Bem-humorado, foi um dos fundadores de
escola de administração em SP
Claude Machline nasceu no Rio de Janeiro
em 1922 e passou a maior parte da infância em Paris
Claude Machline comemora aniversário, dezembro de 2018 |
Um professor bem-humorado,
inspirador e humilde. Esses foram alguns dos adjetivos usados por ex-alunos e
colegas para descrever o engenheiro Claude Machline, um dos fundadores da
Escola de Administração de Empresas da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Nascido no Rio de Janeiro em
1922, passou a maior parte da infância em Paris. A mãe era francesa e o pai,
ucraniano. Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial (1939-45), a família
retornou para o Brasil.
Autodidata, aprendeu
português na viagem de navio para a América, lendo livros. Já sabia alemão, por
causa de uma babá, e francês. Mais tarde, aprendeu a falar inglês.
Formou-se engenheiro químico
pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e fez mestrado e doutorado
nas universidades americanas Michigan State e Stanford.
O senso de humor era sua
marca registrada. Era tão brincalhão que incentivou a única filha, Vera
Cecília, a se dedicar a estudos sobre o riso —formada em letras, desenvolveu
trabalhos sobre teoria do humor. Ele dizia que o riso era ‘um dos assuntos mais
complexos que existem’.
Era espontâneo, mas metódico,
e um ótimo detector de erros, diz a filha. Fazia questão de corrigir cada
vírgula e acento errado em trabalhos de alunos. Também era rigoroso com
horários.
Adorava cinema, literatura
francesa, álcool gel, mostarda e arroz doce. Viajava sempre que podia com a
filha. Conheceram Turquia, Grécia, Itália, Áustria, EUA.
Eu era aluno dele na FGV. Na
época trabalhava como analista organizacional administrativo numa multinacional
alemã, e tinha a pretensão de implantar na área de produção da fábrica algumas
das técnicas que tive oportunidade de aprender e a desenvolver na área
administrativa. Ele ouviu minhas ideias e, humilde e simpaticamente, se
interessou. Organizei uma visita dele à fábrica. Visitamos a linha de produção, almoxarifados,
etc. Ele quis saber de tudo um pouco – os sistemas, processos, controles, etc. Em
seguida, participou de um almoço comigo e o diretor da minha área.
Infelizmente,
independentemente da assessoria muito gentil
e útil do Professor Machline, meu projeto não foi para
frente porque, na mesma época, chegou da Alemanha uma pessoa vinculada à área
de produção, com um projeto semelhante
ao que eu propunha, funcional - já testado na matriz, e, naturalmente, foi o
que foi considerado, implantado.
Anos mais tarde, o
reencontrei e ele se lembrou da passagem. Simpaticamente agradeceu muito a
oportunidade que teve então de conhecer mais
de perto o funcionamento produtivo de uma grande multinacional.
Já nos últimos dias de vida
brincava que tinha uma doença intratável: a velhice. Morreu em 27 de fevereiro,
aos 96 anos, em São Paulo, vítima de uma falência cardíaca. Foi enterrado com o
seu relógio de estimação.
No vídeo- login abaixo - Prof.
Dr. Claude Machline fala sobre a sua carreira na área de produção e operações. (Out12)
Fonte: FGV EAESP Pesquisa | Júlia
Zaremba, FSP
(JA, Abr19)