Em Passa Quatro, no sul
de Minas Gerais, a serra da Mantiqueira é o maior atrativo.
Erguida sobre um vale, a
cidade é a maior (16 mil habitantes) e a mais estruturada das oito que estão no
circuito turístico ‘Terras Altas da Mantiqueira’. A facilidade de acesso e a
proximidade com Rio e São Paulo fazem do lugar ponto de encontro de aventureiros
de final de semana.
A região é um chamariz
para alpinistas, pela concentração de picos acima de 2.600 metros. E também
para quem gosta de fazer trilhas e acampar na montanha. Não é preciso pagar
nada para ingressar nas montanhas. Mas a diária de um serviço de guia beira R$
100.
O passeio mais procurado
é a travessia da serra Fina. A trilha feita na formação rochosa liga Passa
Quatro à vizinha Itamonte (30 km). O circuito é considerado um dos mais
difíceis da região. A travessia completa leva quatro dias e exige boa estrutura
de acampamento para enfrentar a baixa temperatura à noite, além de bom
condicionamento físico por conta de subidas íngremes à beira de precipícios.
É preciso ter fôlego para
enfrentar o ar rarefeito. A trilha começa a 1.550 metros, na Toca do Lobo, e
atinge 2.797 metros, na Pedra da Mina.
A energia, porém, é
recarregada quando se avista uma cachoeira, flores multicoloridas e uma cortina
de nuvens que parece deslizar sobre as rochas. O passeio pode ser melhor
aproveitado entre abril e setembro.
Passa Quatro tem também
um circuito de cachoeiras. A mais conhecida é a Gomeira, que fica a três
quilômetros do centro da cidade. O lugar tem várias quedas d'água -a maior
delas atinge 40 metros de altura-, que servem para a prática de rapel.
Outra atração natural
está fincada no chão há mais de cem anos, e chama a atenção pelo tamanho. É o
ingazeiro, cuja copa tem 30 metros de diâmetro, e que não para de crescer. A
árvore tem a mesma anomalia genética do conhecido cajueiro de Piragi, na Grande
Natal (RN), considerado o maior do mundo.
A atmosfera do campo é
outro ponto alto de Passa Quatro. Lá, é possível fazer uma imersão pelo
cotidiano dos produtores rurais, como colher frutas do pé, preparar um almoço
no fogão a lenha e tirar leite de vaca.
Na fazenda centenária do
Quilombo, do casal Regina Ribeiro, 70, e Itúrbides Torres, 71, o serviço tem um
mimo a mais. Além de hospedar o turista (por R$ 65 a diária), Regina prepara um
café da tarde com alguns quitutes mineiros e toca piano para o visitante.
A cidade em si é um
charme só. Tem um conjunto de casarios preservados, erguidos no final do século
19. Um deles, onde nasceu o ex-ministro José Dirceu, já foi mais frequentado
por turistas.
Passa Quatro carrega uma
peculiaridade: ninguém paga pela água mineral que chega às torneiras. Passa
Quatro está sobre uma grande mina: são 28 bicas públicas.
Outra atração é a viagem
de Maria Fumaça (R$ 55, por pessoa) por dez quilômetros. A estrada de ferro
inaugurada por D. Pedro 2º leva o turista do centro até os altos da serra da
Mantiqueira.
O passeio ocorre apenas
aos finais de semana e termina em um túnel, na divisa com São Paulo, lugar que
foi cenário de um confronto durante a Revolução Constitucionalista de 1932.
Texto: do jornalista Dhiego Maia que viajou a convite do
Mira Serra Parque Hotel
Passa Quatro tem um significado especial para mim porque é lá, na Pousada do Verde, do Paulo Brito, que ocorre o encontro anual dos meus amigos, ex-alunos do Colégio Anchieta, de Nova Friburgo-RJ.
(JA, Abr17)