Uma boa história, contada
por um escritor alemão moderno, ajuda a imaginar o que seria a vida eterna,
mais do que todas as tentativas racionais de explicação.
Em um mosteiro medieval
moravam dois monges ligados entre si por profunda amizade espiritual. Um se
chamava Rufus e o outro Rufinus. Em todo o seu tempo livre a única coisa que
faziam era tentar imaginar e descrever como seria a vida eterna, na Jerusalém
celeste. Rufus que era um mestre-de-obras imaginava-a como uma cidade com
portas de ouro, cravejada de pedras preciosas; Rufinus que era organista, como
toda ressoante de celestes melodias.
No final, fizeram um
pacto: qualquer um deles que tivesse morrido primeiro deveria voltar na noite
seguinte, para garantir ao amigo que as coisas eram assim como eles haviam
imaginado. Teria sido suficiente uma palavra. Se fosse como eles tinham
pensado, se deveria dizer simplesmente: Taliter!, ou seja, isso mesmo!; mas se fosse
de outra forma –o que eles achavam completamente impossível-, deveria dizer: Aliter! - diferente!
Uma noite, enquanto
estava no órgão, o coração de Rufino parou. O amigo velou ansiosamente toda a
noite, mas nada; esperou em vigílias e jejuns por semanas e meses, e nada.
Finalmente, no
aniversário da sua morte, eis que, à noite, em um halo de luz, entra na sua
cela o amigo. Vendo que silencia, é ele que lhe pergunta, confiante na resposta
afirmativa: Taliter? É tão verdade?
Mas o amigo balança a
cabeça em sinal negativo. Em desespero, grita: Aliter? É diferente? Mais uma vez um sinal
negativo da cabeça.
E, finalmente, dos lábios
fechados do amigo, em um instante, saem duas palavras: Totaliter Aliter: Totalmente diferente!
Rufus entende em um flash,
que o céu é infinitamente mais do que eles tinham imaginado, que não pode ser
descrito. E, logo depois morre também ele, pelo desejo de alcançá-lo.
À propósito, São Simeão,
o Novo Teólogo, um dos santos mais amados na Igreja Ortodoxa, teve uma visão um
dia. Estava certo de ter contemplado
Deus em pessoa e, com a certeza de que não poderia haver nada maior e mais
radioso do que tinha visto. Então, ele disse: ‘Se o céu é isso, me basta!’~
O Senhor lhe respondeu: ‘Es
realmente bem mesquinho, se te contentas com estes bens, em relação aos bens
futuros. Estes, são como um céu pintado no papel, em comparação com o céu real’.
“As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.” 1 Coríntios 2:9
(JA, Abr17)