"Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara... O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor... Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram... Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: ‘já se foi’. Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós... Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz: ‘já se foi’, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: ‘lá vem o veleiro’. Assim é a morte. Quando o veleiro parte, l...