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Peças de vestuário e acessórios que usamos no dia a dia

A origem de vestimentas contemporâneas como o salto alto e a gravata







Vestuário Feminino



Gargantilha
A gargantilha (ou choker) em sua forma mais conhecida atualmente — um adorno de tecido ou joalheria amarrado justo ao redor do pescoço — tem sua origem no período logo após a Revolução Francesa (1789), quando mulheres amarravam fitas vermelhas no pescoço em homenagem àqueles guilhotinados durante o período de terror da revolução.  







A peça se tornou popular na Europa como um item comum de vestuário e, mais tarde, no século 19, fitas pretas no pescoço passaram a ser usadas para indicar prostitutas nos bordéis. Na década de 1940, nos EUA, o acessório se popularizou como um símbolo de gala e feminilidade, sendo coberto de joias e pérolas.

Botões invertidos
                   

Por padrão, botões de camisas masculinas estão do lado esquerdo da abertura de quem a veste e nas camisas femininas os botões ficam do lado direito de quem a veste. Há algumas hipóteses para a razão dessa diferença. 

A mais aceita é a de que, enquanto era tradição que homens da realeza inglesa vestissem a si mesmos (usando primariamente a mão direita), as mulheres eram vestidas por assistentes — que tinham seu trabalho facilitado com a inversão do lado dos botões. botões do lado direito botões do lado esquerdo Outra hipótese é a de que os botões do lado esquerdo facilitariam para que mulheres segurando bebês com a mão esquerda desabotoassem as camisas para amamentá-los.

Bolsos
Bolsos começaram a ser costurados diretamente nas roupas masculinas por volta do fim do século 17, para serem usados como porta-objetos. As mulheres, por sua vez, amarravam uma bolsa com uma corda ao redor da cintura, por baixo do vestido. Conforme as silhuetas dos vestidos se tornaram mais esguias ao longo do século 19, essas bolsas passaram a ser carregadas nas mãos, dando origem às bolsas de mão usadas até hoje. 

Mulheres só encontrariam peças com bolsos a partir do século 20, com a popularização de calças femininas que copiavam diretamente os modelos masculinos, com bolsos largos e fundos.
Na década de 1950, com a popularização das calças jeans justas, os bolsos foram novamente dispensados, com o objetivo de tornar a silhueta da mulher mais curvilínea e atraente para os padrões estéticos da época.

Salto alto

Originalmente usados no século 16 como uma forma de facilitar a montaria de cavaleiros persas, os sapatos de salto alto foram adotados pelos homens da realeza europeia, como um símbolo de desenvoltura no combate. Por volta da década de 1630, mulheres da aristocracia passaram a adotar elementos do vestuário masculino como forma de se associar à realeza, levando à distinção entre saltos masculinos (mais quadrados e robustos) e femininos (esguios e curvilíneos). No século 18, a postura mais racional e pragmática do Iluminismo se estendeu também ao vestuário masculino, que passou a dispensar o sapato de salto alto e outros adereços, que continuaram a ser usados por mulheres.


A associação do sapato de salto alto com a ideia de feminilidade, entretanto, se deu mais recentemente com as pin-ups, na metade do século 20, quando a fotografia pornográfica descobriu o potencial do salto para enaltecer as pernas das modelos.


                                                        Vestuário Masculino



Chapéu Panamá

                          
O chapéu Panamá, contrariando seu nome, na verdade nasceu no Equador. Os chapéus de palha eram feitos artesanalmente naquele país e levados para serem vendidos no Panamá, que era não só um destino turístico mas também uma rota comercial importante entre os oceanos Pacífico e Atlântico. 



No começo do século 20, com a inauguração do Canal do Panamá, capas dos jornais de todo o mundo foram estampadas com fotos dos operários e do presidente americano Theodore Roosevelt usando o chapéu, que a partir de então ficou para sempre ligado ao Panamá.

Gravata

                                
 A gravata tem sua origem durante a Guerra dos Trinta Anos, na França do século 17. O rei Luís 18 contratou mercenários croatas que se distinguiam no campo de batalha por seu desempenho nos conflitos e por seus uniformes, que incluíam um lenço vermelho ao redor do pescoço, pendendo sobre o peito. Soldados comuns eram identificados por lenços de tecido rústico, enquanto aqueles de patentes superiores usavam algodão ou seda.

Com a fama do regimento de mercenários durante a guerra, a peça caiu no gosto da realeza e foi adotada pelos membros da elite francesa como homenagem aos soldados, sendo batizada de ‘cravate’ (uma deformação do ‘croat’, croata em francês), traduzida como ‘gravata’ para o português. Com o tempo, o tecido ficou mais longo, com o intuito de proteger e esconder os botões da camisa.


Terno 

                    
Estima-se que o primeiro terno como conhecemos surgiu no século 19, quando os alfaiates começaram a incorporar características de trajes militares nos trajes de gala masculinos. O nome ‘terno’ se refere às três peças que originalmente o compõem: o paletó, o colete e a calça, tradicionalmente feitos do mesmo tecido. 

A partir da metade do século 19, o colete começou a ser deixado de lado, dando origem ao que atualmente é chamado de ‘costume’. Composto apenas de paletó e calça, o costume se tornou um traje casual para a elite, e um traje formal para os trabalhadores na época. 




Paletó não é o mesmo que blazer, uma jaqueta mais casual que surgiu como um traje esportivo. Ele costuma ser feito de materiais mais resistentes e menos formais e é vendido avulso.


Suspensórios
Os suspensórios nasceram no século 18 como roupa íntima, que não deveria estar visível em público, usada para segurar a calça. Em 1938 a cidade de Nova York tentou banir o uso do acessório sem uma jaqueta por cima, considerado ‘indecente’. No século 20, a calça de cintura baixa e o cinto invadiram os guarda-roupas, e o suspensório ficou para trás. Diversos médicos americanos passaram a culpar os cintos pelas barrigas proeminentes, e aconselhavam o uso dos suspensórios como aliados da boa postura. Eles experimentaram um breve retorno com o movimento skinhead e também como um acessório moderno nos anos 1970 e 1980, até caírem em desuso novamente a partir dos anos 1990.


Texto: Rodolfo Almeida e Thiago Quadros    |    =Nexo
Fontes: BBC, Vanity Fair, Time, Life, Reuters, The Panama Hat Company Of The Pacific, The Atlantic, Mic Style, The Spectator, Startup Fashion, Tie-a-Tie e G1.




(JA, Jan18)

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