Tradicional árvore de natal da Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio, em 2019 |
Já disse que não sou nenhum
super-homem, nem sou imune a depressões, ansiedades, frustrações e aflições que
esta longa crise gera em todos nós.
Tem dias em que é difícil
dormir. Em outros, é difícil pular da cama com entusiasmo. Mas, como digo aos
meus sócios e time de colaboradores, numa crise a gente tem que se motivar em
rodízio. Quando um cansa, vem outro apoiar. Numa crise tão aguda, o longo prazo
pode ser o hoje à tarde. Como diz a Bíblia, cada dia com sua agonia.
Meu grupo empresarial, como
todos os outros, tem focado em cortar todo tipo de gordura e custo. Isso é
default, obrigatório, não se discute. Mas liderar na crise não é só isso. É
mais. É animar a tropa com visão e imaginação. É, sobretudo, cuidar das
pessoas.
E cuidar das pessoas não só
com e-mails e WhatsApp. É preciso olho no olho, pegar nas pessoas, tocar seus
corações, ouvir suas angústias, com o time sentindo que o comandante está perto
do chão de fábrica.
Tenho procurado celebrar com
meu pessoal cada pequena vitória diária, porque senão a gente fica se
martirizando nos gols que tomamos nas tristezas e decepções dessa crise.
É isso o que estou fazendo.
E, como não posso gastar dinheiro, gasto meu tempo e minha imaginação no
desafio de motivar minhas pessoas.
Foi aí que veio essa ideia
maluca, infantil, mas encantadora. No plano pessoal, decidi me motivar com um
pequeno truque, planejando na minha cabeça onde eu e minha família vamos passar
o Natal, uma festa de que tanto gosto.
E foi pensando no Natal que
decidi que nesta semana vamos montar aqui no escritório a nossa árvore de
Natal. Eu tenho certeza de que, ao olharem para ela, as pessoas vão tirar o
coração do dia a dia das más notícias, da crise, da crise, da crise. E vão
lembrar que, a despeito da crise, e de ainda ser julho, agosto, setembro,
outubro ou novembro, em dezembro haverá Natal.
É uma mensagem infantil, de
esperança, mas o sofrimento, a depressão e a falta de imaginação são adultos. A
alegria, a fé e a imaginação são crianças. São Papai Noel e o menino Jesus. Eu
quero que o meu time fique com ‘Jingle Bells’ no coração, e que esse ‘Jingle
Bells’ solte as crianças que as pessoas têm dentro delas.
As crianças não precisam
cortar custos pois são felizes com pouco. Elas sabem fazer de um cabo de
vassoura um foguete, de uma toalha velha, uma capa de rainha.
Tenho certeza de que as
pessoas que trabalham aqui no escritório vão estranhar em ver a árvore de Natal
colocada no corredor. Depois, lerão o texto em que as convido a sonhar com o
Natal e, por fim, ficarão com essa esperança tola e infantil no coração. E aí,
quem sabe, um ou outro monte em sua casa sua árvore de Natal, comente com o
amigo, faça um post sobre isso e espalhe pelo WhatsApp. E aí, queira Deus ou
Papai Noel, esse troço viralize como o balde de gelo do Mark Zuckerberg.
Tudo bem, já estou
exagerando, viajando na maionese. Já estou pedindo demais. Mas tenho certeza de
que uma coisa a minha singela árvore de Natal vai conseguir: enquanto meus
colaboradores olharem para ela, eles tirarão por um momento ao menos os olhos
do dia a dia da crise e sonharão com a chegada de Papai Noel e do Natal.
Portanto, meu querido adulto,
seja criança. Coloque sua árvore de Natal também no seu escritório, na sua casa
ou, pelo menos, na sua cabeça e no seu coração.
Muita coisa mudou na minha
vida e na vida do mundo desde que escrevi esta coluna, em 2016. Mas muita coisa
não mudou. Uma delas é a necessidade de o homem ter esperança. Por isso: Monte
sua árvore.
Fonte: Nizan Guanaes, empreendedor,
criador da N Ideias | FSP
(JA, Jun20)