Ontem estava num outro planeta, em condições totalmente diferentes. Como vim parar aqui? O que aconteceu?
Ando pelas ‘ruas’, não reconheço nada e nem ninguém. As pessoas se comunicam num idioma que desconheço, as construções são estranhas,..
Só queria comer alguma coisa,
descansar,... Mas, estando com estou,
não consigo. O que será de mim? Alguém precisa me ajudar. Nessa situação
desesperadora, incomum, me ocorreu pedir ajuda divina, mas seria muita
hipocrisia de minha parte..
Sempre tive dificuldade em acreditar
em Deus. Creio que algumas coisas estão pré determinadas (por que/quem não sei;
talvez por uma conjunção de energias com as quais de alguma maneira acabamos
relacionados) e, tanto por um caminho como por qualquer outro que escolhermos, vamos
acabar tendo que cumprir o mesmo destino.
Para mim, sendo como sou, tudo sempre deu certo - até agora. Por isso
nunca me preocupei muito com o meu destino. Sempre foi o melhor possível, não
tinha porque não aceitar, desconfiar que não seria sempre assim. Mas,
agora, deixou de dar. O meu destino é duvidoso. Não sei o que fazer.
Dizem que não devemos perder a Fé.
Que devemos manter a Esperança,... Mas , o tempo vai passando, e eu aqui, nada
acontecendo para alimentar minha Fé, Esperança. Precisaria que acontecesse alguma coisa favorável, surgisse uma oportunidade - pelo menos para me dar um fôlego, poder respirar, me
recompor..
As pessoas passam por mim apressadas.
Naturalmente, todas têm seus compromissos, suas dificuldades,
responsabilidades. Ninguém me dá
atenção. Percebo que não sou importante para elas - praticamente não existo. Aliás não pretendia
mesmo chamar a atenção de ninguém - continuo procurando manter uma boa aparência, minha dignidade. Mas, até quando?
Considerando que, eventualmente, como
quando o nosso computador ou receptor WiFi trava, desligando e religando, ele
se recompõe, imaginei que se dormisse um pouco, eu poderia me religar ao meu
mundo, à minha vida passada. Fiz isso, num canto de rua mais sossegado que
encontrei. Mas não, não deu certo: tudo continuou
igual.
Reparei que, estranhamente, as
pessoas caminhavam sempre numa mesma direção. Comecei a segui-las. Após horas
de caminhada, cheguei, numa grande praça e observei que as pessoas entravam pela
porta principal de uma grande construção, parecida com uma dessas catedrais da
Idade Média. Entrei também.
Lá dentro havia uma fila formada que
andava - até que rápido, considerando o volume de pessoas -, e, um a um, entravam
numa sala - só entravam; não saiam.
Quando chegou a minha vez, entrei
também. No fundo da sala havia um senhor idoso, de barba, parecido com um desses monges budistas. Vestia uma bata
escura com capuz. Estava sério e em pé.
Aproximei-me. Ele não disse nada. Apenas me olhou com olhos penetrantes, e pôs a sua mão direita na
minha cabeça. Senti um alívio imediato, e devo ter desfalecido, não sei.
Ao acordar, percebi que, inconscientemente,
havia sido levado para um outro planeta, agora me parecendo mais familiar e
receptivo. Percebi que algumas pessoas me reconheciam, me cumprimentavam. Acabei
sendo levado por alguém para um lugar que aparentemente era meu, e comecei a
fazer o que deveria ser o meu trabalho - como sempre... Senti-me mais seguro, e imaginei que, na
sequência, iria compreender melhor o que aconteceu, o que estava acontecendo. Isto nunca ocorreu.
Com o passar dos anos, com a
maturidade, desenvolvi uma tese que pode até explicar o que se passou.
Pode ser que eu, originalmente, vivia
num mundo ‘X’. E que, por qualquer motivo – pela minha morte física, por exemplo-,
eu fora levado, compulsoriamente, a deixá-lo.
O mundo ‘Y’ para onde fui levado, seria
um mundo de transição, aonde eu, oportunamente, seria avaliado e designado para
um outro mundo, mais adequado para o meu atual estágio de desenvolvimento, e onde
poderia continuar a cumprir minha missão evolutiva. No meu caso, o mundo
designado foi o ‘Z’.
Essa crença me tranquilizou. Além
disso, pelo fato do mundo para onde fui designado ser identificado pela letra ‘Z’
– teoricamente, a última do alfabeto,
pode significar que a minha missão de provas esteja chegando ao fim, e que, na
sequência, eu poderei viver num mundo ideal, onde terei uma vida onde tudo
sempre dá certo, onde o destino sempre me será favorável.
"A jornada para encontrar o destino, pode até transcender o tempo e o espaço, mas o encontro irá ocorrer em algum momento. Necessário apenas tê-lo definido e vivo na mente, e crer que é seu, desde sempre. Ao chegar, ao encontrá-lo, você vai se sentir como quem nunca partiu, pois ele sempre estivera ali, junto a você."
(JA, Jul16)