A
Páscoa é uma das comemorações mais tradicionais do cristianismo e,
provavelmente, a mais importante dessa religião. Na Páscoa, também uma outra
tradição se popularizou bastante, e é um dos grandes símbolos da Páscoa
moderna: a de presentear alguém com ovos de chocolate. Essa prática é associada
com grandes símbolos da Páscoa que são os ovos, o chocolate, e o coelho. No
caso do ovo de Páscoa, qual é a origem desse símbolo, seu significado e sua relação
com a Páscoa comemorada por cristãos e judeus?
Significado do ovo de Páscoa
Primeiramente,
há o debate, por parte dos estudiosos, a respeito da origem da simbologia dos
ovos. Sabemos que o ovo era visto, em muitas culturas antigas, como um símbolo
de fertilidade, que representava o nascimento, e o ciclo da vida. Isso se
tornou perceptível, ao longo da história da humanidade, uma vez que diversos
povos, em determinadas ocasiões, presenteavam uns aos outros com ovos de
galinha.
Os
persas, por exemplo, durante o equinócio da primavera (no Hemisfério Norte), que ocorre, aproximadamente, na mesma época em que é comemorada a
Páscoa por judeus e cristãos, realizavam uma celebração conhecida como Noruz. O
Noruz consistia, basicamente, em uma celebração do ano novo para os persas,
enquanto praticantes do zoroastrismo. Acontece que, durante a refeição que
celebrava esse período, ovos coloridos eram colocados sobre a mesa de jantar e,
em seguida, eram cozinhados e consumidos.
Na
mitologia chinesa, também existem contos de criação do Universo que falam que o
seu surgimento se deu por meio da quebra de um ovo, originando um deus chamado
Pan Ku.
Os
romanos afirmavam que o Universo possuía forma oval, e até mesmo na Idade Média
havia pessoas que acreditavam que o surgimento do mundo teria relação com um
ovo.
Além
da cultura do Oriente Médio e da Ásia, existiam algumas culturas da Europa,
cujas crenças também possuíam algumas associações com ovos. No Norte da Europa,
alguns povos cultuavam uma deusa chamada Eostre, também conhecida como Ostara,
e algumas teorias a respeito falam que o culto a ela tinha algum tipo de
conexão com ovos, coelhos e lebres. Eostre era uma deusa da fertilidade (assim como o coelho e o ovo eram considerados
símbolos da fertilidade).
Ovo de Páscoa e o cristianismo
A
associação do ovo não se dá apenas com as culturas pagãs, pois existem
histórias e lendas cristãs que associam o coelho, e também o ovo, com o
cristianismo, e muitos acreditam que essas lendas podem explicar o porquê do
hábito de presentear as pessoas com ovos se tornou tão comum.
A primeira
lenda se refere à tradição da Igreja Ortodoxa Grega. Essa lenda fala que,
depois da crucificação e ressurreição de Cristo, Maria Madalena teria ido para
Roma, a fim contar ao imperador romano sobre a ressurreição de Cristo. Chegando
lá, a reação do imperador foi a de apontar para os ovos que estavam na mão de
Maria Madalena e dizer: ‘sim, e esses ovos são vermelhos’. A lenda diz que,
repentinamente, os ovos se tornaram vermelhos, o que permitiu que Maria
Madalena pudesse pregar para o imperador. Muitos acreditam que o hábito de
decorar ovos pode ter surgido daí. Outra lenda, relacionada ao coelho, fala que
esse animal foi o primeiro ser vivo a presenciar a ressurreição de Jesus
Cristo.
Outra
associação do ovo com o cristianismo faz menção ao papa Júlio III (1550-1555).
Durante seu pontificado, o papa teria proibido os cristãos de consumirem ovos
durante a Quaresma. Essa proibição fazia com que uma grande quantidade de ovos
fosse acumulada, e as pessoas, para não os desperdiçar, acabavam por enfeitá-los
para presentearem outras pessoas.
Quando os ovos começaram a ser enfeitados?
Essa
é uma pergunta que os historiadores não sabem responder, pois não existem
evidências que nos ajudem a sustentar o momento preciso de quando os ovos
começaram a ser enfeitados, e de quando esse hábito começou a ser associado com
a Páscoa. No entanto, algumas informações podem ajudar, fornecendo-nos um
caminho.
Conforme
mencionado, os persas, durante o Noruz, que acontecia no equinócio de primavera
(próximo da data que comemoramos a
Páscoa), enfeitavam os ovos antes de os consumir.
Os
povos que habitavam a Ucrânia, antes da chegada do cristianismo, também
costumavam enfeitar ovos, e faziam isso em homenagem a um deus chamado Dazbog.
Esse deus está presente na mitologia eslava.
Outros
relatos contam que na região da Alemanha, durante o século 16, documentos
escritos falavam que crianças bem-comportadas ganhariam ovos coloridos e
enfeitados. Acredita-se, inclusive, que foram os imigrantes germânicos que
levaram o hábito de enfeitar ovos para os Estados Unidos, local a partir do
qual a Páscoa, e suas associações com o ovo, o chocolate, e o coelho se espalharam
para o mundo.
Existem
também indícios que mostram a prática de enfeitar os ovos para presentear
outras pessoas em outras partes do continente europeu, como na Áustria e na
Armênia. Na primeira, os ovos eram pintados de verde, durante a Quinta-feira
Santa, o dia da Última Ceia; e na segunda, o ovo era enfeitado com imagens de
Jesus.
Com
a disseminação da prática de enfeitar ovos de Páscoa para dar como presente,
uma dinastia europeia passou a produzir ovos de Páscoa extremamente luxuosos.
Esses eram os ovos de Páscoa da família Romanov, também conhecidos como ovos Fabergé. Essa cultura dos Romanov começou com o czar Alexandre III, que contratou o joalheiro Peter C. Fabergé para produzir um ovo luxuoso, a fim de presentear sua esposa. O presente ficou famoso entre os Romanov, que passaram a realizar novas encomendas para o joalheiro francês.
Quando surgiram os ovos de chocolate?
O
chocolate é uma invenção dos povos mesoamericanos (como os olmecas e os maias), e esse alimento chegou à Europa por intermédio dos
espanhóis, que conquistaram e colonizaram a região que era habitada por esses
povos.
Os
ovos de chocolate, por sua vez, surgiram no século 18, quando
confeiteiros franceses resolveram esvaziar os ovos, e preenchê-los com
chocolate.
A prática de preencher os ovos com chocolate prosseguiu, mas, durante o século 19 e começo do 20, os ovos de chocolate eram caríssimos e, portanto, alimento que poucos podiam consumir. Esse modo de produção foi sendo espalhado e, por fim, o ovo de chocolate se tornou um dos grandes símbolos da Páscoa moderna.
Fonte: Mundo Educação
(JA, Abr25)