Qual o meu significado como Ser Humano?
Qual o meu propósito interior? E este
está em sintonia com o exterior que me rodeia?
O questionamento sobre o
sentido da vida surgiu em todas as religiões, em todas as culturas, em todos os
continentes. Pensadores, filósofos, artistas sempre buscaram respostas para o
que é oculto. Na adolescência estas questões existenciais são comuns entre os
jovens, mas parecem diluir-se ao longo da vida adulta, para depois, em alguns
casos, ressurgir na velhice!
Todos os dias me
autoquestiono e as respostas vão sofrendo alterações evolutivas ou involutivas,
às vezes nem sei bem! Hoje, cheguei a outra pseudoconclusão: a integração do SER é mais importante e mais fácil do que o FAZER. Mas o sentido de vida altera-se perante
cada ciclo.
O psiquiatra Flávio Gikovate
diz que a vida não tem sentido nenhum, mas não é proibido dar-lhe algum,
através de um projeto pessoal e individual. Urge então que este projeto seja a
fusão entre a ciência funcionalista que responda ao COMO,
e, a filosofia, a arte e a espiritualidade, que responda ao PORQUÊ ! São polos opostos complementares,
ambos necessários, mas de formas diferentes e em tempos intercalados.
Vamos imaginar uma ilha que
simboliza o SER conhecido, mas está rodeada de mar que simboliza o SER
desconhecido. Logo o conhecimento é sempre incompleto e a busca de mais
conhecimento é infinita, porque nada nos trás um equilíbrio definitivo, apenas
temporário na escalada da evolução.
Quanto mais nos relacionamos,
mais possibilidades se nos apresentam. Mas, objetivamente, é necessário
discernir o problema para procurar a solução fundamental. A passividade perante
o próprio muro/barreira requer observação consciente, porque, ‘tudo um dia será
nada, e esse nada, será o todo que toda a vida procuramos’ (Paulo de Tarso
Lima).
Liberdade é tomar consciência
e assumir a autoria da sua própria existência, através da matriz criativa, que
espalha beleza (= autoconhecimento), faz refletir, confronta, provoca
convulsões na vida para que a revelação surja no momento mais fugaz. Ser do
mesmo modo e fazer tudo de igual forma não é persistência é tacanhice mental,
porque o que nasce acabado são as máquinas, o ser humano evolui, e forma-se ao
longo da vida através das suas interações com o microcosmos e macrocosmos.
A beleza (= autoconhecimento)
existe para lutar contra a tragédia, assim, a felicidade é a possibilidade de
SER, e esta é original e única, sendo que a missão é procurar ter uma visão
verdadeira e bela de nos próprios.
Imaginemos que vamos passear
dentro de nós próprios, simbolicamente vamos subir a nossa montanha. O seu vale
é verde e florido, com ar puro e pássaros que cantam, mas quanto mais subimos
menos vegetação temos, e o ar é mais rarefeito, mas o angulo de visão é cada
vez maior. Quanto mais evoluímos, mais temos de nos esforçar porque temos uma
visão maior, à qual corresponde maior responsabilidade.
O grande catalisador do Homem
são as situações de ‘crise’, quando tudo cai e fica só a substância pura e
realmente essencial. A causa do sofrimento é a ignorância, e a solução é a
liberdade do autoconhecimento. A tristeza e a solidão, de que todos fogem, ou
pelo menos tem dificuldade em conviver, são a ajuda interior tão esperada, que
proporciona o luto para depois renascer. Afinal, o que estou a fazer da minha
vida enquanto a morte não chega?
“O que interessa é o querer
saber, e não o saber tudo. Isso não existe!”
Fonte: Margarida Seco de Oliveira, Psicóloga clínica, | Psicologia
(JA, Abr19)