Viajamos para
o Rio de Janeiro num grupo de 5 colegas por ocasião do encerramento do nosso
Ensino Médio – todos cursamos a mesma classe, por três anos, do Colégio
Alexandre de Gusmão, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Conseguimos
autorização para pernoitar no Rio, por uns dias, no Colégio Santo Ignácio, administrado
pelos mesmo padres jesuítas do Colégio São Luiz, aqui de São Paulo, e do
Anchieta, de Nova Friburgo, meus conhecidos.
Ao chegar no
Colégio, um grupo de alunos do Santo Ignácio, que sabia da nossa vinda, já
estava nos esperando para jogar futebol no campo do Colégio, que, naquela época,
estranhamente, tinha uma árvore plantada
bem no meio. Deram azar – nosso grupo vinha jogando futebol de salão já há
alguns anos, todos os sábados, na casa de um dos nossos colegas, o Renato
Paraventi, que ficava no bairro Paraíso. Quem está acostumado a jogar futebol
de salão, que demanda um jogo rápido, quase sem espaço, quando joga num campo
maior leva vantagem – parece que tudo fica mais fácil. E foi o que aconteceu – ganhamos de lavada.
Ao término do
jogo, nos socializamos com eles. Perguntamos o que tinha de bom para se fazer
na cidade. Um deles deu um palpite, mas logo interrompeu e disse : ‘Lá é legal,
mas é muito caro’. O Ignaldo, nosso companheiro, muito metido disse: ‘Nós
perguntamos o que tinha de bom, não qual é o preço!’ Pronto, confirmou a fama
de superior, de esnobe, que os paulistas
tinham no Rio, naquela época. Fim da socialização.
Saímos um dia
para passear, e conhecemos, no transporte público, duas moças. Elas nos convidaram
para ir a um show do Cauby Peixoto que seria apresentado no auditório de da
rede Globo TV local. Fomos no horário informado, e, como elas
haviam dito, eram dançarinas do corpo de baile do programa. Mais tarde, conversando, elas nos convidaram
para, à noite, ir tomar café no apartamento delas.
Saímos dali e
começou a discussão entre os 5 para definir quem iria no apartamento – afinal elas
eram duas. Este, afirmou que teria direito porque puxou conversa com as moças,
aquele porque foi ele que deu a ideia,... Enfim, não chegamos a nenhum acordo e
fomos todos os 5.
Lá chegando, tocamos a campainha. Um garoto abriu a porta e,
de lá de dentro, ouvimos a voz de um homem, perguntando quem era. Mais tarde viemos a saber que a ‘moça’ mais
velha era a mãe da mais nova, que o garoto era seu filho também, e que o homem era
seu marido. O convite era para tomar café mesmo. Cariocas sendo simpáticas com
uns paulistas meio perdidos... Ignaldo disse que naquele dia conseguiu o
telefone da mais nova, e que, depois, combinaram um encontro, e que saíram. Mas, ninguém acredita, até hoje.
Imagem:
Eu e meu amigo Ignaldo Loureiro Filho, Rio de Janeiro, Corcovado, 1963.
(JA, Jan18)