Ideologia é um termo que possui diferentes
significados e duas concepções: a neutra e a crítica.
No senso comum o termo ideologia é sinônimo ao
termo ideário, contendo o sentido neutro de conjunto de ideias, de pensamentos,
de doutrinas, ou de visões de mundo de um indivíduo, ou de um grupo, orientado
para suas ações sociais e, principalmente, políticas.
Para autores que utilizam o termo sob uma
concepção crítica, ideologia pode ser considerado um instrumento de dominação,
que age por meio de convencimento (persuasão ou dissuasão, mas não por meio da
força física) de forma prescritiva, alienando a consciência humana.
Para alguns, como Karl Marx, a ideologia age
mascarando a realidade.
Os pensadores, adeptos da Teoria Crítica da
Escola de Frankfurt, consideram a ideologia como uma ideia, discurso ou ação,
que mascara um objeto, mostrando apenas sua aparência e escondendo suas demais
qualidades.
Já o sociólogo contemporâneo John B. Thompson,
também oferece uma formulação crítica ao termo ideologia, derivada daquela
oferecida por Marx, mas que lhe retira o caráter de ilusão (da
realidade), ou de falsa consciência, e concentra-se no
aspecto das relações de dominação.
A ideologia também foi analisada pela corrente
filosófica do pós-estruturalismo, a qual é apontada por muitos autores como a
superação do marxismo.
Antoine-Louis-Claude Destutt, o conde de Tracy, 1754-1836 |
A origem do termo ocorreu com Destutt de
Tracy, que criou a palavra e lhe deu o primeiro de seus significados: ciência
das ideias. Posteriormente, concluíram que esta palavra ganharia um sentido
novo quando Napoleão chamou De Tracy e seus seguidores de ‘ideólogos’ no
sentido de ‘deformadores da realidade’. No entanto, os pensadores da
Antiguidade Clássica e da Idade Média, já entendiam ideologia como o conjunto
de ideias e opiniões de uma sociedade.
Karl Marx desenvolveu uma teoria a respeito da
ideologia na qual concebe a mesma como uma consciência falsa, proveniente da
divisão entre o trabalho manual e o intelectual.
Para Marx não se pode analisar uma sociedade
separada de sua condição social e histórica. Nessa divisão, surgiriam os
ideólogos ou intelectuais, que passariam a operar em favor da dominação
ocorrida entre as classes sociais, por meio de ideias capazes de deformar a
compreensão sobre o modo como se processam as relações de produção. Neste
sentido, a ideologia (enquanto falsa consciência)
geraria a inversão ou a camuflagem da realidade, para os ideais ou interesses
da classe dominante.
Entretanto, não é apenas em A Ideologia Alemã
que Marx trata do tema ideologia e, devido às inconsistências entre seus
escritos sobre o tema, não seria correto afirmar-se que Marx possui uma única e
precisa definição sobre o significado do termo ideologia.
O sociólogo John B. Thompson faz uma análise
minuciosa sobre três desenvolvimentos encontrados ao longo da obra de Marx,
sobre o termo ideologia, com convergências e divergências entre si, batizados
por Thompson como:
o Polêmica,
o Epifenomênica,
o Latente.
Depois de Marx, vários outros pensadores
abordaram a temática da ideologia. Muitos mantiveram a concepção original de
Marx (Karl Korsch, Georg Lukács).
Outros, passaram a abordar ideologia como sendo sinônimo de ‘visão de mundo’ (concepção
neutra), inclusive alguns pensadores marxistas, tal
como Lênin.
Alguns explicam isto graças ao fato de que o
livro A Ideologia Alemã, de Marx, no qual ele expõe sua teoria da ideologia, só
tenha sido publicado em 1926, dois
anos depois da morte de Lênin. Vários pensadores desenvolveram análises sobre o
conceito de ideologia, tal como Karl Mannheim, Louis Althusser, Paul Ricoeur, e
Nildo Viana.
Direita e Esquerda
O par de opostos, Direita e
Esquerda suscitou e ainda suscita os principais debates ideológicos e políticos
contemporâneos.
A polaridade ideológica entre ‘direita’ e ‘esquerda” remonta ao contexto da Revolução Francesa, e ainda hoje costuma dividir o debate político |
Desde o turbulento evento
denominado Revolução Francesa, 1789-1815, o qual, de acordo com alguns historiadores,
inaugurou a Idade Contemporânea, os conceitos de direita e esquerda fazem-se
presentes nos debates políticos e ideológicos, sobretudo no mundo ocidental. Esta
matéria procura explicitar a relação desses conceitos com a ambiência
revolucionária da França, bem como a identificação com a qual um e outro
passaram a ter, a posteriori, com as posições políticas conservadoras e/ou
liberais (direita) e progressistas e/ou revolucionárias.
Origem dos
termos Direita e Esquerda
Assembleia Nacional Constituinte, 1789 |
Durante o processo
revolucionário começado em 1789, na França, os
girondinos, considerados mais moderados e conciliadores, ocupavam o lado
direito da Assembleia Nacional
Constituinte, enquanto os jacobinos, mais
radicais e exaltados, ocupavam o lado esquerdo. Essa é a origem da
nomenclatura política que categoriza os posicionamentos políticos no interior
dos sistemas políticos contemporâneos.
Essa polarização tem
suscitado inúmeros problemas. e demasiadas polêmicas, sobretudo porque, a
partir do século XIX, houve uma radicalização ideológica tanto de um lado
quanto do outro. O desenvolvimento das ideias de autores considerados de
direita, como Donoso Cortez e Charles Maurras, bem como o daqueles considerados
de esquerda, como Karl Marx e Bakunin, entre outros, estimulou gerações de
intelectuais, movimentos políticos e ativistas que levaram às últimas
consequências a crença em sua ideologia.
Em geral, ambos os segmentos
ideológicos, seja de direita, seja de esquerda, quando chegam à sua forma
extrema, desenvolvem perspectivas idealizadoras com vistas à ‘transformação do
mundo’. Essa perspectiva utópica tem seus fundamentos, tanto na direita quanto
na esquerda, na secularização das expectativas apocalípticas cristãs, que, no
sentido original, tinham por meta aguardar a segunda vinda de Cristo e o juízo
final. Com o advento do mundo moderno, tais expectativas transferiram-se para o
domínio terreno e, a grosso modo, para a ação política e seu principal agente
de transformação, o Estado.
Diferenças
entre Esquerda e Direita
As ideias de Karl Marx são a base teórica para os progressistas |
Os ideólogos de esquerda
pretendem aperfeiçoar o mundo por meio de políticas que instaurem a justiça
social, ou o igualitarismo, ou a socialização dos meios de produção econômica,
ou qualquer outra ação que remeta à ideia de igualdade. Já os ideólogos de
direita pretendem perfectibilizar o mundo a partir de uma perspectiva
idealizada do passado, e da tradição, de valores nacionais ou religiosos. Cada
qual dos lados, em diversos momentos da história (sobretudo no século XX),
empenhou-se até a barbárie para fazer valer sua visão ideológica de mundo.
Essa divisão, contudo, pode
limitar a compreensão de perspectivas mais complexas sobre a política.
Geralmente, a alcunha ‘direitista’ é aplicada sem muita acuidade crítica ao
pensamento conservador. Do mesmo modo, a alcunha de ‘esquerdista’ é aplicada às
reflexões e propostas progressistas.
As ideias de Edmund Burke são
bastante influentes entre os conservadores
|
Conservadores e progressistas, não raro, associam-se com liberais. É o caso, por exemplo, de quem defende ideias progressistas, como o aborto, políticas de cotas, etc., mas defende a liberdade econômica, isto é, livre mercado, livre concorrência etc.; ou, ao contrário, quem defende política antiaborto, política contra as cotas, e contra programas sociais fomentados pelo Estado, mas também se ajusta, igualmente, à prática do liberalismo econômico. Do ponto de vista político e ideológico, progressistas e conservadores divergem, mas concordam, por vezes, quanto à economia. Vê-se, então, que o problema é mais complexo do que se imagina.
As raízes do pensamento
conservador e progressista remontam ao século XVIII, especificamente às figuras
de Edmund Burke, e Jean-Jacques Rousseau, respectivamente. O primeiro é uma das
principais fontes do pensamento conservador contemporâneo, e o segundo, do
pensamento progressista, que se bifurca em liberais moderados, reformistas e
revolucionários.
Democracia
É um regime político em que todos os cidadãos
elegíveis participam igualmente — diretamente ou através de representantes
eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o
poder da governança através do sufrágio universal.
Ela abrange as condições
sociais, econômicas e culturais que permitem o exercício livre e igual da
autodeterminação política.
O sistema democrático contrasta com outras
formas de governo, em que o poder é detido por uma pessoa — como em uma
monarquia absoluta — ou em que o poder é mantido por um pequeno número de
indivíduos — como em uma oligarquia. No entanto, essas oposições, herdadas da
filosofia grega, são agora ambíguas porque os governos contemporâneos têm
misturado elementos democráticos, oligárquicos e monárquicos, em seus sistemas
políticos. Karl Popper definiu a democracia, em contraste com ditadura, ou
tirania, privilegiando, assim, oportunidades para as pessoas de controlar seus
líderes e de tirá-los do cargo, sem a necessidade de uma revolução.
Diversas variantes de democracias existem no
mundo, mas há duas formas básicas, sendo que ambas dizem respeito a como o corpo
inteiro de todos os cidadãos elegíveis executam a sua vontade. Uma das formas
de democracia é a democracia direta,
em que todos os cidadãos elegíveis têm participação direta e ativa, na tomada
de decisões do governo.
Na maioria das democracias modernas, todo o
corpo de cidadãos elegíveis permanece com o poder soberano, mas o poder
político é exercido indiretamente por meio de representantes eleitos, o que é
chamado de democracia representativa.
O conceito de democracia representativa surgiu, em grande parte, a partir de
ideias e instituições que se desenvolveram durante períodos históricos, como a
Idade Média europeia, a Reforma Protestante, o Iluminismo e as revoluções
Americana e Francesa.
Radicalismo
Bandeira
representa o Pravyi Sektor (Setor Direito),
organização paramilitar criada em 2013,
que virou partido político de extrema-direita na Ucrânia, utilizada em
protestos bolsonaristas
O radicalismo, no sentido filosófico, pode ser
definido como uma doutrina que prega o uso de ações revolucionárias, visando à
transformação da sociedade.
O radicalismo tem suas raízes no final do
século XVIII e início do
século XIX, durante a
Revolução Francesa, quando houve a proposta de que o comportamento jacobinista,
de determinados grupos, deveria visar ao combate pela raiz das anomalias
sociais, mediante a implantação de reformas radicais.
O termo radicalismo foi introduzido pelo
deputado na Câmara dos Comuns Britânica Charles James Fox, em 1797
(em plena Revolução Francesa). Fox, na ocasião, exigia a reforma
radical, nas suas palavras, do sufrágio universal. Nesse tempo, no Reino Unido,
o sufrágio era limitado aos proprietários avultados.
Os Radicais Ingleses eram a ala esquerdista do
Partido Whig, ou Liberal. Eles inspiravam-se na obra de John Stuart Mill, que
defendia que a validade das ações se media pelo bem que traziam, ao maior
número de indivíduos possível.
Politicamente, o radicalismo pode ser
entendido como a ala do liberalismo mais extremista e esquerdista. Os Partidos
Radicais foram bastante influentes no fim do século XIX,
nomeadamente na França, Itália, e Espanha. Eles defendiam políticas
democráticas, igualitárias e revolucionárias que, depois, foram apropriadas
pelo surgimento do marxismo. O eleitorado radical viria a ser conquistado pelos
novos Partidos Sociais-Democratas e Socialistas. Os partidos radicais, desde
então, adotaram uma postura centrista.
Em Portugal e no Brasil, os Radicais tiveram
uma influência muito considerável no desenvolvimento histórico dos seus países.
Melhor conhecidos por Republicanos, devido à sua principal exigência ser a
queda da Monarquia, o seu programa era semelhante ao do Partido Radical
Francês, em cujo país o regime já era republicano: fim dos privilégios à Igreja
Católica, fim das rendas do Estado aos nobres e políticos, educação primária
universal, sufrágio universal, fim das Câmaras Parlamentares dos Lordes não
eleitos, e melhoria das condições laborais e direitos dos trabalhadores das
fábricas.
O radicalismo é politicamente inflexível, e
provoca antagonismos devido à oposição, tanto ao liberalismo moderado - cuja
proposta é a reforma gradual por vias constitucionais, quanto ao
conservadorismo, que propõe a manutenção dos padrões sociais tradicionais.
Apesar de não ser contra o constitucionalismo
de jure, os radicais defendiam reformas, e ações disruptivas, e de luta social,
que eram consideradas por outros grupos políticos como desestabilizadoras da
ordem constitucional.
Fascismo
Movimento político e
filosófico ou regime (como o estabelecido
por Benito Mussolini na Itália, em 1922),
que faz prevalecer os conceitos de nação e raça sobre os valores individuais, e
que é representado por um governo autocrático, centralizado na figura de um
ditador.
Fascismo é uma ideologia
política ultranacionalista e autoritária, caracterizada por poder ditatorial,
repressão da oposição por via da força, e forte arregimentação da sociedade e
da economia.
Comunismo
O comunismo contemporâneo
pretende preservar e superar todo progresso tecnológico conquistado através do
capitalismo, mediante um sistema de planejamento geral, no qual as múltiplas
decisões, tomadas de acordo com o mecanismo de mercado no capitalismo, sejam
adotadas de forma deliberada segundo critérios que permitam maximizar a
satisfação das necessidades de toda a sociedade.
Segundo a doutrina comunista,
o mecanismo de mercado apresenta graves defeitos, como regulador da produção e
da distribuição, pois impede a plena utilização de todos os recursos
disponíveis, e promove desigualdade entre os que têm e os que não têm acesso à
propriedade.
O comunismo é o modo de
produção em que a sociedade se libertaria da alienação do trabalho, que é a
forma de alienação que funda as demais, onde a humanidade se tornaria emancipada,
tendo o controle e consciência sob todo o processo social de produção. Em
outras palavras, o comunismo é o ‘trabalho livremente associado’, nas palavras
do próprio Karl Marx.
Enquanto no capitalismo o
trabalho é livremente comercializado enquanto mercadoria, na sociedade
comunista, com a socialização dos meios de produção, o trabalho deixaria de ser
um aspecto negativo, e passaria a ser positivo, isto é, o trabalho seria a
afirmação do prazer, dado a abundância de produtos e o desenvolvimento da produtividade
do trabalho, o que faria com que pudéssemos trabalhar cada vez menos, com
processos de mecanização e controle racional, levando em consideração, ainda, a
questão da natureza.
Em uma sociedade comunista,
não haveria governos estatais ou países, e não haveria divisão entre classes.
Pelo contrário, a sociedade seria autogerida democraticamente, entretanto não
na forma política, e sim através da atividade humana consciente.
Socialismo
No leninismo, o socialismo é
um modo de produção intermediário, entre capitalismo e comunismo, quando o
governo está num processo de transformar os meios de produção, de privados para
sociais.
Socialismo refere-se a
qualquer uma das várias teorias de organização econômica que advogam a
administração, e propriedade pública ou coletiva dos meios de produção, e
distribuição de bens, propondo-se a construir uma sociedade caracterizada pela
igualdade de oportunidades e meios para todos os indivíduos, com um método
isonômico de compensação.
O socialismo moderno surgiu
no final do século XVIII, tendo origem na classe intelectual e nos movimentos
políticos da classe trabalhadora, que criticavam os efeitos da industrialização
e da propriedade privada sobre a sociedade.
Karl Marx afirmava que a luta
de classes era responsável pela realidade social, e que este conflito
inevitavelmente resultaria no socialismo, através de uma revolução do
proletariado, tornando-se uma fase de transição do capitalismo para um novo
modelo de sociedade que não seria dividido em classes sociais hierárquicas, num
modelo essencialmente comunista.
A maioria dos socialistas
possui a opinião de que o capitalismo concentra injustamente a riqueza e o
poder nas mãos de um pequeno segmento da sociedade - denominado por Marx de
Burguesia - que controla o capital, e deriva a sua riqueza da exploração de
outras classes sociais, criando uma sociedade desigual, que não oferece
oportunidades iguais de maximização de suas potencialidades a todos.
Friedrich Engels, um dos
fundadores da teoria socialista moderna, e o socialista utópico Henri de Saint
Simon, defendem a criação de uma sociedade que permita a aplicação generalizada
das tecnologias modernas de racionalização da atividade econômica, eliminando o
caos na produção do capitalismo.
Isto permitiria que a riqueza
e o poder fossem distribuídos com base na quantidade de trabalho despendido na
produção, embora não haja concordância entre os socialistas sobre como e em que
medida isso poderia ser alcançado.
O socialismo não é uma
filosofia de doutrina e programa fixos; seus ramos defendem um certo grau de
intervencionismo social, e racionalização econômica (geralmente sob a forma de
planejamento econômico), às vezes opostas entre si, como o socialismo de estado,
e o socialismo libertário.
Uma característica da divisão
do movimento socialista é entre os reformistas, chamados de socialistas
democráticos, e revolucionários sobre como uma economia socialista deveria ser
estabelecida. Alguns socialistas defendem a nacionalização completa dos meios
de produção, distribuição e troca. Outros defendem o controle estatal do
capital, no âmbito de uma economia de mercado.
Nazismo
Nacional-Socialismo, mais
comumente conhecido como nazismo, é a ideologia associada ao Partido Nazista,
ao Estado nazista, bem como a outros grupos de extrema-direita.
Normalmente caracterizado
como uma forma de fascismo, que incorpora o racismo científico, e o
antissemitismo, o nazismo se desenvolveu a partir das influências de ideias
pangermânicas, do movimento nacionalista alemão Völkisch, e de grupos
paramilitares anticomunistas, chamados Freikorps, que surgiram durante a
República de Weimar, após a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial.
O termo ‘nacional-socialismo’
surgiu a partir da tentativa de redefinição nacionalista do conceito de ‘socialismo’,
para criar uma alternativa tanto ao socialismo internacionalista marxista,
quanto ao capitalismo de livre mercado. A ideologia rejeitava o conceito de
luta de classes, assim como defendia a propriedade privada e as empresas de alemães.
O nazismo apoiava teorias
como a hierarquia racial, e o darwinismo social, sendo que os povos germânicos (chamados de raça nórdica) eram descritos como os mais puros da raça ariana, e
eram, portanto, vistos como a ‘raça superior’.
O movimento tinha como objetivo superar as
divisões sociais para criar uma sociedade homogênea, ao mesmo tempo em que
buscava unidade nacional e tradicionalismo.
Os nazistas tentaram
conseguir isto através de uma ‘comunidade do povo’ (Volksgemeinschaft)
que iria unir todos os alemães, e excluir aqueles considerados como ‘povos
estrangeiros’ (Fremdvölkische).
O nazismo também reivindicava,
com determinação, o que entendia ser territórios historicamente alemães sob a
doutrina pangermânica (ou Heim ins Reich), bem como áreas adicionais para colonização alemã,
sob a doutrina de Lebensraum.
O Partido Nacional-Socialista
dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische
Deutsche Arbeiterpartei, NSDAP) foi
fundado em 5 de janeiro de 1919. No início dos anos 1920, Adolf Hitler assume o
controle da organização, e rebatiza-a para Partido Nazista. O Programa Nacional
Socialista, aprovado em 1920, apelava por uma Grande Alemanha unida, e que negaria
cidadania aos judeus ou aos seus descendentes, além de apoiar a reforma agrária,
e a nacionalização de algumas indústrias.
Em Mein Kampf, escrito em 1924, Hitler
delineou o antissemitismo e o anticomunismo no cerne de sua filosofia política,
bem como o seu desdém pela democracia parlamentar, e sua crença no direito da
Alemanha expandir seu território.
Em 1933, com o
apoio das elites alemãs, Hitler tornou-se chanceler, e os nazistas,
gradualmente, estabeleceram um regime unipartidário e totalitário, onde judeus,
opositores políticos, e outros elementos vistos como ‘indesejáveis’, eram
marginalizados, escravizados, presos e assassinados. Hitler expurgou as facções
sociais e econômicas mais radicais do partido, em meados de 1934, durante a
chamada Noite das Facas Longas. Após a morte do presidente Paul von Hindenburg,
o poder político foi concentrado nas mãos do Führer (ou ‘líder’).
No entanto, após o Holocausto
e a derrota alemã na Segunda Guerra Mundial, apenas alguns grupos radicais
racistas, geralmente referidos como neonazistas, ainda se descrevem como ‘nacional-socialistas’.
Extremistas
Vivemos hoje em um mundo onde
as relações sociais são cada vez mais pautadas por posições políticas
extremadas. Sabemos que tais posicionamentos, sejam à direita ou à esquerda,
nos oferecem um sentido para nossas vidas – ainda que, tal qual faz a religião,
não dialoguem exatamente com a realidade.
Um estudo realizado pela
University College London sugere, no entanto, que a manutenção de radicalismos
podem afetar nossa capacidade cognitiva – mais objetivamente, nossa ‘metacognição’(*), ou a capacidade de refletir sobre nossas próprias
posições e opiniões.
Através de perguntas
objetivas, dois grupos diversos, com pessoas em intensidades variadas de seus
posicionamentos políticos, assim como em orientações políticas diversas,
mediram primeiramente sua confiança sobre suas posições. Foi pedido ao grupo
que adivinhasse, diante de duas cartelas, quais tinham mais pontos impressos. A
média de acerto foi igual entre todos os grupos, mas, os que foram
identificados como radicais, mantiveram-se confiantes em suas respostas, mesmo
depois de apontadas como incorretas.
A pesquisa não sabe afirmar
se a dificuldade em questionar é fruto do radicalismo, ou o contrário: se o
radicalismo político nasce da baixa capacidade ‘metacognitiva’. O resultado,
porém, sugere ser possível ajudar as pessoas a desenvolverem melhor essa
capacidade – e, assim, quem sabe, também conviverem melhor com opiniões
divergentes, sejam à esquerda, sejam à direita.
(*)
Metacognição - Conhecimento que um
indivíduo tem acerca dos próprios processos cognitivos / mentais, sendo capaz
de refletir ou entender sobre o estado da sua própria mente - pensamento,
compreensão e aprendizado.
Resenha
Ideologia
No senso comum o termo ideologia é o conjunto
de ideias, de pensamentos, de doutrinas, ou de visões de mundo de um indivíduo,
ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas.
Direita
e Esquerda
A par de opostos, Direita e
Esquerda suscitou, e ainda suscita, os principais debates ideológicos e
políticos contemporâneos.
Durante o processo
revolucionário começado em 1789, na França, os girondinos, considerados mais
moderados e conciliadores, ocupavam o lado direito da Assembleia Nacional
Constituinte, enquanto os jacobinos, mais radicais e exaltados, ocupavam o lado
esquerdo. Essa é a origem da nomenclatura política que categoriza os
posicionamentos políticos no interior dos sistemas políticos contemporâneos.
Essa polarização tem
suscitado inúmeros problemas. e demasiadas polêmicas, sobretudo porque, a
partir do século XIX, houve uma radicalização ideológica tanto de um lado
quanto do outro.
Democracia
É um regime político em que todos os cidadãos
elegíveis participam igualmente — diretamente ou através de representantes
eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o
poder da governança através do sufrágio universal. Ela abrange as condições
sociais, econômicas e culturais que permitem o exercício livre e igual da
autodeterminação política.
Socialismo
O socialismo é um modo de
produção intermediário, entre capitalismo e comunismo, quando o governo está
num processo de transformar os meios de produção, de privados para sociais.
A maioria dos socialistas
possui a opinião de que o capitalismo concentra injustamente a riqueza e o
poder nas mãos de um pequeno segmento da sociedade - denominado por Marx de
Burguesia - que controla o capital, e deriva a sua riqueza da exploração de
outras classes sociais, criando uma sociedade desigual, que não oferece
oportunidades iguais de maximização de suas potencialidades a todos.
Fascismo
Movimento político e
filosófico ou regime (como o estabelecido por Benito Mussolini na Itália, em
1922), que faz prevalecer os conceitos de nação e raça sobre os valores
individuais, e que é representado por um governo autocrático, centralizado na
figura de um ditador.
Fascismo é uma ideologia
política ultranacionalista e autoritária, caracterizada por poder ditatorial,
repressão da oposição por via da força, e forte arregimentação da sociedade e
da economia.
Comunismo
O comunismo contemporâneo
pretende preservar e superar todo progresso tecnológico conquistado através do
capitalismo, mediante um sistema de planejamento geral, no qual as múltiplas
decisões, tomadas de acordo com o mecanismo de mercado no capitalismo, sejam
adotadas de forma deliberada segundo critérios que permitam maximizar a
satisfação das necessidades de toda a sociedade.
Em uma sociedade comunista,
não haveria governos estatais ou países, e não haveria divisão entre classes.
Pelo contrário, a sociedade seria autogerida democraticamente, entretanto não
na forma política, e sim através da atividade humana consciente.
Nazismo
Nacional-Socialismo, mais
comumente conhecido como nazismo, é a ideologia associada ao Partido Nazista,
ao Estado nazista, bem como a outros grupos de extrema-direita.
O nazismo apoiava teorias
como a hierarquia racial, e o darwinismo social, sendo que os povos germânicos
(chamados de raça nórdica) eram descritos como os mais puros da raça ariana, e
eram, portanto, vistos como a ‘raça superior’.
Radicalismo
O radicalismo, no sentido filosófico, pode ser
definido como uma doutrina que prega o uso de ações revolucionárias, visando à
transformação da sociedade.
Apesar de não ser contra o constitucionalismo
de jure, os radicais defendiam reformas, e ações disruptivas, e de luta social,
que eram consideradas por outros grupos políticos como desestabilizadoras da
ordem constitucional.
Extremistas
Vivemos hoje em um mundo onde
as relações sociais são cada vez mais pautadas por posições políticas
extremadas. Sabemos que tais posicionamentos, sejam à direita ou à esquerda,
nos oferecem um sentido para nossas vidas – ainda que, tal qual faz a religião,
não dialoguem exatamente com a realidade.
É difícil afirmar se a
dificuldade em questionar é fruto do radicalismo, ou o contrário: se o
radicalismo político nasce da baixa capacidade ‘metacognitiva’. O resultado,
porém, sugere ser possível ajudar as pessoas a desenvolverem melhor essa capacidade
– e, assim, quem sabe, também conviverem melhor com opiniões divergentes, sejam
à esquerda, sejam à direita.
Fonte: Me. Cláudio Fernandes | Brasil Escola, WP, Dvs
(JA, Jun20)