Sua Pátria
– Portugal
Fernando nasceu em
Lisboa, em 1195. Primogênito de uma família nobre, poderosa e rica. Os pais o
encaminharam para os estudos, desejando-lhe uma carreira de magistrado ou de
bispo.
Mas o jovem, bem cedo,
começou a desiludir os sonhos ambiciosos dos pais. Deus o atraia, e ele não
opôs resistência. Amava intensamente a oração.
Fernando cresceu e
tornou-se um rapaz de belo aspecto. E mais vivas se tornaram as expectativas
dos pais e parentes. Mas ele, adolescente, não partilhava desses projetos de
carreira mundana, frustrando assim os sonhos deles.
Fernando parecia
pressentir que a sua vida seria de curta duração. De fato, ele teria apenas 36 anos de vida.
Quando completou 15 anos,
depois de ter rezado e refletido muito, deixou a rica casa, os familiares, e
entrou no Mosteiro São Vicente, na periferia de Lisboa.
A ordem que o acolheu,
Ordem dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho, que existe até hoje. Graças aos
cônegos regrantes de Santo Agostinho, ele teve uma boa formação intelectual e
se tornou um dos pregadores mais cultos da Europa e dos primeiros anos do
século 12.
Entretanto, a vida nova
que ele pretendia iniciar era prejudica pela proximidade do mosteiro com a casa
paterna e de parentes e amigos que frequentemente o procuravam, retirando do
tempo precioso que ele queria dedicar aos estudos.
Tornou-se necessário dar
uma basta nessa situação. De acordo com seus superiores o jovem Fernando
abandonou para sempre a sua cidade e foi para Coimbra, naquele tempo capital do
reino de Portugal., e onde se havia um outro mosteiro dos Cônegos - o Mosteiro
de Santa Cruz. E ali, com muito proveito, dedicou-se aos estudos de filosofia e
teologia, ordenando-se sacerdote aos 25 anos de idade.
Vida Nova
Em fevereiro de 1220,
correu a notícia de que na cidade de Coimbra de que, depois de sofrerem cruéis
torturas, haviam sido assassinados em Marrocos cinco missionários franciscanos.
Os restos mortais desses frades foram recolhidos pelos cristãos e transportados
pelo irmão do rei de Portugal, para a igreja de Santa Cruz, em Coimbra – anexa
ao mosteiro onde se encontrava Fernando.
Ele recordou-se que há
poucos meses havia se encontrado com eles, quando vieram da distante Úmbria
(Itália). Então, eles se vestiam miseravelmente, mas, a simplicidade, a alegria
e a fé ardente desses cinco frades, tinham-no impressionado muito.
Ele passou a considerar a
sua vida medíocre. Passou então a sonhar com uma nova vida, onde a fé fosse a
plenitude do espírito.
Um dia, alguns
franciscano que se encontravam na ermida dos Olivais, da periferia da cidade de
Coimbra, bateram à porta do mosteiro par pedir esmola. Fernando aproveitou
então a oportunidade para partilhar com eles a seu desejo: deixar a Ordem dos
Cônegos Regrantes de Santo Agostinho, ingressar naquele movimento dos frades
franciscanos, e partir como missionário para Marrocos.
Com alguma dificuldade
obteve as autorizações necessárias, vestiu o hábito franciscano e deixou para
sempre o mosteiro de Santa Cruz. Como sinal da vida radicalmente renovada,
mudou até de nome: em vez de Fernando, passou a se chamar Frei Antônio. E,
depois de uma breve convivência com os novos irmãos, os filhos de Francisco de
Assis, embarcou para a África.
Da África para Assis
A missão em Marrocos
transformou-se imediatamente em desilusão. Antônio, logo que desembarcou, ficou
gravemente doente com febre e malária. E, assim, em vez de pregar a palavra de
Jesus pelas praças, teve que ficar acamado. Foi o fracasso do seu generoso sonho
de apostolado e de martírio.
Para alguém como Antônio,
esse fato deve ter lhe custado muito. Talvez naquele instante não reconheceu,
mas depois, na meditação e oração, compreendeu que, ao vir para a África, já
tinha recebido o martírio – não pelas mãos dos homens, mas pela sua própria
decisão, quando renunciou ao grande projeto de vida anterior, para seguir
humildemente a vontade do senhor.
Antônio não teve outra
alternativa a não ser regressar à sua pátria, de onde partira meses antes. Mas,
Deus novamente, torna-se presente na sua história... O navio no qual ele
viajava, levando por ventos contrários, vai parar nas longínquas terras da
Sicília, na Itália. Ainda doente, e com
grande sofrimento interior, Antônio vai para Assis, onde encontra São Francisco,
no dia de Pentecostes de 1221.
Com o fascínio da sua
encantadora santidade o ‘Pobrezinho’ marcou profundamente o seu discípulo que
havia acabado de chegar, infundindo nele paz e luminosidade interior.
De Assis foi levado para
uma região da Itália chamada Romanha, ao eremitério de Montepaolo, na periferia
da cidade de Forli, onde acabou se tornando um homem que falava, face a face
com o senhor, como quem fala a um Amigo.
Primavera da Igreja
Deus tem os seus próprios
planos que , raramente, coincidem com os nosso projetos. Em poucos meses,
Antônio deu a volta ao mundo (naquela época pensava-se que a terra se
restringisse às terras ao redor do Mediterrâneo); de Coimbra a Marrocos; da
Sicília à Úmbria; de Assis à Ermida de Montepaolo, perdida no meio dos montes.
Nessa ermida viveu por
dois anos, aparentemente esquecido pelo resto do mundo. Mas, sentia-se feliz
porque estava para obter uma grande vitória: libertar-se de si próprio. Ates de
ser enviado como pregador, o Senhor quis que ele se convertesse totalmente, de
forma que no seu mais íntimo aspirasse sinceramente a santidade.
Determinado dia, na
cidade de Forli, chamaram-lhe par uma ordenação sacerdotal. Ao faltar o
pregador, encarregaram-no de dizer ‘duas palavras’. Antônio não pode recusar o
pedido que lhe foi dirigido pelo superior. E, eis a revelação do seu
excepcional talento como pregador.
Depois daquele dia,
mandaram-no pelas ruas da Itália e da França para levar aos cristãos a boa nova
do Evangelho. Por parte do público havia inquietantes e complexos fenômenos
heréticos que deveria compreender, superar e convencê-los a aceitar boa
nova. Antônio enfrentava essas pessoas
com sua forte cultura teológica e incansável bondade. Haviam graves abusos na
Igreja, onde o profano e o sagrado se misturavam, uma decadência moral e
indiferença religiosa. Antônio ali deu
uma importante contribuição para
elevação e purificação dos cristãos.
Em 1126, São Francisco
aparece em Arles, durante uma pregação de Antônio, para abençoar a ação
apostólica do seu filho predileto.
Luz a resplandecer nas trevas
Como se encontra na vida
de São Francisco o sermão aos passarinhos, na vida de Santo Antônio encontramos
o sermão, não menos fantasioso e poético, aos peixes. Aconteceu em Rimini, na Itália. A cidade
estava nas mãos dos hereges. À chegada do missionário, os chefes locais deram a
ordem de isolá-lo, através de um ambiente de silêncio, para manifestar a sua
indiferença a ele. E, assim aconteceu.
Antônio não encontra ninguém a quem dirigir a palavra; igrejas vazias, praças
desertas...
Anda pelas ruas da
cidade, rezando e meditando. Quando chegou no ponto onde o rio Merecchia
deságua no mar Adriático, coloca-se diante do mar e começa a chamar o seu
auditório: ‘Venham vocês peixes, ouvir a palavra de Deus, já que os homens
petulantes, não se dignam a ouvi-la!’. E logo apareceram à tonas centenas,
milhares de peixes,, ordenados e palpitantes, a escutar a sua palavra de
exortação e de louvor.
A curiosidade dos hereges
foi mais forte do que a ordem recebida dos chefes, e à curiosidade, seguiu-se o
entusiasmo, o arrependimento e o regresso à Igreja.
Provavelmente esse fato
não passa de uma simpática lenda. Mas o que importa e o seu símbolo poético:
Antônio com a sua confiança paciente, com a fé que remove montanhas, com a
despreocupação pelo sucesso palpável, com a ajuda da imaginação e do amor,
conseguiu abrir uma brecha até mesmo nos corações desconfiados e endurecidos
pela hostilidade e preconceito.
Fazer-se tudo a todos
Durante a pregação de Santo Antônio, cujo tema era a Eucaristia, levantou-se um sujeito, um herege empedernido, para protestar: ‘Eu acreditarei que Cristo está realmente na Hóstia Consagrada quando ver o meu jumento ajoelhar-se diante da custódia como SS Sacramento.” O santo aceitou o desafio. Deixaram o pobre jumento três dia sem comer e, no momento e no lugar pré-estabelecido, apresentou-se Antônio a custódia e o herege com o seu jumento, que já não se aguentava em pé devido ao forçado jejum. Mesmo meio morto de fome, deixou de lado a apetitosa pastagem que lhe foi oferecida pelo o seu dono, para se ajoelhar diante do Santíssimo Sacramento.
Durante a pregação de Santo Antônio, cujo tema era a Eucaristia, levantou-se um sujeito, um herege empedernido, para protestar: ‘Eu acreditarei que Cristo está realmente na Hóstia Consagrada quando ver o meu jumento ajoelhar-se diante da custódia como SS Sacramento.” O santo aceitou o desafio. Deixaram o pobre jumento três dia sem comer e, no momento e no lugar pré-estabelecido, apresentou-se Antônio a custódia e o herege com o seu jumento, que já não se aguentava em pé devido ao forçado jejum. Mesmo meio morto de fome, deixou de lado a apetitosa pastagem que lhe foi oferecida pelo o seu dono, para se ajoelhar diante do Santíssimo Sacramento.
Não devemos pensar que o
Santo se aproveitasse dos milagres para conquistar os ouvintes. Mas, como
verdadeiro discípulo e apóstolo de Cristo, conquistava as almas com muitas orações,
com o bom exemplo e clarificadores debates. Graças ao seu esforço e ao de
outros missionários franciscanos a Europa cristão, em poucos anos, adquiriu uma
nova juventude de fé e de vontades.
Deve-se lembrar também
que a sua tarefa não se limitava somente à assídua pregação; muitas outras
também estavam sob sua responsabilidade: Superior dos frades ao norte da
Itália; fundador dos estudos de teologia na Ordem Franciscana; ensino de
teologia em Bologna, Montpellier e Toulouse (França) e Pádua; durante seu tempo
livre dedicou-se a escrever ‘Os Sermões’, livro que lhe proporcionou o título
de Doutor da Igreja.
Ministro da Reconciliação
Para se ter uma ideia de
como Santo Antônio vivia os seus dias, incrivelmente cheios de trabalho, é
suficiente transcrever as palavras de um contemporâneo:
‘Pregando, ensinando,
ouvindo as confissões, acontecia frequentemente que chegava ao crepúsculo sem
ter feito nenhuma refeição. Milhares de pessoas ocorriam de toda parte, par
ouvir os seus sermões, e, naturalmente, todos aproveitavam para se confessar
com ele. O seu cristianismo não era insípido e nem bonachão; tendia à
austeridade; mas isso não desencorajava os penitentes, porque o herói pode
tranquilamente incitar à virtude e ser bem recebido por todos. Horas e horas de
atendimento sacramental, até ficar reduzido a um farrapo pelo cansaço,
alimentação irregular, pouco repouso, saúde precária desde os meses passados em
Marrocos. Não é de se espantar que tendo vivido dessa maneira tenha morrido aos
36 anos.’
Corriam de boa a boca
episódios impressionantes sobre ele.
Como o do penitente que, tornado mudo pela emoção, escreveu um longo
elenco de pecados e, enquanto Santo Antônio os lia, estes desapareciam do papel.
Ou aquele do jovem de Pádua, Leonardo, que tinha dado um pontapé na sua mãe.
Santo Antônio lhe disse:’ O pé que fere os pais, merece ser cortado’.
Leonardo voltou para casa, pegou o machado e cortou o próprio pé. Ao desespero
da mão, aos gritos dos familiares e ao tumulto entre os vizinhos, acode Antônio
e, suplicando a Deus, com fé ardente, une novamente ao corpo o membro amputado.
Apóstolo de paz e bondade
‘Paz e bem’ era a
saudação dos primeiros franciscanos. Paz e bondade entre o poder civil e o poder
religioso, paz e bondade entre classes dilaceradas por facções e guerrilhas,
paz e bondade entre as diferentes freguesias onde interesses e orgulhos
dividiam a pessoas; paz e bondade entre as famílias onde, por vezes, a
discórdia e a perversidade criavam um ambiente insuportável.
Antônio gozava de grande
prestígio devido à sua santidade, pelo dom dos milagres que acompanhava suas
ações, pelos dotes de afabilidade, de penetração e de equilíbrio que irradiavam
de todo o seu relacionamento com as pessoas. Por tudo isso, era natural que
muitas famílias, em situações difíceis, recorressem à sua oração e persuasão
para superar as próprias crises. Nunca será possível contabilizar a quantos
lares levou a confiança, a paciência, e harmonia; quantos dramas evitou ou, ao
menos, mitigou; quantos casos dolorosos foram suavizados pela sua palavra de fé
e o seu convite pra sair do egoísmo e da vingança, do rancor e das incompatibilidades.
Tradições chegadas até os
dias de hoje, em forma de lenda, nos fala sobre as intervenções memoráveis
realizadas pelo Santo. Por exemplo, uma vez mandou falar um recém nascido, para
que confirmasse publicamente a inocência de sua mãe, acusada injustamente pelo
marido; outra vez curou milagrosamente uma mulher cujo marido, num ímpeto
furioso de ciúme, a tinha ferido de morte.
Contra o poder do dinheiro
É um pouco difícil para
quem, como nós, vivemos numa época e civilização tão diferentes, imaginarmos qual seria a ação de um popular
missionário na Idade Média. Quando
entrava numa cidade, tudo caia sob sua influência. Em poucas palavras: desde as
rivalidades dos partidos, até aos contrastes entre o clero; das discórdias
familiares às dúvidas dos intelectuais; das condições das penitenciárias aos
estatutos administrativos.... Era o ponto de referência pra tudo.
Antônio também teve que
se adaptar e fazer um pouco de tudo para que o Evangelho pudesse irradiar,
animar e transformar as pessoas e as estruturas. Numa época em que a maioria do
povo vivia da agricultura, da criação ode ovelhas e da pesca, s´[o uma minoria
se dedicava às atividades de artesanato, ainda pouco desenvolvido, e abria as
portas ao desenvolvimento econômico da Europa, través do comércio. Isto é, estava-se criando, especialmente em
certas zonas mais ricas da Itália, uma espécie de economia pré-capitalista.
Existia um pequeno mas ativíssimo mundo de negócios, o dinheiro circulava ,
começava a atividade dos usurários.
Foi contra esses últimos,
tão poderosos quanto odiados, que o nosso Santo combateu a sua batalha de homem
do Evangelho. É famoso o milagre que ele fez quando, chamado para pregar o
sermão durante o enterro de um avarento, mostrou que o coração daquele
desgraçado não se encontrava no seu lugar normal, mas o cofre, no meio do seu
adorado dinheiro.
O defensor dos oprimidos
Foi o defensor dos
pobres, desafiando abertamente os opressores. Eis os testemunho deum seu
contemporâneo: ‘Antônio, que tão avidamente tinha desejado morrer mártir, não
cedia diante de ninguém, nem mesmo se isto lhe custasse a vida. Com admirável
impavidez resistia à tirania dos grandes. Desafiava cm grande veemência
personagens de renome que outros pregadores, mesmo famosos, tremiam pela sua
audácia, e, cheios de medo, procuravam fugir para bem longe.”
Este era o Santo Antônio:
não um santo fechado na paz tranquila de sua cela, vivendo entre volumes de
valor histórico e famosas teorias, mas um homem que possuía o culto da verdade
acima de tudo, alternando doçura e inflexibilidade conforme as diferentes
situações. Não tinha medo de ninguém e não se deixava levar por cálculos
covardes quando devia defender os oprimidos.
É suficiente lembrar só um
episódio: o encontro com o famigerado tirano Ezzeno de Romano. A lenda enfeitou
o fato, alterando os dados históricos. Ezzelino era uma grande personalidade. A
sua imagem, porém, ficou manchada por incontáveis delitos. Os seus rivais não
eram diferentes dele: a facção dos guelfos era ambiciosa e sanguinária, tanto
ou mais que a facção dos guibelinos (a que pertencia a Ezzelino) quando se lhes
oferecia ocasião. Infelizmente, de nada serviu a audácia do Santo: o tirano
ficou abalado só por um momento; pois as razões políticas voltaram a sufocar novamente
as razões de bondade e da justiça.
Contempla a glória de Cristo
Destruído pela fadiga e
pela doença da hidropisia (‘barriga de água’), Antônio sentiu que a hora do
adeus estava próxima. Viril, como sempre, guardou no seu íntimo as dores intensas
e o pressentimento da morte. Os seus confrades, apesar de o verem doente, não
perceberam a gravidade da situação, convencidos de que um longo período de
descanso seria suficiente para recuperação das suas forças.
Quanto mais somos santos,
mais temos consciência das nossas misérias. Antônio, antes de se apresentar ao
Senhor, desejava purificar-se, pela oração e pela penitência, das manchas da
humana fragilidade. Conseguiu partir par ao eremitério de Camposampiero, ,nas
proximidades de Pádua, lugar que o amigo, conde Tiso, tinha doado aos franciscanos,
nas proximidades do seu castelo. Tiso, velho e decepcionado de uma vida
política muito agitada, tinha se transformado num discípulo do Santo.
Passeando pelo bosque,
Antônio notou uma majestosa nogueira e teve uma ideia toda franciscana: mandar
construir lá em cima, entre os nodosos ramos, uma espécie de pequena cela. Tiso
preparou-a com as próprias mãos. O Santo passava naquele refúgio, suspenso
entre o céu e a terra, as suas jornadas de contemplação. À noite, voltava pra o
eremitério.
Um dia, à tardinha, o
conde dirigiu-se ao quarto do amigo Antônio. Ao chegar nas proximidades da
porta meio aberta, viu sair daquela brecha um intenso esplendor. Temendo que
fosse um incêndio, empurrou delicadamente a porta e ficou imóvel diante de uma
cena prodigiosa: Antônio segurava nos seus braços o Menino Jesus! Quando
despertou do êxtase, e viu o conde Tiso todo comovido, o Santo amavelmente lhe
suplicou par não revelar a ninguém a aparição celeste. E, só depois da morte do
Santo, o conde deu a conhecer o que tinha visto.
Vejo o meu Senhor
Chegou também para ele,
esperada e acolhida com fé, a hora de passar deste mundo para o Pai. Numa
sexta-feira, 13 de junho de 1231, ao meio dia, Antônio desceu de sua cela
aninhada sobre a nogueira. Logo após ter se acomodado pra comer, um colapso o
imobilizou. Se os confrades não o tivessem segurado, teria caído no chão.
Com uma voz franca, o
enfermo pediu que o levassem para Pádua: queria morrer no seu conventinho,
perto da predileta igreja de Santa Maria. A carroça doada por um agricultor,
iniciou lentamente a viagem.
Acompanhava o Santo o
dedicado frei Lucas. O dia estava declinando quando Antônio chegou à periferia
de Pádua. Estava mesmo sem forças e os frades convenceram-no a dar uma parada
na localidade chamada Arcella, na pequena casa que hospeda os capelães
encarregados do serviço religioso no mosteiro das clarissas. Numa modesta cela –
ainda hoje conservada religiosamente – Antônio encontrou-se com o Senhor.
Acabado, mas lúcido, quis receber o sacramento da reconciliação, a Santa
Eucaristia e o óleo dos enfermos. Depois, com o último fio de voz, entoou o
hino à Virgem: ‘Oh! Gloriosa Rainha, exaltada sobre as estrelas!’
Com os olhos luminosos, o
Santo olhava fixamente. ‘O que é que você vê?’, perguntou frei Lucas. ‘Vejo o meu
Senhor’, murmurou o moribundo.
A agonia foi brevíssima,
a passagem ligeira e serena. Assim, com 36 anos, deixou este mundo um dos
maiores apostos de Cristo e do Evangelho.
O santo do mundo inteiro
O corpo do homem de Deus foi
transportado de Arcella pra a igrejinha de Santa Maria, realizando assim seu
último desejo. A cidade inteira acompanhou os restos mortais do Santo nessa
última viagem.
A fama difundiu-se num
instante. Pádua tornou-se a meta de peregrinações vinda de lugares cada vez
mais longínquos. As autoridades da Igreja interessaram-se imediatamente por
esse ‘fenômeno’, começando pelo Bispo de Pádua, Jacopo di Corrado, e também
pelo Papa Gregório 9.
Ainda não tinha passado
um ano da morte do grande apóstolo quando, no dia 30 de maio de 1232, na
Catedral de Spoleto (Itália), o Papa Gregório 9 elevou à honra dos altares
Santo Antônio de Lisboa – popularmente conhecido, pela sua ligação apostólica à
ciade de Pádua, com o nome de Santo Antônio de Pádua.
Os confrades do Santo,
coadjuvados pelos paduanos e pelos peregrinos, logo iniciaram a construção de
uma majestosa basílica. Em 1263 estava pronto o novo túmulo na nova igreja. S. Boaventura, ao abrir o sarcófago para o
primeiro reconhecimento do corpo do Santo, encontrou prodigiosamente incorrupta
a sua língua.
O culto continuou a
crescer, ultrapassando até as fronteiras da Igreja Católica. Hoje não existe
povo que não o conheça e venere com amor.
Oração
a Santo Antônio
‘Ó Deus, Pai de bondade e misericórdia, que escolhestes Santo Antônio como testemunha do Evangelho e mensageiro da paz entre os homens: ouvi a oração que Vos dirigimos por sua intercessão. Santificai as nossas famílias: ajudai-as a crescer na fé, conservai nelas a unidade, a paz a serenidade. Abençoai os nossos filhos! Protegei os jovens do mundo inteiro. Socorrei os aflitos e os que padecem enfermidades e vivem na solidão. Amparai-nos no trabalho do dia a dia. Dispensai sobre nós e sobre toda a humanidade o Vosso amor. Por Cristo Nossos Senhor. Amém.’
Texto: Vergilio Gamboso, Messagero di Santo Antonio
Imagem: Raphael, 1483-1520 - 'Saint Anthony of Padua'
(JA, Ago17)