Isidoro Dias
Lopes: um dos líderes do levante tenentista que tomou conta de São Paulo
Foi uma revolta tenentista, –assim chamada pelo fato de ter sido
instigada, principalmente, por oficiais militares de baixa patente–, ocorrida nos meses de julho e agosto de 1924.
Embora seu objetivo fosse se espalhar por todo território nacional, a revolta
ficou restrita à cidade de São Paulo (onde foi mais intensa) e aos estados do
Rio Grande do Sul e Amazonas.
A Revolta de 1924 é chamada ainda de
Revolta Esquecida, já que não possui a mesma repercussão da Revolução de 1932,
mas foi o maior conflito bélico ocorrido na cidade de São Paulo.
Os revoltosos, civis e militares,
protestavam contra a corrupção do governo federal e a própria estrutura
política da República, baseada no aliciamento de eleitores e na definição das
eleições por conchavos entre as elites e interferência nas Forças armadas. Além
disso, havia forte oposição dos tenentes ao sistema de governo que privilegiava
a elite agrária. Eles também defendiam uma política de valorização e
reestruturação do Exército Brasileiro.
Na madrugada do dia 5 de julho de
1924, unidades rebeldes do Exército e da Força Pública (hoje Polícia Militar)
começaram a ocupar a capital paulista.
Liderados pelo general Isidoro Dias Lopes,
unidades do Exército (sediadas na cidade) e integrantes da Força Pública
estadual sublevaram-se e tomaram vários pontos da cidade.
Vários combates ocorrem na cidade de
São Paulo, envolvendo os tenentistas e forças militares do governo federal.
A revolta teve baixíssima
participação popular, pois os tenentistas não tinham como objetivo a
participação do povo no movimento.
A revolta ocupou a cidade por 23
dias, forçando o presidente do estado, Carlos de Campos, a fugir para o bairro
da Penha, na zona leste de São Paulo, em 9 de julho, depois de ter sido
bombardeado o Palácio dos Campos Elísios, sede do governo paulista na época.
Carlos de Campos ficou instalado em um vagão adaptado, na estação Guaiaúna, da
Central do Brasil, onde se encontravam as tropas federais vindas de Mogi das
Cruzes.
A cidade de São Paulo foi bombardeada
por aviões do Governo Federal. O exército legalista (leal ao presidente Artur
Bernardes) utilizou-se do chamado 'bombardeio terrificante',
atingindo vários pontos da cidade, em especial bairros operários, como a Mooca
e o Brás, e de classe média, como Perdizes.
Sem poderio militar equivalente
(artilharia nem aviação) para enfrentar as tropas legalistas, os rebeldes
retiraram-se para Bauru na madrugada de 28 de julho.
Às 10 horas da manhã de 28 de julho,
após o fim da revolta, o presidente do Estado de São Paulo, Carlos de Campos retornou ao seu gabinete no
Palácio do Governo
Em Bauru, Isidoro Dias Lopes ouviu notícia de que o exército legalista se concentrava na cidade de Três Lagoas, no atual Mato Grosso do Sul. Então, ele e Juarez Távora
planejaram, um ataque àquela cidade. A derrota em Três Lagoas, no
entanto, acabou sendo a maior derrota de toda a revolta. Um terço das tropas
revoltosas morreu, feriu-se gravemente, ou foi capturado.
Vencidos, os revoltosos marcharam,
então, rumo ao sul do Brasil, onde, na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná,
uniram-se aos oficiais gaúchos comandados por Luís Carlos Prestes, no que veio
a ser o maior feito guerrilheiro no Brasil até então: a Coluna Prestes.
O saldo final aponta 503 mortos,
milhares de feridos, e 250 mil pessoas saíram da cidade e se refugiaram no
interior.
Esse foi o
maior conflito armado, que aconteceu na história da cidade de São Paulo. Na opinião da historiadora Ilka Cohen, autora do livro 'Bombas sobre São
Paulo - A Revolução de 1924':
'A Revolução de 1924 foi um desastre que afetou seus promotores, seus oponentes e, em especial, os habitantes da cidade de São Paulo, que invariavelmente relembram, quando inquiridos ou relidos, a dimensão da tragédia: vidas interrompidas, milhares de feridos, privações, mortes, fome e frio.'
Os tenentes e demais militares que
participaram desta revolta, e das demais revoltas da década de 1920, receberam
anistia dada por Getúlio Vargas logo após a vitória da Revolução de 1930.
No bairro de Perdizes, a revolução de
1924 ainda é comemorada anualmente.
(JA, 05-Jul16)