Pular para o conteúdo principal

Papel da Arte na Revolução Russa - Arquitetura


ARQUITETURA
Vladimir Tátlin
Torre de Tátlin, 1919 

Segundo o plano, a Torre de Tátlin seria um imponente acréscimo à paisagem de Petrogrado (o nome que a cidade de São Petersburgo teve entre 1914 e 1924; seria Leningrado entre 1924 até 1991). A estrutura deveria ter 400 metros de altura, 100 a mais que a Torre Eiffel, então a construção mais alta do mundo.

OS ESPAÇOS DA TORRE DE TÁTLIN DEVERIAM SER APROVEITADOS AO MÁXIMO PARA A REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES. AS ESTRUTURAS INTERNAS SERIAM USADAS PARA PRÁTICAS COMO PALESTRAS, REUNIÕES E TRANSMISSÕES DE RÁDIO..

No projeto, uma armação de aço espiral e inclinada envolveria e sustentaria quatro estruturas menores de vidro. Visíveis por entre a armação exterior, essas estruturas menores deveriam girar em velocidades diferentes. A maior seria um cubo 4, dentro do qual aconteceriam palestras, conferências e reuniões legislativas. A rotação completa do cubo demoraria um ano. Acima dele, haveria uma pirâmide 3, em que teriam lugar atividades governamentais; esta levaria um mês para dar uma volta completa. Mais acima, o projeto previa um cilindro 2, local para um centro de mídia, com emissora de rádio, agência de notícias, boletins e alto-falantes públicos. Essa parte levaria um dia para o giro completo. A mais alta estrutura seria um hemisfério 1, onde seriam armazenados equipamentos de rádio. A torre ainda contaria com uma tela de cinema na parte externa e emitiria projeções de luz para transmissão de propaganda em dias de céu nublado.



Ainda que preenchesse uma certa demanda por monumentos soviéticos, a torre não era apenas um exercício de grandiosidade. Como projeto construtivista, a função e utilidade social da obra eram parte essencial do projeto.
‘Era para ser um monumento vivo, que também construísse, e não um monumento morto em homenagem a alguém’, explicou ao Nexo a historiadora e fotógrafa Clara Figueiredo. ‘A torre proporia uma determinada forma de vida, é um monumento habitável, com reuniões, uma rádio, com um papel na construção deste sujeito ativo’.
 O projeto foi criado por Vladimir Tátlin, nascido no século 19 em parte do Império Russo que hoje fica na Ucrânia. Tátlin era um pintor e escultor com forte influência do cubismo de Pablo Picasso, a quem conheceu em Paris alguns anos antes da revolução. Depois de mergulhar na pintura abstrata, passou a se concentrar na exploração de materiais como metal, vidro e madeira, produzindo esculturas conhecidas como ‘contra relevo’, formas tridimensionais coladas à parede.
 Com a vitória da revolução, em 1917, Tátlin apresentou-se às novas autoridades para colaborar. Queria ajudar os bolcheviques em suas aspirações de erguer um novo mundo e moldar um novo ser humano. Para isso, estava disposto a contribuir com uma “nova arte”.
“Nas praças e nas ruas estamos colocando nosso trabalho convencidos de que a arte não deve permanecer um santuário para os desocupados, um consolo para os cansados, uma justificativa para os preguiçosos. A arte deveria nos servir em todo lugar em que a vida flui e age” – Vladimir Tátlin
A Torre de Tátlin, porém, nunca saiu do papel. O começo da revolução era um tempo de escassez e não era economicamente viável custear ou conseguir os materiais para uma empreitada arquitetônica daquele porte. Além disso, havia um risco político, de a população não compreender o investimento em um projeto tão grandioso quando havia prioridades sociais mais urgentes. Entre os opositores da torre, estava Leon Trotsky, um dos principais líderes da revolução e fundador do Exército Vermelho, que teria considerado o projeto “impraticável e romântico”.
Mesmo assim, o projeto permanece como exemplo de ousadia conceitual e estética, referências nas artes e na arquitetura, tendo sido realizado como réplica várias vezes em espaços expositivos como a Royal Academy, de Londres, e o Centro Georges Pompidou, em Paris (cuja estrutura esqueletal é inspirada no projeto de Tátlin). É um ponto incontornável na história do construtivismo.

MODELO DA TORRE DE TÁTLIN ERGUIDO PARA AS CELEBRAÇÕES DO DIA DO TRABALHO EM SÃO PETERSBURGO, EM 1925. O NOME OFICIAL DA TORRE ERA “MONUMENTO À TERCEIRA INTERNACIONAL”.



Texto: Camilo Rocha, Guilherme Falcão, Thiago Quadros e Ariel Tonglet  |  =Nexo Jornal

(JA, Nov17)

Postagens mais visitadas deste blog

Grabovoi - O Poder dos Números

O Método Grabovoi  foi criado pelo cientista russo Grigori Grabovoi, após anos de estudos e pesquisas, sobre números e sua influência no nosso cérebro. Grigori descobriu que os números criam frequências que podem atuar em diversas áreas, desde sobrepeso até falta de concentração, tratamento para doenças, dedicação, e situações como perda de dinheiro. Os números atuam como uma ‘Código de desbloqueio’ dentro do nosso inconsciente, criando frequências vibratórias que atuam diretamente na área afetada e permitindo que o fluxo de informações flua livremente no nosso cérebro. Como funciona? As sequências são formadas por números que reúnem significados. As sequências podem ter  1, 7, 16, ou até 25 algarismos, e quanto mais números, mais específica é a ação da sequência. Os números devem ser lidos separadamente, por exemplo: 345682 Três, quatro, cinco, seis (sempre o número seis, não ‘meia’), oito, dois. Como praticar Você deve escolher uma das sequencias num

Thoth

Deus da lua, juiz dos mortos e deus do conhecimento e da escrita, Thoth (também Toth, ou Tot, cujo nome em egípcio é Djehuty) é um deus egípcio, representado com cabeça de íbis. É o deus do conhecimento, da sabedoria, da escrita, da música e da magia. Filho mais velho do deus do sol Rá, ou em alguns mitos nascido da cabeça de Set, era representado como um homem com a cabeça da ave íbis ou de um babuíno, seus animais sagrados.   Sendo o deus associado com o conhecimento secreto, Thoth ajudou no sepultamento de Osíris criando a primeira múmia. Era também o deus das palavras, da língua e posteriormente os gregos viam este deus egípcio como a fonte de toda a ciência, humana e divina, do Egito. O culto de Thoth situava-se na cidade de Khemenou, também referida pelos gregos como Hermópolis Magna, e agora conhecida pelo nome árabe Al Ashmunin. Inventor da escrita Segundo a tradição, transmitida também por Platão no diálogo Fedro, Thoth inventou a escrita egípc

O Homem do Saco, ou Papa Figo

Segundo a lenda, O Homem do Saco pega e carrega crianças que estejam sem nenhum adulto por perto, em frente às suas casas, ou brincando na rua. O sinistro Homem do Saco, também conhecido como ‘Papa Figo’, não tem poderes misteriosos ou místicos, muito menos habilidades sobrenaturais. Mas possui o atributo mais perigoso que pode existir - a mente humana. Originalmente Papa Figo possui uma aparência comum, ainda que bastante feia. É descrito como um homem velho e de jeito esquisito; é comum vê-lo sempre carregando um grande saco pendurado nas costas. Devido ao seu jeito costuma chamar a atenção das pessoas. Por conta disso, o velho Papa Figo prefere agir por meio de seus ajudantes para atrair suas inocentes vítimas, em geral crianças com idade abaixo dos 15 anos. Mas há relatos de jovens de 16 e 17 anos que tiveram seu sumiço associado ao Papa Figo. O Papa Figo seria um homem de bastante posses que, através de promessas de pagamentos em dinheiro, acaba at