geral na Rua Barão de Itapetininga, 224 -sede da Sociedade Financeira Barros Handley Ltda., corretora onde trabalhava Detlof-, o clube foi fundado.  

A primeira Diretoria foi eleita sendo que Detlof Von Öertzen ficou como o primeiro presidente da Diretoria Executiva, do agora nomeado Clube Paineiras do Morumby. 

O número máximo de títulos patrimoniais previsto em estatuto era de 5.500 títulos, destinados a cobrir os seguintes investimentos:

  • 500 títulos para a compra do terreno
  • 500 títulos para execução da terraplanagem
  • 2500 títulos para construção do conjunto esportivo
  • 2000 títulos para construção do ginásio e da sede social.

Os títulos seriam colocados à venda por etapas, de acordo com o desenvolvimento da obra e sua consequente valorização, ao preço inicial de 500 cruzeiros cada um.  E assim foi feito, com sucesso. Conseguiu amortizar os 10 mil cruzeiros de sinal do terreno, e realizar a escritura.  O levantamento do capital inicial não foi um atarefa fácil.  Os acontecimentos políticos extraordinários que ocorreram no país, no período compreendido entre os anos 1961 e 1964, comprometeram o processo. A inflação atingia índices alarmantes e a arrecadação ficou prejudicada principalmente pelos atrasos de pagamento. Mesmo assim, o projeto foi desenvolvido e as obras iniciadas.


O projeto construtivo do Clube ficou a cargo do Arquiteto Carlos. B. Millan, um dos mais talentosos arquitetos paulistas de então – havia vencido o concurso para planejar o Jockey Club de São Paulo. Ele foi convencido e aceitou a assumir a responsabilidade de execução, numa época em que o Clube não tinha condições financeiras para garantir seus honorários.

Seu estudo resultou num desenho revolucionário, que cativou a todos envolvidos diretamente, e os paulistanos residentes na região e seu entorno. Mais tarde, Millan também ajudou a criar o emblema do Clube, a folha de paineira estilizada que prevalece até hoje.

                                                          

A construção demandou a movimentação de cerca de 400 mil m³ de terra. O conjunto aquático em concreto armado, parcialmente suspenso sobre os vestiários, totalizava uma área de construção da ordem de 17 mil m², e exigiu a perfuração de inúmeros poços artesianos para enchimento das piscinas, e atendimento do consumo diário. Foi algo pioneiro em São Paulo. 

Por volta de 1963, mesmo antes de inaugurado oficialmente, surgiu a oportunidade da compra de mais 20 mil m² na área frontal do Clube pertencente ao espólio da família Penteado.   Embora muito criticada na época, a aquisição dessa quadra permitiu ampliar o projeto inicial, com a inclusão da quadra de tênis número 2, da plataforma das quadras de basquete, voleibol e futebol de salão, bem como uma área que foi usada originalmente como estacionamento. 

A 15 de novembro de 1964 foram inauguradas as primeiras dependências esportivas (piscinas, 17 mil m² de área construída), com um grande churrasco oferecido pelo Clube aos sócios e convidados. 

Embora em condições precárias, os associados passaram a utilizar o magnifico conjunto de piscinas que, pela sua grandiosidade, permitia antever o futuro reservado ao Clube Paineiras do Morumby.

Infelizmente, em 8 de dezembro de 1964, Arquiteto B. Millan veio a falecer num acidente automobilístico, juntamente com alguns de seus familiares.

Em
1967, a avenida hoje denominada Dr. Alberto Penteado - aberta pelo Paineiras, foi asfaltada. Havia luz e água, e as mansões serpenteavam todo o vale do Morumbi.  O velho projeto da Universidade Matarazzo foi transformado em Palácio do Governo, e o estádio do Morumbi passou a abrigar milhares de torcedores todos os domingos. 

O Morumbi já era um bairro.  Detlof abandonava a presidência do Clube. Seu sonho havia se concretizado, era realidade. São Paulo tinha agora um clube à altura das suas tradições: o Clube Paineiras do Morumby - um clube de cidade, com características de campo; um clube de campo, dentro da cidade. 



O clube Paineiras, atualmente, ocupa uma área de quase 120 mil metros quadrados, com uma grande reserva de vegetação nativa. Permanece com a quantidade de associados prevista no estatuto original.  

Desde a fundação, o patrimônio do clube cresceu muito. Atualmente, para propiciar o que há de melhor para os seus associados, está equipado por um complexo esportivo com sete piscinas aquecidas, três ginásios poliesportivos, treze quadras de tênis piso saibro, duas quadras de tênis piso rápido, cinco quadras de squash, quatro quadras de peteca, quadra de areia, campo de society, campo de futebol, pista de atletismo e fitness completo. Enfim, uma gigantesca estrutura de entretenimento. E ainda, a Escola de Esportes, que oferece mais de 40 cursos de formação e educação esportiva. 

A qualidade de vida é um diferencial no Paineiras. O SPA Paineiras oferece várias opções de tratamentos estéticos, massagens e sauna. O Centro Médico Paineiras possui especialistas nas especialidades de medicina esportiva, fisioterapia, entre outras. E, para facilitar o dia a dia, o Paineiras conta com serviço de manobrista nos estacionamentos, lava-rápido, lanchonetes, restaurante, barbearia, cabeleireiro, banca de jornal, mini shopping, escola de idiomas, biblioteca, brinquedoteca, entre outros. 

E, é claro, proporciona as melhores festas e eventos da cidade.

Linha do Tempo

  • 19609 de agosto - Fundação do Clube, Constituição da Sociedade Civil Clube Paineiras do Morumby
  • 1964 – Começaram a encher as piscinas e entrega parcial de 17mil m² de área Construída
  • 1967 – Inauguração das piscinas e vestiários
  • 1977 – Inauguração do Ginásio Velho
  • 1979 – Inauguração do Campo de Futebol Soçaite
  • 1980 – Inauguração do Ginásio Novo
  • 1983 – Lançada a pedra fundamental que marcou o início das obras do Conjunto Poliesportivo do Vale e Inauguração da Plataforma Infantil
  • 1984 – Entrega da 1ª. etapa da obra do Conjunto Poliesportivo
  • 1985 – Inauguração do Campo Gramado
  • 1986 – Início das obras da piscina olímpica e conclusão da 1ª. quadra coberta do Conjunto Poliesportivo
  • 1989 – Inauguração da piscina olímpica
  • 1990 – Cobertura das Quadras de Tênis do Conjunto Poliesportivo
  • 1994 – Cobertura da piscina olímpica aquecida
  • 1996 – Inauguração do Campo de Grama Sintética e conclusão da cobertura do Conjunto Poliesportivo
  • 1998 a 2000 - Construção das quadras 13 e 14 de Tênis Fast e reforma das quadras de tênis
2001 até 2016 – O Clube aprimora constantemente seus espaços destinados às práticas esportivas e outras



Detlof von Öertzen nasceu na Alemanha em 1930. Em 1936 seu pai, um comandante   destacado da Lufwaffe - força aérea alemã e  principal frente militar de Hitler em uma provável Guerra Mundial -, foi convidado para compor o time de profissionais da recém   fundada empresa estatal Viação Aérea de São  Paulo - VASP. Para evitar o conflito eminente,   o Comandante aceitou a proposta de vir trabalhar no Brasil, para onde se mudou com a mulher e três filhos. Com o fim da guerra, anos mais tarde, o Comandante retornou à Alemanha para exercer a sua profissão de piloto profissional em voos comerciais, uma vez a legislação brasileira não permitia mais que estrangeiros atuassem em empresas estatais.  Deixou a mulher e filhos no Brasil.  Um dos remanescentes da família von Öertzen era Detlof que, com o passar dos anos, se tornaria um nome destacado no ramo imobiliário da cidade de São Paulo.  Posteriormente, na década de 1970, Detlof foi convidado para trabalhar numa montadora de origem alemã, a Mercedes-Benz do Brasil, onde, durante muitos anos, até o final da década de 80, foi colega deste paineirense que vos escreve. Lá, curiosamente, nunca mencionou publicamente aquela que, além da sua família, foi a obra da sua vida: a idealização e implantação do Clube Paineiras do Morumby.

 


O texto acima foi baseado numa coletânea de várias matérias publicadas pelo departamento de comunicação do Clube Paineiras do Morumby, desde a sua fundação até hoje, e em informações prestadas por pessoas envolvidas no processo, inclusive pelo protagonista da história, Detlof von Öertzen, que leu a autorizou a sua publicação.


(JA, Ago16)

 




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