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9 de Julho





No dia 9 de Julho  é comemorada a Revolução Constitucionalista de 1932.

Essa data se tornou feriado no Estado de São Paulo no ano 1997, por força da Lei 9.497, promulgada pelo então Governador Mário Covas.

Em 1930 Getúlio Vargas, que era gaúcho, assumiu provisoriamente o poder da nação, depondo o então presidente Washington Luis e impedindo que ele transmitisse a posse ao candidato democraticamente eleito para sucedê-lo, o paulista  Júlio Prestes.

Uma vez no poder, Vargas dissolveu o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais, medida que concentrou diversos poderes na figura do presidente.
Os estados assistiam à perda da própria autonomia, pois Vargas passou a indicar interventores para o Executivo e o Legislativo local.

São Paulo, um dos pilares da República Velha (1889-1930), período que antecedeu a chegada de Vargas ao poder, via sua influência na política nacional diminuir. O novo cenário desagradou as classes médias e oligarquias cafeeiras paulistas.

Muitos paulistas acreditavam que Getúlio convocaria uma assembleia constituinte e eleições presidenciais, o que não ocorreu, gerando revolta no Estado. Descontentes com o governo federal passaram a se articular para exigir a nomeação de um interventor paulista civil e a convocação de uma Assembleia Constituinte.

Mas havia também paulistas apoiadores de Vargas. Eles eram representados pelo Partido Popular Paulista (PPP), que agregava desde intelectuais comunistas a egressos do movimento tenentista.

A tensão entre os dois grupos atingiu o seu ápice no dia 23 de maio de 1932. Nesse dia,  num grande ato político, centenas de pessoas, comerciantes, profissionais liberais, maçons e estudantes universitários, saíram às ruas para protestar contra Vargas, na busca de um regime constitucional. À noite, cerca de 300 manifestantes tentaram invadir a sede do PPP, que ficava na esquina da rua Barão de Itapetininga com a praça da República.

Os estudantes Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza e Antônio Camargo de Andrade, que participavam do ato, foram mortos durante tentativa de invasão do local onde se concentravam apoiadores do regime de Getúlio Vargas.

Surge aí a sigla MMDC, primeira letra do nome, como os estudantes eram conhecidos – Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Mais tarde acrescentou-se a letra A ao final da sigla, referente ao Jovem Alvarenga, também morto no conflito.

Esses acontecimentos levaram, em 9 de julho, à eclosão de a uma grande revolta armada,  liderados pelo general Isidoro Dias Lopes, os paulistas investiram contra as forças federais. Exigiam a saída de Vargas do poder, a realização de eleições, e a elaboração de uma nova Constituição.

Utilizando os meios de comunicação existentes na época –rádios e jornais– foram mobilizados mais de 200 mil voluntários, dos quais cerca de 60 mil atuariam em combate.

As tropas paulistas, incluindo-se o efetivo da então Força Pública, atual Polícia Militar – que participou com cerca 10 mil combatentes, 4 aviões, 5 trens blindados e diversos veículos também blindados. Imaginavam que poderiam contar também com o apoio de militares mineiros, mato-grossenses e gaúchos, o que não aconteceu.

Cerca de 100 mil soldados, aliados do governo federal, partiram para o enfrentamento com os paulistas.

Após quase 90 dias de intenso combate e cercadas por tropas federais, as tropas paulistas,  sem dispor do mesmo contingente e nem de armamento compatível com o do Exército e da Marinha, se renderam ao governo federal. Embora dados não oficiais confirmem, cerca 2 mil soldados paulistas foram mortos no confronto.

Embora a batalha tivesse sido perdida em campo, o objetivo seria alcançado. No ano seguinte, 1934,  foram convocadas eleições para uma Constituinte e uma nova Constituição foi promulgada

Ela ficaria em vigor até 1937. Então Vargas fechou o Congresso Nacional, cassando a nova Constituição e ficou no poder até 1945, quando, finalmente, foi deposto.

Em homenagem aos paulistas mortos na revolução, foi construído no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, o Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32. Com 72 metros de altura, é o maior monumento de São Paulo. Lá estão abrigados os restos mortais de mais de 700 combatentes, com destaque especial para Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (MMDC).

Entre várias inscrições existentes no monumento, a que mais se destaca é a da sua base:


‘Viveram pouco para morrer bem, morreram jovens para viver sempre.'


Orgulho dos paulistas, a Revolução de 1932 jamais será esquecida, bem como o sacrifício daqueles que deram suas vidas lutando por um ideal, por um Brasil melhor.



Conclusão

Logo após o conflito, o entusiasmo dos paulistas resultou em narrativas que levavam em conta apenas a ousadia dos revolucionários de se lançarem contra um governo autoritário e centralizador.

Ao longo do século 20, porém, outra versão ganhou força: os paulistas representariam apenas um movimento das oligarquias, que justificaram a tentativa de tomada do poder por meio de uma suposta luta pela democracia.

Mais recentemente, a ambivalência do movimento passou a ser contemplada. O historiador Boris Fausto escreveu em 1998 que a guerra paulista tinha duas faces: uma para o passado e outra para o futuro.


‘Na primeira, estampava-se, de fato, sua vinculação com a velha política regional e com os interesses do que se convencionou chamar de burguesia cafeeira. Na segunda, surgia o desejo de que uma ordem constitucional, com a garantia das liberdades civis e políticas, fosse instalada no país.’


Curiosidades

Celebrada hoje em São Paulo, a Revolução de 32 teve duros combates na Serra da Mantiqueira, entre Cruzeiro (SP) e Passa Quatro (MG). Na vertente mineira, quem ali chefiava o atendimento aos feridos era o jovem médico Juscelino Kubitschek.

Entre os governistas, mas em outros fronts, também esteve Henrique Lott, que décadas depois seria candidato à Presidência − perdeu para Jânio. Na campanha eleitoral, visitando Campinas, Lott se manifestou contente por ir à cidade pela segunda vez na vida:

- A primeira foi em 32, nas tropas de ocupação.

Depois de tal fala, não foi surpresa que tivesse poucos votos nas urnas campineiras.







Fontes: Ivan César Belentani, Capitão da PMESP; Antônio Carlos Boa Nova -  AMDG; Daniela Arcanjo - FSP



(JA, 09-Jul19)

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