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Lembranças




Passamos a vida toda colecionando lembranças, muitas vezes inconscientemente. Cada uma carrega uma carga de energia própria que, quando ativada, por isso ou por aquilo, nos faz sentir o que sentimos naquela época, quando vivemos aquele momento. Isso só não ocorre se a lembrança tiver sido corrompida posteriormente por uma outra. Outra que pode ter tido o poder de potencializar a lembrança original, ou pelo contrário, pode tê-la minimizado, até tê-la transformado de positiva em negativa, ou vice-versa.
Conforme vamos envelhecendo, nossa vida social é menos intensa, nossos relacionamentos vão escasseando, passamos ter mais tempo disponível, e passamos a valorizar mais as boas lembranças que conseguimos preservar, bem como os seus protagonistas.
Todos nos lembramos dos bons momentos da nossa infância, do carinho recebido daquela tia especial, das viagens, dos colegas, das brincadeiras. Dos bons momentos da juventude, da vida adulta – escola, faculdade, empregos, relacionamentos,... Entretanto, algumas lembranças são tão especiais que têm o poder de preencher uma vida que, não fossem elas, poderia estar muito mais vazia, até sem sentido.
Marcos foi um desses casos. Com cerca de 80 anos vivia sozinho, numa boa casa, com condições de bancar suas despesas, assistido pelos filhos quando necessário. Ele não tinha disposição para mais nada, a não ser repetir sua rotina diária, não diferenciando um dia da semana do outro. Estava entrando numa depressão que poderia se tornar profunda, ameaçar a sua saúde.
O tempo passava e nada acontecia. Ele, aparentemente, apenas sobrevivia.  
Atualmente, quem tem a oportunidade de falar com Marcos não pode imaginar como era seu estado anterior. Ele se mostra sempre bem-disposto, ativo intelectualmente, a par das últimas notícias, bem articulado, humorado, alegre.
O que aconteceu? O que ocasionou essa mudança? 
Foi o seguinte. Há alguns anos atrás ele se recordou de um relacionamento que viveu no passado, que o marcou profundamente. Foram momentos surpreendentes que revelaram algo sobre o comportamento feminino que ele, apesar de já adulto, ainda desconhecia.  Foi uma experiência reveladora, marcante, importante para sua vida futura. Depois disso, Marcos passou a encarar seu dia a dia de uma maneira mais positiva, ficou mais seguro de si, e com maior capacidade para enfrentar seus desafios profissionais e pessoais. 
Oportunamente, o relacionamento se desfez, se perdeu no meio das demandas da vida, não teve condições de se manter. Talvez tenha sido melhor assim, porque o que ficou foram só as coisas boas, que merecem ser recordadas. Se o relacionamento tivesse evoluído, talvez essas coisas boas tivessem sucumbido face à rotina comum da vida a dois ou familiar, perdido aquele aspecto mágico, que mistura sonho e realidade.
Marcos resgatou essa lembrança, e foi ela que passou a lhe dar ânimo, força para viver,  enfrentar suas limitações, e ainda se sentir bem
Ele, quando tem oportunidade, se transporta de volta para aquele universo em que viveu no passado. Mentalmente ouve as falas, revê atitudes, locais, as emoções compartilhadas. Essas 'viagens' o recompõe, alimentam seu bom humor, sua alegria.
Sua família, amigos e conhecidos, o classificam como sendo uma pessoa do bem, equilibrada, boa companhia. E é assim que ele se sente agora.
Isso só aconteceu porque Marcos preservou, valorizou e resgatou uma boa e importante lembrança da sua vida. É ela que o incentiva, lhe dá ânimo e confiança para superar, conquistar o que antes parecia impossível.  Interessante notar que essa lembrança revivida, atualmente, tem um efeito muito semelhante ao que teve naquela época, quando vivenciou aqueles momentos. E, agora, como naquele tempo, ainda se sente capaz de aproveitar o tempo disponível, criar novas e boas memórias.  
Refletindo sobre sua história, Marcos concluiu que as lembranças, embora se refiram ao passado, elas não estão presas a ele. Elas podem fazer parte e determinar, tanto o presente quanto o futuro.
Portanto, não há erro nenhuma em se afirmar:

“Se as nossas lembranças estiverem vivas, nós estaremos também.”




(JA, Nov18)

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